Novo topo de gama da DS Automobiles, o Nº8 foi concebido ao “sabor” da aerodinâmica e da eficiência, recebendo mesmo o título de automóvel elétrico mais eficiente de todo o Grupo Stellantis. A autonomia elétrica pode chegar aos 750 km na versão de maior alcance. Mas um dos seus grandes focos de interesse é mesmo o “design”, totalmente novo.

É o novo modelo de estatuto da DS Automobiles! O DS Nº8 abre a “porta” para uma nova etapa em termos de denominações, com esta abordagem numérica a simplificar a gama ao mesmo tempo que reforça o vínculo aos mundos da moda, das coleções e do requinte. Com um desenho inovador talhado ao serviço da eficiência, o Nº8 inspira-se no DS Aero Sport Lounge Concept revelado há alguns anos, sendo importante notar que o desenvolvimento desse protótipo e do Nº8 decorreu ao mesmo tempo. Ou seja, duas “mesas de experimentação” para chegar a um objetivo de eficiência.
E esse objetivo foi traçado por, nada mais, nada menos, do que Carlos Tavares, anterior CEO da Stellantis: o português havia estabelecido como prioridade uma autonomia em torno dos 700 km, indicando ainda que o novo modelo da DS seria o seu futuro “carro de serviço”. Entretanto, Tavares pediu demissão e o “carro de serviço” terá de ficar para o sucessor, mas esse pedido desafiou os engenheiros da marca francesa a encontrarem novas soluções técnicas e estilísticas para incrementar a autonomia para os 750 km no melhor dos casos.

A base deste Nº8 é a plataforma STLA Medium da Stellantis, tendo sido adaptada ao longo dos últimos seis anos aos requisitos e necessidades da DS de forma a obter a tal meta de autonomia. Embora obrigando a mais gastos no desenvolvimento, o trabalho feito pela equipa de engenheiros traduziu-se num modelo que é 6 cm mais baixo na linha de tejadilho do que o Peugeot E-3008, produzido sobre a mesma plataforma. Aliás, toda a área superior do Nº8 é diferenciada, o que ajudou a obter o tal registo de 750 km de autonomia, fruto do desenvolvimento aerodinâmico.
750 km de autonomia, fruto da excelência aerodinâmica.
Assim, para ganhar o estatuto de automóvel mais eficiente da Stellantis, o DS Nº8 dispõe de soluções como entradas de ar controladas eletronicamente e posicionadas de forma mais saliente no para-choques, lâminas laterais dianteiras, jantes otimizadas, para-choques traseiro com lâminas laterais esculpidas, um pequeno spoiler integrado na bagageira e o fundo do veículo está totalmente coberto para assim direcionar o ar sem interrupções da dianteira para a traseira. O resultado de todo este esforço parcelado é de 70 km ganhos unicamente com recurso a soluções aerodinâmicas, com um coeficiente de arrasto de 0,24 Cd.
Desenho carismático
O desenho, considerado pela marca como “irreverente e carismático”, evoca a especificidade do “design” francês, com uma dianteira imponente em que vários elementos luminosos ajudam a cunhar a sua identidade. Desde logo, um painel com “barras” na dianteira, no local da grelha convencional, integrando o logótipo “DS” igualmente iluminado. Nas laterais do para-choques, ajudando a uma sensação de maior largura, há outra assinatura luminosa em “V”. A silhueta muito dinâmica, com linha de cintura ascendente e tejadilho inclinado a partir do pilar C, conferem uma aparência quase “fastback”, ao passo que a traseira é caracterizada pelo spoiler proeminente na tampa da bagageira e pelos elementos luminosos, uma vez mais: os farolins com grafismo 3D aliam-se aos rasgos verticais nas extremidades do para-choques.
Esteticamente, outro elemento que sobressai é a possibilidade de contar com o capot pintado em preto contrastante com o resto da carroçaria. A marca revela que recorreu a uma nova solução, a “Paintjet”, aplicada na própria fábrica. Quanto a medidas, o Nº8 apresenta-se com 4,82 m de comprimento, 1,90 m de largura e 1,58 m de altura, com distância entre eixos de 2,90 m. A distância ao solo é de 155 mm.

Interior de requinte
Se o exterior é destacado pela DS, o interior foi alvo de um aturado trabalho de desenvolvimento em termos de técnicas de apresentação, incitando ao requinte. A inspiração foi a da alta-costura e do mundo náutico, procurando oferecer uma “nova qualidade nas viagens” também com foco na luminosidade a bordo. Neste sentido, a marca aposta num conceito de luz de bem-estar (“oniric lighting”) que pode ser visto nas portas, tablier e consola central. Adicionalmente, o tejadilho panorâmico fixo permite “inundar” o habitáculo com luz diurna, com a marca a garantir uma elevada proteção térmica (idêntica à do Porsche Taycan). Ainda assim, para os países com temperaturas de verão mais altas, a DS Automobiles irá oferecer como opcional uma cobertura de tejadilho.
Passando para o tablier, o destaque é dado ao volante com braços em forma de “X”, inspirado nos concepts, ao passo que a posição de condução é elevada para “maior sensação de controlo”. O painel de instrumentos de 10,25 polegadas (mais baixo em 5 cm face ao do Peugeot 3008, por exemplo) apresenta grafismos variados e pode ser personalizado, ao passo que ao centro encontra-se um novo ecrã tátil de 16 polegadas com fundo em alumínio e face de vidro (400 mm de comprimento por 19 mm de altura), posicionado abaixo da linha de visão do tablier. Com um novo sistema de infoentretenimento, o DS Iris System 2.0, a área direita do ecrã é dedicada ao passageiro.

Abaixo do ecrã permanecem alguns comandos táteis de atalho, enquanto o túnel central de dois patamares tem área superior para o smartphone e novos botões físicos salientes para os modos de condução, por exemplo. O elemento mais relevante acaba por ser um aplicação gráfica efetuada a laser, simulando o efeito de uma viagem espacial, com iluminação, o que ajuda a destacar-se durante a condução noturna. O mesmo pode ser encontrado nas portas, com placas de alumínio perfuradas a laser na parte superior, atrás das quais se escondem os altifalantes do sistema de som.
Os bancos recebem novo tratamento com os ombros mais adelgaçados para melhorar a visibilidade a partir dos lugares posteriores, dispondo ainda de soluções como aquecimento, ventilação, aquecedor de pescoço e logótipo “DS” gravado. A marca francesa garante que a seleção dos materiais foi muito criteriosa, com a versão de topo dos bancos a ter um revestimento já conhecido em formato de bracelete. Neste aspeto, o Nº8 tem diferentes interiores em termos de materiais consoante a versão de equipamento selecionada.
Os bancos traseiros – que têm assento muito inclinado, obrigando a fletir muito os joelhos até porque o piso também é elevado – dispõem também de soluções de conforto absoluto, como ventilação e aquecimento. De resto, o interior procura também isolar os ocupantes do mundo exterior em termos de ruído, advogando uma tónica de serenidade – conta com vidros acústicos de série e bastante material de insonorização, incluindo nos pilares.
A bagageira é bastante generosa, com 620 litros de capacidade, ao passo que esta área conta ainda com espaço oculto para a arrumação dos cabos de carregamento.
Diferentes baterias
Totalmente elétrico, o DS Nº8 conta com diferentes opções de potência e de baterias. A entrada de gama faz-se com a versão base de tração dianteira e motor elétrico de 230 cv (260 cv em “boost”), assente na bateria de 74 kWh e com autonomia estimada de 572 km (consumo médio de 12,9 kWh/100 km). Esta versão, com 2130 kg de peso, acelera dos 0 aos 100 km/h em 7,7 segundos.

Depois, surge a versão de maior alcance, a FWD High Range com motor elétrico de 245 cv (280 cv em “boost”), também de tração dianteira e com bateria de 97,2 kWh (400 v), para a tal autonomia estimada WLTP de 750 km (mais de 500 km em autoestrada). Com 2180 kg de peso, esta variante tem um consumo médio de 12,9 kWh/100 km e acelera dos 0 aos 100 km/h em 7,8 segundos. Estas duas versões têm 345 Nm de binário máximo.
Por último, com recurso à mesma bateria, existe uma variante de tração integral (AWD), com dois motores elétricos e uma potência total de 350 cv (375 cv em “boost”) e 509 Nm de binário, que promete até 686 km de autonomia (a confirmar). Com peso em redor das 2.2 toneladas, anuncia consumo estimado de 14,2 kWh/100 km e aceleração dos 0 aos 100 km/h em 5,4 segundos. Toda a gama tem uma velocidade máxima de 190 km/h. Esta versão AWD dispõe de tecnologia de gestão diferenciada da tração consoante o modo escolhido de condução. Por exemplo, no modo “Eco”, recorre unicamente ao eixo dianteiro para reduzir os consumos, embora em caso de pressão a fundo no acelerador, o eixo traseiro também seja chamado, oferecendo então tração às quatro rodas. Nos modos “Sport” e “AWD” (específico da versão), tração permanente às quatro rodas tem gestão do binário específica para cada programa.

O Nº8 tem três modos de regeneração – baixa intensidade, moderada e alta intensidade –, além de um modo “one-pedal” com paragem completa sem recurso ao pedal do travão. O modelo tem ainda capacidade de reboque até 1600 kg.
No que diz respeito ao carregamento, o Nº8 aceita máximo de 160 kW de potência nos postos rápidos (DC), com que passa de 20 a 80% do estado de carga em 27 minutos (ou 200 km em dez minutos). Nos postos AC, um carregamento monofásico a 7,4 kW leva 8h50m, enquanto nos trifásicos demora 5h55m a 11 kW e 3h00 a 22 kW. A bateria tem sistema de pré-condicionamento prévio para otimizar o carregamento caso uma rota esteja programada na navegação, ajudando dessa forma a otimizar o carregamento. A tecnologia V2L (“Vehicle to Load”), ou seja, de carregar outros dispositivos é outra possibilidade.
Além do muito trabalho aerodinâmico efetuado, o Nº8 dispõe também de soluções que procuraram manter o peso sob controlo, como o capot e portas em alumínio para reduzir o peso, dessa forma ajudando ao seu estatuto de eficiência referencial.

A suspensão Active Scan com recurso a câmara dianteira para melhorar o dinamismo oferece três modos de condução (“Comfort”, “Normal” e “Sport”), ao passo que o conjunto de assistentes de segurança está mais evoluído, com o DS Drive Assist 2.0 a dispor de condução semi-autónoma evoluída com mudança de via agora possível e também adaptação de velocidade antecipada.
Tecnologicamente, além de elementos como o infoentretenimento com integração da inteligência artificial (ChatGPT), comandos por voz e navegação melhorada com programação de carregamento incluída, o Nº8 volta a apresentar os faróis Pixel LED com capacidades melhoradas, agora com o sistema de máximos adaptativos a obscurecer os sinais de trânsito para evitar reflexos dos mesmos. A tecnologia “head-up display” está igualmente disponível, com realidade aumentada para fomentar as suas capacidades. Além disso, o sistema Night Vision continua presente. Já mencionado, o sistema de som Focal 3D Electra é um dos atributos destacados pela marca, com 14 altifalantes, amplificador de 690 watts e três níveis de experiência de som, incluindo efeito 3D.

Gama e lançamento
O DS Nº8 obedece a uma estratégia de racionalização da gama com estratificação de variantes, pelo que as motorizações podem ser especificadas com as versões Etoille e Pallas (esta última de série com jantes de 20”, entre outros itens). Existirão cinco cores de carroçaria, podendo o cliente escolher ainda o tejadilho preto para contraste e também o capot de duas cores para distinção ainda maior. Nos interiores, há uma opção clássica em preto e outras mais extrovertidas, com elementos como Alcantara ou couro nappa disponíveis. Os opcionais estão depois integrados em “packs” funcionais para maior simplicidade de configuração. A gama de jantes disponíveis vai das 19 às 21 polegadas, neste caso uma estreia na marca.
As encomendas do Nº8 deverão abrir em janeiro, previsivelmente em concomitância com o Salão Automóvel de Bruxelas, com as primeiras unidades esperadas para entrega no início do segundo semestre. Ainda sem preços para Portugal, sabe-se que o objetivo é que a versão de 750 km de autonomia tenha um valor próximo ao do anunciado para França, onde será proposto abaixo dos 65.000€.

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