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Foto do escritorPedro Junceiro

Carlos Tavares e o “não à venda da Alfa Romeo em um segundo!”

Atualizado: 12 de abr.

Na apresentação do novo Milano, o diretor da Stellantis revelou abordagens para a compra de marca “joia” Alfa Romeo pouco depois da criação do consórcio automóvel. Português também deixou um voto de confiança a Itália e críticas às autoridades políticas



A confiança e a paixão da Stellantis por cada uma das suas 14 marcas permanece inalterada, de acordo com o diretor-geral da companhia, Carlos Tavares. O português marcou presença no evento de apresentação do Alfa Romeo Milano, que teve lugar, precisamente, em Milão, e reafirmou o seu compromisso para com o crescimento sustentado de cada marca, ao abrigo de um plano estratégico bem estabelecido para cada uma delas.

 

“Na Stellantis, não temos remorsos do facto de amarmos automóveis e marcas. Acreditamos que isto é a vida e, sendo absolutamente apaixonados pela liberdade de mobilidade, pela alegria e pela experiência que é trazida pelo automóvel, amamos automóveis e temos também total entusiasmo pela história das marcas. Aquilo que as marcas alcançaram, aquilo em que as marcas falharam, as pessoas que fundaram grandes tecnologias, as pessoas que venceram corridas, as pessoas que enfrentaram dramas e as pessoas que enfrentaram falências. Gostamos de marcas, porque é a história dos seres humanos”, referiu Tavares em frente a uma plateia de jornalistas e convidados.



Com 14 marcas no grupo Stellantis, o português recusa a ideia de que possa haver sobreposições e reforça que nenhuma delas está à venda, ao mesmo tempo que recordou um episódio logo no início do consórcio, quando lhe fizeram uma proposta para comprar a Alfa Romeo.


“Ainda me lembro quando, em janeiro de 2021, ao criarmos a Stellantis com este fantástico grupo de marcas icónicas - 14 marcas! –, alguns dos nossos rivais ocidentais pensarem: 'aqueles tipos vão ficar tontos, são demasiadas marcas, não vão ser capazes de gerir tantas marcas'. Surpreendentemente, tínhamos algumas pessoas dentro da empresa que diziam “senhor presidente, deve matar algumas marcas e, de fora da companhia, tínhamos algumas pessoas a bater à porta que diziam: 'Senhor Tavares, gostaria de nos vender a Alfa Romeo?'. Isto aconteceu e demorei menos de um segundo a responder. Está a brincar comigo?! A Alfa Romeo é, possivelmente, a maior joia que temos no nosso grupo de 14 marcas icónicas, por isso é claro que disse não”, contou Tavares.



“Surpreendentemente, ou não tão surpreendente, no ano passado, o mesmo aconteceu com uma marca da Stellantis, desta vez era uma companhia chinesa a bater à porta e a dizer 'gostaríamos que nos vendesse esta marca'. Não vou dizer qual. Mas era francesa. Eu respondi: é claro que não”, contou, entre risos.

“É a forma de dizermos que amamos marcas. Representam a história dos seres humanos na tentativa de proteção da alegria de viver, da alegria de desfrutarem da sua liberdade”

“Alfinetada” à política 

Tavares criticou, ainda, a abordagem negativa como a Stellantis está a ser seguida em Itália, negando informações sobre um eventual afastamento das marcas transalpinas. De forma perentória, o português sublinhou o compromisso com as empresas baseadas no país, onde “temos previsto mais de cinco mil milhões de euros em investimentos na construção de 15 modelos novos, uma gigafábrica de baterias em Termoli e duas plataformas novas, existindo mesmo um plano específico para cada fábrica. As pessoas criticam o que fazemos por tomarmos caminhos não convencionais. Temos uma visão e fazemos diferente. Sabemos para onde vamos e não vamos fazê-lo de forma convencional", disse. E terminou o discurso com um recado para os decisores políticos, que dividiu em três pontos:



“Número um: em Itália, sentimo-nos em casa. Dois: investimos massivamente e fazemos as coisas de forma não convencional. Três, e muito importante, os que namoram fabricantes chineses para convidá-los para Itália estão no mesmo caminho daqueles que venderam a Volvo à Geely e a MG a outra fabricante chinesa. E isto não vai acontecer com a Stellantis. Isto não vai acontecer com a alfa Romeo”, concluiu.

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