Fazendo face à crescente competição das marcas chinesas nos mercados da China e dos EUA, a Nissan anunciou pacote de medidas de reestruturação que inclui o despedimento de cerca de 9000 funcionários e a redução de 20% da produção global de automóveis.
A Nissan prepara um plano de reestruturação e de reequilíbrio que passa pela redução da produção global em 20% e o despedimento de 9000 empregados, em resposta à perda de receitas no primeiro semestre do ano fiscal de 2024, comparativamente com o mesmo período de 2023. Além disso, anunciou também a venda de 10% da sua participação na Mitsubishi, marca na qual detém 34% do capital.
Enfrentando uma situação “severa” (termo utilizado pela própria companhia), a Nissan está a tomar medidas urgentes para tentar reequilibrar as suas operações mundiais, procurando reduzir os custos fixos, mas também adaptar-se a novos desafios na indústria automóvel. A concorrência cada vez mais forte de construtores chineses, mas também os custos de desenvolvimento elevados têm tido um peso muito forte nas rentabilidade da marca japonesa.
As vendas de veículos na primeira metade do ano caíram 1,6% para 1.6 milhões de unidades, tendo caído 5,4% na China e 1% nos EUA, ao passo que na Europa registou-se um aumento de 0,9%. Ou seja, excluindo a China, as vendas globais da Nissan teriam caído 0,5%.
Entre as medidas agora anunciadas estão a redução de custos fixos em 300 mil milhões de ienes até 2026 (comparativamente com o ano fiscal de 2024) e dos custos variáveis em 100 mil milhões de ienes (também em comparação com o ano fiscal de 2024), o que será alcançado através dos já referidos cortes na produção e no pessoal (tem atualmente 133.580 empregados no mundo), além de estar, também, a envidar esforços na redução das despesas com matérias-primas e despesas administrativas, entre outras áreas.
No primeiro semestre do ano fiscal de 2024, a receita líquida foi de 5.98 triliões de ienes (36 mil milhões de euros) caindo 79.1 mil milhões de ienes (479 milhões de euros) face ao valor do período homólogo de 2023. As expectativas financeiras para o ano fiscal de 2024 foram reduzidas de forma coincidente, com a Nissan a apontar agora para receitas líquidas de 12.7 triliões de ienes (76 mil milhões de euros), menos 1.3 triliões de ienes (quase 8 mil milhões de euros) do que a estimativa anterior para este ano.
Foco nas parcerias
Outra das medidas anunciadas pela Nissan foi o de acelerar os esforços de integração em parcerias, aproveitando as sinergias permitidas pela Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, mas também pelo recente anúncio de uma “joint venture” com a Honda, à qual a Mitsubishi também poderá aceder numa fase posterior. Desta forma, a marca pretende tornar mais eficientes os seus custos relacionados com o desenvolvimento de novas tecnologias de veículos elétricos, mas também de lançamento de novos modelos com base em software, numa área que é cada vez mais importante na indústria automóvel.
Em virtude dessa aposta, a marca estima uma redução dos tempos de desenvolvimento de novos produtos para cerca de 30 meses.
Para 2026, a Nissan projeta um volume de vendas anual de 3.5 milhões de unidades. A estratégia “The Arc”, anunciada recentemente, irá manter a aposta na introdução de veículos de novas energias na China (mercado no qual tem tido dificuldades), mas também de híbridos “Plug-in” e de modelos e-Power nos Estados Unidos da América.
De acordo com o Presidente e Diretor Executivo da Nissan, Makoto Uchida, “estas medidas de recuperação não implicam que a empresa esteja a encolher. A Nissan irá reestruturar a sua atividade para se tornar mais simples e mais resistente, reorganizando também a gestão para responder de forma rápida e flexível às mudanças no ambiente empresarial. O nosso objetivo é aumentar a competitividade dos nossos produtos, que são fundamentais para o nosso sucesso, e voltar a colocar a Nissan numa trajetória de crescimento”.
Sublinhando a fase menos boa da marca, o próprio CEO da Nissan, Makoto Uchida, revelou que irá cortar voluntariamente o seu salário mensal em 50% a partir de novembro de 2024, o mesmo sucedendo com outros executivos da companhia.
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