Audi reage a 2024 negativo
- Pedro Junceiro
- 19 de mar.
- 3 min de leitura
Menos automóveis vendidos e, por isso, menos receitas. Assim foi o 2024 da Audi. Os responsáveis da marca explicam que “as condições de mercado desafiantes” originaram resultados aquém das expectativas num ano de transição, pois a gama passa por processo de rejuvenescimento. Esperam-se, também, cortes no pessoal, confirmando-se a eliminação de 7500 postos de trabalho na Alemanha até 2029.

O Grupo Audi anunciou os seus dados financeiros e comerciais relativos a 2024, revelando valores inferiores de entregas, de receitas e de lucros operacionais em comparação com 2023. A companhia alemã cita “condições de mercado desafiantes” para justificar os números do ano anterior e aponta como caminhos para inverter a situação a redução de postos de trabalho até ao final de década, a revisão de toda a sua gama e a manutenção de versões a combustão consoante o mercado.
Apesar de tudo, o Grupo Audi (composto pelas marcas Audi, Bentley, Lamborghini e Ducati) afirma que teve “um desempenho sólido no ano fiscal de 2024, apesar das condições de mercado desafiantes”, com 64.5 mil milhões de euros de receita (-7,6% face a 2023), o que é explicado pelo declínio nas entregas (1.692,548 unidades em 2024 contra 1.692.548 unidades em 2023), mas também pela renovação em curso da gama, traduzindo as mudanças de geração de vários modelos. O número de veículos da marca Audi vendidos em 2024, caiu 11,8%, para 1.671,218 unidades, incluindo-se aqui 164.480 automóveis elétricos (-7,8%).

O lucro operacional atingiu 3.9 mil milhões de euros (6.3 mil milhões de euros em 2023) e a margem operacional foi de 6% (9% em 2023). O fluxo de caixa líquido chegou aos 3,1 mil milhões de euros (era de 4,7 mil milhões de euros em 2023).
A Audi espera que 2025 seja igualmente difícil, num ambiente que continuará a ser volátil e desafiante. A empresa antecipa um crescimento da economia global ligeiramente inferior ao de 2024, o que se traduz numa expectativa de receita entre 67.5 e 72.5 mil milhões de euros para o ano fiscal de 2025. A margem operacional deverá situar-se entre 7% e 9%, enquanto o fluxo de caixa líquido estará na ordem dos 3 a 4 mil milhões de euros.
“As mudanças económicas globais e a intensificação da concorrência internacional estão a colocar grandes desafios à Audi e à indústria como um todo. Enfrentamos esta realidade com a coragem de explorar novos caminhos e com confiança nas nossas forças tradicionais”, afirma Gernot Döllner, administrador delegado da Audi.

Gama rejuvenescida em 2025
Para 2025, como forma de reverter a situação, a Audi promete um impulso de renovação modelo a modelo, prometendo, até ao final do ano, ter o portefólio mais jovem de modelos nos seus segmentos de mercado, entre elétricos, híbridos “plug-in” e veículos com uma “nova geração de motores de combustão altamente eficientes”.
Foco na renovação de duas gamas importantes: A6 e Q3
O foco para 2025 está na renovação de duas gamas importantes: A6 e Q3, este último com revelação prevista para o verão de 2025. Na sena dos A3 Sportback TFSIe e do A3 allstreet TFSIe, a marca irá lançar dez novos modelos híbridos “plug-in” até ao final deste ano.
Além disso, a Audi está a dar “especial atenção” ao posicionamento nos mercados estratégicos da China e da América do Norte, aqui tendo como desafio adicional a expectativa em torno das tarifas aduaneiras propostas pelo Presidente americano Donald Trump, atendendo ao facto de a Audi não ter qualquer fábrica naquele país (tem uma no México, em San Luis Potosí).

Para as suas fábricas alemãs de Neckarsulm e Ingolstadt, a Audi planeia investir cerca de oito mil milhões de euros até 2029. Em Ingolstadt, será produzido outro modelo elétrico no segmento de entrada de gama. Além disso, o próximo Audi Q3 será produzido em paralelo com a fábrica húngara de Győr. Já em Neckarsulm, o ecossistema local será usado para fortalecer a experiência da Audi no campo da inteligência artificial e continuar a desenvolver a arquitetura eletrónica dos veículos com motor de combustão, aumentando a sua competitividade. Além disso, está a ser analisada a possibilidade de produzir um modelo adicional em Neckarsulm no futuro. Para o efeito, a Audi está a criar um “fundo de futuro” no valor de 250 milhões de euros.

Revisão laboral
Anunciando um acordo conjunto entre o Conselho de Administração da Audi e o comité de empresa para preparar o futuro e incrementar a competitividade dos centros de produção na Alemanha, tanto em Ingolstadt, como em Neckarsulm, a companhia revelou o prolongamento do plano de proteção do emprego até 31 de dezembro de 2033.
Porém, note-se que a Audi anunciou na segunda-feira uma redução de cerca de 7.500 funcionários nas áreas de administração e desenvolvimento, numa medida que visa reduzir a burocracia e reduzir as despesas com o pessoal em mais de mil milhões de euros por ano a médio prazo.
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