A Comissão Europeia (CE) anuncia plano de apoio à indústria automóvel continental no dia 4 de março. Entre as possibilidades em cima da mesa, "marcha-atrás" no adeus definitivo aos motores de combustão interna em 2035, por admitir-se mantê-los nos sistemas híbridos Plug-In (PHEV), o que pode diminuir muito a pressão sobre os fabricantes para reduzirem, rapidamente, consumos e gases de escape.

A União Europeia (EU) tem plano de descarbonização muito ambicioso, mas vê-se confrontada com a obrigação de proteger uma indústria determinante para o bem-estar económico e social na região, por representar, direta ou indiretamente, mais de 14 milhões de postos de trabalho, devido ao impacto da presidência Trump nos EUA, à concorrência cada vez maior dos fabricantes chineses e à instabilidade política nos "motores" regionais Alemanha e França.
A contagem decrescente não pára e faltam tão-somente 10 anos para 2035. Esta mudança de contexto mundial impõe muita reflexão e recomenda dose extra de prudência. Todavia, o abandono dos motores de combustão interna e dos combustíveis fósseis mantém-se entre as prioridades da CE, que ambiciona a neutralidade carbónica da Europa em 2050, mas registam-se atrasos na implementação do programa de eletrificação do automóvel, como confirmam os números das vendas: em 2024, no frente a frente com 2023, os registos de carros novos aumentaram 0,8%, mas as de elétricos diminuíram 5,9%, o que originou descida na quota de mercado da tecnologia, de 14,6% para 13,6%.

Esta tendência de abrandamento na procura registou-se, igualmente, nos híbridos Plug-In (PHEV), mas de forma muito mais suave, com a quota a diminuir de 7,7% para 7,1%. Durante os mesmos períodos, as matrículas de híbridos (HEV) progrediram de 25,8% para 30,9%, enquanto as matrículas de Diesel diminuíram de 13,6% para 11,9%. Existe, portanto, adesão dos europeus à eletrificação, mas as “barreiras” à afirmação da tecnologia ainda não foram todas derrubadas. E esta ação não pode fazer-se da noite para o dia.
A Comissão Europeia, de acordo com fontes citadas pela alemã Der Spiegel, prepara-se para autorizar o comércio de automóveis equipados com sistemas híbridos Plug-In que associam motores elétricos e térmicos depois de 2035
De acordo com a alemã Der Spiegel, a CE prepara-se mesmo para autorizar o comércio de automóveis com sistemas PHEV depois de 2035. Confirmando-se, esta tecnologia “salva” o motor de combustão interna da “cadeira elétrica”. A revista teve acesso a documento produzido pela entidade liderada por Ursula von der Leyen que confirma a possibilidade. “A neutralidade carbónica é a chave de todo o processo, mas também devemos pensar muito no aumento da competitividade da indústria. A abordagem tecnológica deve ser neutra. Os combustíveis sintéticos podem desempenhar um papel importante e podemos considerá-los, através de alteração específica no regulamento”, lê-se no texto.

A publicação conversou com lobista da Mercedes, Eckart von Klaeden, que confirmou esta “abertura de portas” da CE à integração dos PHEV num regulamento revisto. “O caminho para a descarbonização deve ser orientado pelo mercado, não por sanções, mantendo-se as regras abertas à adoção de tecnologias modernas, para que possamos considerar tudo o que contribua para o progresso e a redução do impacto negativo do automóvel no clima, como os híbridos Plug-In e sistemas de extensão de autonomia».
Desde 1 de janeiro, os PHEV estão obrigados ao cumprimento de norma nova, que obriga ao cumprimento de testes de homologação muito mais rigorosos para o registo de dados mais reais, sobretudo em matéria de consumos e emissões poluentes. Esta mudança não impediu o Grupo VW de apresentar uma geração nova de PHEV com autonomias elétricas de até 143 km, facto que demonstra o desenvolvimento rápido da tecnologia, mas teme-se que esta intervenção provoque redução no investimento de híbridos Plug-In novos.
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