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Renault “pode aprender” com novos rivais asiáticos

A chegada de cada vez mais fabricantes ao segmento dos comerciais ligeiros promete tornar o mercado mais concorrido, embora marcas como a Renault confiem no seu estatuto e no seu “peso” histórico como argumentos. No entanto, o Vice-Presidente Senior para os veículos comerciais da Renault, Heinz-Jürgen Löw, garante que também a marca “pode aprender” algumas coisas com os novos rivais.



Tido como um mercado altamente combativo, sobretudo em termos de custos de compra e de utilização, o segmento dos veículos comerciais ligeiros tem vindo a ficar marcado pela chegada de “players” novos maioritariamente vindos da China, que pretendem marcar posição pelos custos de aquisição mais baixos, a exemplo do que sucede também no mercado de ligeiros de passageiros.

 

No entanto, para a Renault, esta concorrência nova não assusta, mas é vista com respeito, como nos afirmou Heinz-Jürgen Löw, Vice-Presidente Senior da divisão de veículos comerciais da marca francesa, que explicou aos jornalistas durante o Salão de Birmingham como os novos fabricantes que chegam à Europa para o segmento podem ser também uma forma de aprender algo de novo.

 

“Não se trata apenas dos chineses, são também os coreanos, por exemplo, porque temos a Kia e a Farizon aqui [no evento britânico]. Encaro-os a todos de forma muito séria, tal como a todos os outros competidores, sejam europeus ou asiáticos. Antes de mais, penso que nos ajudam a todos a transformar, a sermos melhores”, começou por frisar o responsável alemão, assinalando que a rapidez de desenvolvimento dos produtos oriundos de paragens asiáticas pode servir de aprendizagem para a companhia do “losango”.



“Obviamente, a Renault não tem apenas comerciais ligeiros, mas também os veículos de passageiros, pelo que estamos naturalmente empenhados em acelerar e obter a velocidade chinesa no desenvolvimento. Também estamos a olhar para a cadeia de fornecimento e coisas como essas. Levamo-los muito a sério e estamos certos de que também podemos aprender com eles, olhando para situações como essas, sem sermos arrogantes e penso que estamos bem posicionados, porque para os clientes profissionais não se trata apenas do produto. O produto é importante, mas para os clientes profissionais é muito importante uma rede de apoio e as pessoas por detrás da marca, porque os clientes estão a comprar uma ferramenta para alimentar os seus negócios”, acrescentou Löw.

 

“É por isso que acredito que continuamos a ser um parceiro muito bom para os nossos clientes e ao fazer esta jogada com os três novos modelos com a plataforma de tipo “skate” e com arquitetura dedicada SDV, penso que estamos na linha da frente do mercado”, disse ainda, referindo-se aos três modelos 100% elétricos apresentados em Birmingham, o Estafette, o Goelette e o Trafic E-Tech.



O valor do pioneirismo 

Além disso, o responsável pelos comerciais ligeiros da Renault lembrou outro ponto que considera importante, o de a marca ter sido pioneira nos comerciais ligeiros, tendo lançado a Kangoo Z.E. em 2011 numa fase em que mesmo os ligeiros de passageiros elétricos eram parcos no mercado. Daí para cá a Renault foi reforçando a sua presença eletrificada também no segmento dos comerciais, abrangendo hoje modelos também como a Master.

 

“Penso que somos uma marca bem estabelecida no mundo dos comerciais elétricos. Sim, inventámo-lo, porque os primeiros comerciais elétricos na Europa eram Renault e estamos a dar continuidade a essa história. Lembro-me que um dia o Luca [de Meo, Diretor-Executivo do Grupo Renault) perguntou-me ‘será que não estamos a ser demasiado rápidos?’ e eu respondi que não, que não estávamos a ser porque se tratava de um desafio. Sim, o mercado não está no nível esperado, como imaginávamos, mas ainda assim temos de estar prontos porque os outros estão a chegar e este produto vai ajudar-nos”, referiu.



O valor das parcerias 

Os três modelos agora apresentados, Estafette, Goelette e Trafic E-Tech, pertencem a uma geração completamente nova de veículos comerciais com base em arquitetura elétrica de 800 V, “software” totalmente atualizável e elevada modularidade permitida pela plataforma de estilo “skate”, sobre a qual é possível aplicar diversos tipos de carroçaria. O seu desenvolvimento foi feito ao abrigo da “joint-venture” Flexis, estabelecida juntamente com o Grupo Volvo e com a CMA CGM, o que tem o condão de, entre outras virtudes, acelerar o desenvolvimento de veículos de nova geração e embeber a experiência de cada parte para um serviço melhorado.



 “Como é sabido, a Renault tem um passado longo quanto a parcerias nos veículos comerciais. Falando da Flexis, foi estabelecida no ano passado, com 300 milhões do Grupo Renault, 300 milhões do Grupo Volvo e 120 milhões da CMA CGM. Claro, os veículos têm o nosso ADN. Começámos a desenvolvê-los quando cheguei [à Renault] no início de 2022 e é claramente o nosso ADN. Depois, perguntámo-nos sobre o que poderíamos fazer para ficarmos mais fortes e que parcerias poderíamos fazer? E como temos uma parceria muito, muito longa com o Grupo Volvo foi praticamente um parceiro natural” adiantou, especificando o que cada parceiro traz para a Flexis.

 

“Por um lado, quisemos beneficiar da experiência do Grupo Volvo nos serviços a clientes profissionais (B2B) nas áreas dos camiões, autocarros e equipamentos de construção. Por outro lado, temos a CMA CGM que é a número três do mundo em termos de fornecedores logísticos discutindo tópicos como a utilização dos produtos ou o futuro da IA, etc… E depois nós, com os VCL e as fábricas e tudo o mais. Por isso, penso que é uma pegada muito, muito forte”.


Confirmado está também o fim da parceria com a Mercedes-Benz, prevista para 2026, com a produção da Classe T e da Citan a terminar meados do próximo ano.

 

“Demos a propriedade intelectual [dos veículos] à Flexis, para ter valor incluído. A Renault desenvolve a arquitetura SDV. E aqui estamos: os veículos vão ser comercializados pela Renault e também pela Renault Trucks, como sucede com a Master e a Trafic hoje, e a Flexis vai estabelecer a sua própria marca”, asseverou.

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