Vista como um exemplo em termos de qualidade, a fábrica da Stellantis em Mangualde está entre as três melhores a nível global daquela companhia, esperando obter este ano mais um recorde de produção em torno das 87.000 unidades.
A fábrica da Stellantis, em Mangualde, voltou a estar em celebração no passado mês de junho com a saída das linhas de montagem dos primeiros automóveis elétricos ali produzidos, antecipando em mais de meio ano o prazo inicialmente previsto. Embora se tratassem de unidades pré-série (ou seja, de verificação), este feito foi enaltecido em evento com a presença de Carlos Tavares, CEO da Stellantis, mas também de Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, e Pedro Reis, ministro da Economia, que voltaram a sublinhar a qualidade e o progresso daquela infraestrutura numa indústria altamente competitiva.
Tendo a seu cargo a produção de veículos comerciais ligeiros e versões de passageiros da Peugeot (Partner/Rifter), Citroën (Berlingo/Berlingo Van), Opel (Combo/Combo Life) e Fiat (Doblò), agora também em variantes elétricas, esta fábrica é amplamente elogiada por Carlos Tavares, que destaca a capacidade de se antecipar às metas inicialmente propostas, encontrando-se no top 3 da qualidade entre todas as fábricas da Stellantis a nível mundial (cerca de 90).
Além disso, aponta, a fábrica de Mangualde demonstra formas de competir com os fabricantes chineses nalguns aspetos. “O que é interessante é que, com inteligência, com frugalidade e com sentido de inovação, esta fábrica em Mangualde tem um custo que é competitivo com os chineses. Portanto, é possível. Esta fábrica de Mangualde tem um nível de custo na montagem dos automóveis que é comparável com os chineses, portanto, está perfeitamente competitivo”, começou por afirmar Tavares, ressalvando que, depois, essa competitividade esvai-se devido à rede de fornecedores com custos mais elevados e componentes mais dispendiosos.
"Esta fábrica de Mangualde tem um nível de custo na montagem dos automóveis que é comparável com os chineses, portanto, está perfeitamente competitivo”
E entre os aspetos a melhorar está também o das acessibilidades, com Carlos Tavares a destacar, porém, que um dos seus pedidos mais antigos, já “está a ser concretizado, que é a ligação ferroviária entre a fábrica de Mangualde e os portos de Vigo e de Leixões. Obviamente, tomou o seu tmepo, mas uma ligação ferroviária entre a fábrica e os portos é fundamental, tanto por uma questão ambiental (são menos camiões nas estradas), como de custo, já que é muito mais barato do que transportar os carros com camiões”. Também o custo da energia tem de baixar, de acordo com o CEO da Stellantis, de forma a permitir uma produção mais competitiva.
A este respeito, note-se que a fábrica de Mangualde completou, em 2023, a implementação de um parque de energia solar com mais de 6 mil painéis para assegurar uma autonomia de energia elétrica de 32%, permitindo evitar 2500 toneladas de emissões anuais de CO2.
De recorde em recorde
Em 2023, a fábrica produziu um total de 84.296 veículos, sendo um recorde histórico para aquela infraestrutura, mas Tavares antecipa para 2024 um novo recorde de produção, de cerca de 87.000 unidades. A quantidade de veículos elétricos a produzir em Mangualde dependerá do caderno de encomendas, como explica o português. Já a meta dos 100.000 veículos produzidos anualmente naquela fábrica não deverá ser possível sem efetuar grandes modificações à própria infraestrutura.
Tavares antecipa para 2024 um novo recorde de produção, de cerca de 87.000 unidades.
“Temos vindo a aumentar a produção de maneira significativa na fábrica, porque tem demonstrado uma performance excelente em termos de qualidade e também de custo. Por isso é que eu achei indispensável dar os parabéns às nossas equipas e agradecer aos nossos parceiros sindicais, porque o diálogo é de grande qualidade e está tudo empenhado na mesma direção e, portanto, quando está tudo a mesma direção, as coisas estão a progredir”, salienta.
Fundada em 1962, então como Citroën Lusitânia, o primeiro carro produzido em Mangualde foi um Citroën 2CV, em 1964, sendo atualmente um dos “players” mais importantes para a indústria automóvel nacional: no ano passado, 26,5% dos veículos automóveis foram produzidos na fábrica de Mangualde, sendo que, desse total, 94% dos modelos produzidos foram vendidos para outros países, como França (27%), Espanha (17%), Itália (13%) ou Turquia (10%).
Ao longo dos últimos meses, tendo em vista a transição energética na mobilidade, a Stellantis operou uma grande renovação da fábrica no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), através da agenda “GreenAuto”, da qual a Stellantis Mangualde foi líder, com um investimento de 119 milhões de euros no global daquela agenda.
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