Profundamente melhorado pela BYD em muitos aspetos, o Tang com sete lugares e tração integral ambiciona impor-se entre os SUV elétricos. Na lista de novidades, bateria LFP com 108,8 kWh de capacidade, o que permite reivindicar até 530 km de autonomia (WLTP).
Procurando reforçar o seu posicionamento na Europa, a BYD renovou o Tang de forma muito profunda, com os esforços da marca chinesa a incidirem, sobretudo, em aspetos técnicos e tecnológicos, em linha com a ambição de expansão desta fabricante chinesa. Sendo um dos modelos de lançamento da BYD em Portugal, em maio de 2023, o Tang teve o condão de ser um dos poucos modelos elétricos de sete lugares no mercado, situação que se tem a alterar nos últimos meses com a chegada de novos concorrentes, como o Tesla Model Y (7 lugares) ou o Peugeot E-5008.
A maior construtora mundial de veículos de novas energias (NEV), combinando 100% elétricos e híbridos, promove assim uma revisão muito completa deste seu Sport Utility Vehicle (SUV), reforçando a sua funcionalidade familiar, mas também o lado da eficiência, um aspeto fundamental dos modelos elétricos.
Até aqui, o peso comercial do Tang nas vendas da BYD – que em 2024 espera chegar às 3000 matrículas em Portugal – tem sido reduzido, com os responsáveis pela importação da marca a apontarem cerca de 40 unidades vendidas, embora reconheçam também que este é um “nicho de mercado” muito orientado para as vendas a empresas.
Com dimensões bastante generosas (4970 mm de comprimento, 1955 mm de largura,
1745 mm de altura e 2820 mm de distância entre eixos), o Tang posiciona-se acima do Seal U, mantendo uma identidade facilmente identificável. A estética diferencia-se, sobretudo, pela nova linguagem de design “Dragon Face” da BYD, que lhe confere uma aparência altamente contemporânea, proporcionada pelos esforços de Wolfgang Egger, diretor de design da marca.
A frente apresenta novos faróis Full LED, com o logótipo em posição central sob a lâmina metalizada, ao passo que a traseira recebe farolins traseiros tridimensionais novos, os quais reforçam a sensação de largura. Além disso, os vidros traseiros passam a ser escurecidos de série, com as barras de tejadilho integradas de série. As jantes podem agora ser de 21 polegadas, com efeito aerodinâmico e combinação de duas cores, surgindo associadas a pneus Michelin Pilot Sport 4 de 21 polegadas de série.
Mexidas a bordo
A bordo, três filas de bancos que oferecem modularidade avançada, já que os bancos da terceira fila podem ser escondidos individualmente no piso da bagageira, enquanto o banco da segunda fila está dividido em duas partes e pode ser rebatido numa configuração de 60:40. Além disso, o banco da segunda fila também pode ser ajustado longitudinalmente (além de ajustar o ângulo de reclinação), de forma a permitir a melhoria da habitabilidade dos ocupantes da terceira fila. Quanto aos dois lugares da última fila escamoteável, vale a pena notar que o espaço é adequado até mesmo para adultos. Já o acesso e saída dessa terceira fila são ações que exigem um nível superior de elasticidade.
A capacidade da bagageira também varia consoante a organização do habitáculo: 235 litros com sete lugares, 940 litros com cinco lugares e 1655 litros com as duas últimas filas rebatidas, criando também espaço para objetos mais compridos, como pranchas de “snowboard”.
No habitáculo, o Tang passa a ter volante em pele aquecido, bancos e revestimentos do tablier em pele Nappa de estilo diamante (com duas cores – preto e castanho), banco do condutor com ajuste elétrico, memória, aquecimento e ventilação, iluminação ambiente LED de 31 tonalidades, painel de instrumentos personalizável de 12,3 polegadas (incluindo agora informações diretamente replicadas dos sistemas Apple CarPlay e Android Auto) e sistema “head-up display” para o condutor. A juntar a tudo isto, o Tang estreia sistema de infoentretenimento mais recente e conectado e novo ecrã rotativo de 15,6 polegadas montado no centro do tablier. Com ligação 4G de série, integra aplicações como o Spotify e navegação Here.
O sistema pode ser acionado por um comando inteligente de voz, através da frase “Hi BYD”, com que é possível ajustar as definições do ar condicionado e gerir os modos de condução, entre outras operações em linguagem natural. Os passageiros da segunda fila de bancos podem ajustar o ar condicionado através de um painel de controlo LCD. Na conectividade, o Tang oferece novas funcionalidades através da aplicação da marca, a qual permite, entre outras funções, trancar e destrancar as portas, abrir e fechar as janelas e ativar o ar condicionado remotamente.
Outros argumentos do Tang são o teto de abrir panorâmico de série (com cobertura elétrica), várias portas USB-C, carregamento sem fios para smartphones (potência até 50 W) e sistema de som Dynaudio de 12 altifalantes.
Bateria LFP de grande capacidade
Nesta renovação, o Tang apresenta algumas evoluções importantes, a maior das quais a da bateria, denominada oficialmente “Blade battery”, desenvolvida internamente pela marca e com um cátodo de fosfato de ferro-lítio (LFP) e 24 módulos individuais de células arrefecidas por líquido. De acordo com a BYD, esta configuração permite incrementar a durabilidade, o desempenho de carregamento e a estabilidade térmica em condições climáticas e operacionais variáveis.
Esta bateria, com uma capacidade de 108,8 kWh (em vez dos anteriores 86,4 kWh), está alojada numa estrutura alveolar de alumínio resistente a choques e tem conceção por lâminas (daí a denominação “blade”), fazendo parte integrante da estrutura da carroçaria para maior proteção em casos de acidente. Esta bateria autoriza autonomia até 530 km em ciclo combinado WLTP e até 681,5 km em ciclo urbano. Anteriormente, o Tang tinha uma autonomia combinada de 400 km.
Tração integral inteligente
Com tração integral inteligente (graças a um conjunto avançado de sensores que monitoriza os níveis de tração), este Tang debita um total de 517 cv (380 kW) de potência e 700 Nm de binário, com o motor elétrico dianteiro a debitar 180 kW e o traseiro 200 kW. A aceleração dos 0 aos 100 km/h cumpre-se em 4,9 segundos.
Ainda no capítulo técnico destaque para a suspensão dianteira MacPherson e traseira multi-link, com amortecimento adaptativo (embora não tenha suspensão pneumática) gerido pelo Controlo Inteligente de Amortecimento DiSus-C, afinado especificamente para as condições das estradas europeias e capaz de variar o amortecimento com base em parâmetros como o modo de condução, o ângulo de direção, a posição do pedal do acelerador e a velocidade. Existem quatro modos de condução diferentes – “Sport”, “Normal”, “Eco” e “Snow”. O sistema de travagem foi também melhorado com pinças de travão Brembo à frente e discos perfurados nos dois eixos, juntamente com o sistema Bosch Hydraulic Brake Assist (HBA), com várias funcionalidades de auxílio à travagem.
Face ao anterior modelo, passa a estar equipado de série com um carregador de bordo de 11 kW para postos AC (não está previsto um carregador de 22 kW), ao passo que a potência máxima de carregamento em postos DC passa a ser de 170 kW, demorando pouco menos de 46 minutos a passar de 10 a 80% do estado de carga da bateria. Adicionalmente, a função V2L (“Vehicle-to-Load”) permite-lhe servir de “powerbank” de grande capacidade, alimentando ferramentas elétricas e equipamento de campismo, com uma potência até 4 kW. Ainda no capítulo da eficiência, a bomba de calor de série permite reduzir substancialmente a dependência da climatização em relação à bateria.
A função V2L (“Vehicle-to-Load”) permite-lhe servir de “powerbank” de grande capacidade
A BYD aponta ainda argumentos como a rigidez da estrutura da carroçaria em aço de alta resistência, o reforço do isolamento acústico, incluindo vidro acústico de série no para-brisas e nas janelas dianteiras e a vasta gama de assistentes de condução, como o assistente semiautónomo de Nível 2, o qual recorre a 18 sensores (oito radares ultra-sónicos, cinco radares de ondas milimétricas, quatro câmaras de visão circundante e uma câmara de alta perceção montada no para-brisas).
A pensar nas empresas
Falando sobre o novo Tang, Pedro Cordeiro, COO da BYD Portugal, assume que este é um modelo de “nicho e claramente direcionado para as empresas, que foram e que deverão continuar a ser o principal ‘target’ de vendas”. Porém, as melhorias amplas que foram operadas neste modelo tornam-no mais competitivo num mercado em que a concorrência começa a ser cada vez maior, sobretudo por parte dos fabricantes “premium”.
No caso da BYD, que se caracteriza como marca “premium acessível”, existe a expectativa de incrementar as vendas do Tang para um valor entre as 60 a 70 unidades por ano, com um preço estabelecido de 61.056€+IVA (ou 75.100€), tratando-se ainda de um modelo que paga Classe 1 nas portagens quando equipado de dispositivo Via Verde.
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