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Foto do escritorPedro Junceiro

Carros oriundos da China terão taxa adicional até 38,1%

A Comissão Europeia já informou os construtores automóveis que irá impor taxas adicionais que podem chegar aos 38,1% nos veículos importados a partir da China. A medida entrará em vigor a partir de julho.



Após uma investigação da Comissão Europeia aos apoios estatais concedidos pela China aos seus construtores, a decisão agora anunciada passa por aumentar as taxas até 38,1% para os modelos produzidos naquele país e importados para a Europa.


A taxa adicional varia consoante a marca, partido nos 17,4% para a BYD, passando pelos 20% para a Geely e terminando nos 38,1% para a SAIC, que é mais penalizada. Estes valores somam-se aos 10% já existentes.

 

O anúncio foi feito no contacto informativo obrigatório da Comissão Europeia a todos os visados na investigação, incluindo o Governo chinês, bem como as companhias em análise.


“A divulgação prévia não pode ser contestada enquanto tal. Apenas as empresas em causa podem apresentar observações factuais sobre os cálculos dos seus direitos individuais, que, se forem consideradas justificadas, serão tidas em conta no regulamento provisório a publicar até 4 de julho”, refere a Comissão Europeia no seu site.


A BYD passará a pagar uma taxa adicional de 17,4%

Esta medida da Comissão Europeia visa defender a indústria automóvel do Velho Continente daquilo que apelida de concorrência desleal por parte dos chineses, tendo encontrado na sua investigação provas de que o estado chinês ajudou os construtores locais na sua expansão através de subsídios. No mês passado, também os Estados Unidos da América (EUA) anunciaram a imposição de taxas adicionais sobre os automóveis provenientes da China, passando a ser de 100%.

 

Os construtores europeus têm visto a chegada das marcas chinesas como um desafio, mas têm sido bastante cautelosos no pedido de taxas adicionais para os novos rivais, temendo, nalguns casos, que a China estabeleça medidas retaliatórias para aquelas que têm presença no país asiático. Além disso, alguns dos fabricantes ocidentais também produzem automóveis na China, vendendo-os depois noutros mercados – a Tesla é um dos exemplos, bem como a BMW, não sendo casos únicos.

 

A aplicação destas taxas teve em conta a própria cooperação das companhias, com a taxa máxima de 38,1% a ser aplicada àquelas que foram consideradas pouco cooperantes para com a investigação da Comissão Europeia, a qual continuará até 2 de novembro, quando forem aplicadas taxas definitivas.

 

Para os outros produtores de veículos elétricos na China, que cooperaram com a investigação, mas que não foram incluídos na amostra, está reservada uma taxa adicional de 21%. Deixa, no entanto, para a Tesla a possibilidade de “receber uma taxa calculada individualmente no momento de implementação definitiva” após pedido “consubstanciado” da própria marca.



Resposta chinesa 

Com a Comissão Europeia a declarar a sua intenção de impor uma taxa extra sobre os carros provenientes da China, resta saber se as autoridades daquele país irão atuar em retaliação sobre produtos exportados da União Europeia. Recentemente, naquele que foi um primeiro dia da deterioração das relações comerciais entre os dois blocos, a China começou a investigar a exportação de brandy por parte da França. Mas já tem em vista o endurecimento também das suas taxas para produtos oriundos da UE e dos EUA, que também estão a ser visados.

 

Citado pela Reuters, o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, argumentou que “esta investigação anti-subsídios é um típico caso de protecionismo” e que as relações comerciais entre a China e a União Europeia sairão danificadas, bem como a própria cadeia de fornecimento de matérias-primas e componentes.



Soluções de recurso 

Para muitos dos construtores, uma das soluções passará pela transferência de produção para fábricas europeias, com a Volvo a estar, ao que tudo indica, a considerar a passagem da produção dos EX30 e EX90 para a Bélgica, enquanto algumas das fabricantes chinesas procuram também estabelecer o seu próprio espaço no continente europeu. A BYD, por exemplo, terá uma nova fábrica na Hungria, a partir da qual irá produzir automóveis destinados ao mercado europeu e, assim, evitar as consequências da imposição de taxas para o futuro.

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