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Estradas que carregam VE: solução ou ficção?

Tratando-se ainda do grande entrave para a implementação dos automóveis elétricos, a recarga das baterias (ou o tempo que demora) é um dos aspetos em que os fabricantes de baterias mais trabalham. Entre as várias soluções está a de pisos que carregam o veículo enquanto este está em andamento. Um método que é eficaz, mas que não é fácil de implementar.



O conceito já não é novo e replica, de certa forma, aquele que se pode encontrar nas corridas de “slot cars”, sendo visto como um método para acabar com a ansiedade de autonomia, termo cunhado para o sentimento que muitos condutores desenvolvem ao viajar de carro elétrico. Alguns países já contam com secções de estrada em que os automóveis podem ser recarregados enquanto se conduzem e sem qualquer ligação física – por exemplo, cabos ou catenárias ferroviárias – entre o veículo e um dispositivo de carregamento.

 

A denominação técnica é Transferência de Potência Dinâmica Sem Fios” (em inglês, “Dynamic Wireless Power Transfer”) e a ideia é simples: o carro viaja e recarrega a bateria ao mesmo tempo e, mesmo que não recarregue totalmente, ajuda a manter o estado de carga durante aquela viagem em específico, reduzindo, hipoteticamente, o tempo de espera numa recarga seguinte.



A tecnologia está em desenvolvimento há vários anos, com circuitos de teste já em utilização, procurando demonstrar a validade desta ideia. O funcionamento é básico, dispensando elementos de contacto entre o veículo e o piso, mas exigindo proximidade entre dois componentes – bobinas eletromagnéticas colocadas sob o piso e ligadas à rede elétrica e um recetor (outra bobina eletromagnética) colocado na parte inferior do veículo e que está ligada ao sistema de alimentação da bateria de tração.

 

Mesmo não havendo contacto físico entre os dois elementos, o campo eletromagnético gerado pelas bobinas abaixo do alcatrão permite que a bateria seja recarregada, numa variante do carregamento por indução. Na prática, uma via de trânsito pode tornar-se, por si só, numa base de carregamento sem fios, como adianta a Electreon, uma das empresas que mais se tem dedicado à evolução desta tecnologia.



Dificuldades práticas 

Este sistema já se encontra em testes em secções específicas de estradas nalguns países, como na Suécia, Reino Unido, Itália ou Estados Unidos, com resultados positivos. Porém, enfrenta alguns desafios práticos, desde logo por exigir intervenção avultada em estradas já existentes. Isto porque as bobinas eletromagnéticas têm de ser enterradas no asfalto (cerca de 20 a 25 cm da superfície) e têm de estar ligadas de forma contínua no centro da estrada, o que exige trabalho de monta para equipar vias atualmente em uso.


O custo por milha (1.6 km) ronda os 1.8 milhões de euros

 

Além disso, outro problemas prende-se com o custo associado a este tipo de sistema, já que, como qualquer conceito inovador implica investimentos avultados. De acordo com um artigo recente da BBC, que acompanhou a inauguração de uma estrada deste género em Detroit, o custo por milha (1.6 km) ronda os 1.8 milhões de euros, levantando desta forma um grande ponto de interrogação quanto à sua viabilidade em larga escala.

 

No entanto, muito analistas entendem que este conceito tecnológico pode ser útil em vias construídas de raiz (sobretudo, autoestradas) e nas quais exista a previsão de tráfego intenso de veículos pesados de mercadorias elétricos, os quais têm percursos com poucas variações. Desta forma, poderiam beneficiar mais de recargas lentas (mas contínuas), que aumentariam o seu raio de ação para condução posterior fora das autoestradas.

 

Outra aplicação, esta potencialmente menos dispendiosa, poderia passar pela utilização do sistema de recarga sem fios em lugares de estacionamento especiais, tirando partido do facto de os veículos estarem parados no mesmo sítio por largos períodos.

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