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Foto do escritorPedro Junceiro

Alarme: vendas de elétricos na UE "travam" 44% em agosto

Atualizado: 24 de set.

Os dados mais recentes da Associação Europeia de Construtores Automóveis (ACEA) revelam que as vendas de automóveis elétricos na União Europeia sofreram uma queda retumbante de 43,9% em agosto, comparativamente ao mesmo período do ano passado. No geral, o mês trouxe uma queda de 18,3% nas matrículas.



O mercado automóvel europeu revela sinais preocupantes, com os principais mercados a registarem em agosto quedas significativas nas vendas em comparação com o mesmo mês do ano passado: na Alemanha, a quebra foi de 27,8%, em França de 24,3%, em Itália de 13,4% e em Espanha de 6,5%, tendo sido este o único dos “big-4” a não apresentar uma descida de dois dígitos. 

 

Ainda assim, segundo os dados da ACEA, nos oito meses de 2024 os registos de automóveis novos na União Europeia revelam um ligeiro aumento, de 1,4%, para 7.180.492 unidades, valendo-se em grande parte dos crescimentos em Espanha (4,5%) e em Itália (3,8%), compensando as perdas de França (-0,5%) e Alemanha (-0,3%).



Porém, numa fase em que os reguladores europeus pedem mais mobilidade elétrica, a resposta do mercado está a ir num sentido oposto. As matrículas de veículos 100% elétricos (BEV) desceu 43,9% para 92.627 unidades em agosto de 2024, comparativamente com os 165.204 elétricos registados no mesmo período no ano passado. A motivar este resultado estão as perdas nos mercados de Alemanha (-68,8%) e França (-33,1%).

 

Portugal também acompanhou essa tendência, com uma queda de 19% nas vendas em agosto, com 2484 BEV matriculados, face aos 3068 do ano passado.

 

De janeiro a agosto, matricularam-se 902.011 BEV novos (-8,3% do que no mesmo período de 2023), representando 12,6% do mercado. Neste indicador, Portugal tem uma prestação mais risonha, com um aumento de 9,5% nas matrículas, passando de 22.839 para 25.015 neste ano.



PHEV e HEV com posturas opostas 

Mas as perdas europeias entre os BEV não foi compensada com o segmento dos híbridos “plug-in” (PHEV), que caiu 22,3% em agosto, de 58.660 em agosto de 2023 para 45.590 unidades no mesmo mês deste ano. De janeiro a agosto, a queda foi de 5,0%, com um total de 501.266 unidades registadas.

 

Os híbridos (HEV) foram os únicos que registaram ganhos em agosto, crescendo 6,6% para 201.552 unidades, alimentados por ganhos em três dos quatro principais mercados (Espanha, França e Itália). A quota de mercado dos HEV em agosto na UE passou para os 31,3% em comparação com os 24% de agosto de 2023.

ACEA quer revisão antecipada das metas de CO2  

Atendendo a este cenário de resfriamento acentuado em torno das vendas de elétricos na União Europeia, a ACEA diz que esta tendência “envia um sinal extremamente preocupante à indústria e aos reguladores”. Ainda segundo esta associação, pede-se à UE a tomada de medidas de alívio urgentes antes que os novos objetivos de emissões de CO2 entrem em vigor em 2025. Adicionalmente, pedem também que as revisões das medidas de CO2 para os veículos ligeiros e pesados sejam antecipadas de 2026 e de 2027, respetivamente, para 2025. 

 

“A indústria automóvel europeia apoia o Acordo de Paris e os objetivos da UE para 2050 em matéria de descarbonização dos transportes e investiu milhares de milhões na eletrificação para colocar os veículos no mercado. Atualmente, a tecnologia automóvel e a disponibilidade de veículos com emissões zero não são obstáculos. Estamos a desempenhar o nosso papel nesta transição, mas, infelizmente, os outros elementos necessários para esta mudança sistémica não estão presentes. Um fator agravante é a rápida erosão da competitividade da UE, tal como confirmado no relatório Draghi”, lê-se em comunicado emitido pela ACEA.



“Faltam-nos condições cruciais para alcançar o impulso necessário na produção e adoção de veículos com emissões zero: infraestruturas de carregamento e de reabastecimento de hidrogénio, bem como um ambiente de produção competitivo, energia verde a preços acessíveis, incentivos fiscais e de compra e um abastecimento seguro de matérias-primas, hidrogénio e baterias. O crescimento económico, a aceitação dos consumidores e a confiança nas infraestruturas também não se desenvolveram suficientemente”, acrescenta a associação automóvel, lembrando ainda que há uma preocupação cada vez maior quanto ao “cumprimento dos objetivos de redução das emissões de CO2 para 2025 para automóveis e carrinhas”.


“As regras atuais não têm em conta a profunda alteração do clima geopolítico e económico nos últimos anos"

 

“As regras atuais não têm em conta a profunda alteração do clima geopolítico e económico nos últimos anos e a incapacidade inerente da legislação para se ajustar à evolução do mundo real prejudica ainda mais a competitividade do setor. Esta situação levanta a perspetiva assustadora de multas de vários milhares de milhões de euros [para os construtores], que poderiam ser investidos na transição para as emissões zero, ou cortes desnecessários na produção, perda de postos de trabalho e enfraquecimento da cadeia de abastecimento e de valor europeia, numa altura em que enfrentamos uma concorrência feroz de outras regiões produtoras de automóveis”.

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