Atravessando momento delicado à frente da Stellantis, Carlos Tavares, administrador-delegado do consórcio, alerta para a possibilidade de vir a tomar medidas pouco populares para garantir a sobrevivência da empresa – despedimentos e vendas de marcas em cima da mesa. Ao mesmo tempo, volta a apontar o dedo ao comportamento da Comissão Europeia no capítulo da eletrificação do automóvel.
Com as vendas a baixarem, assim como os lucros, sobretudo nos Estados Unidos da América (EUA), a Stellantis procura encontrar soluções que lhe permitam manter a competitividade nos principais mercados, agradando também aos investidores. Porém, o CEO do grupo, Carlos Tavares, revelou em entrevista ao site Challenges (acesso “fechado”) que poderá vir a tomar medidas drásticas para garantir a sobrevivência da companhia.
Num cenário até aqui inédito para Tavares, a Stellantis tem-se visto forçada a lidar com paragens na produção de alguns modelos devido à falta de procura (como os Fiat 500e), mas também com disputas sindicais nos EUA, que derivam da acumulação de stocks também por falta de procura. Neste sentido, sob pressão crescente dos responsáveis das marcas americanas, procura-se já um sucessor para o português, numa troca que liderança que deverá ocorrer apenas em 2026.
Até lá, a Stellantis pretende regressar aos lucros sólidos e a um patamar de vendas “saudável” para todas as suas marcas do grupo, nas quais se incluem Peugeot, Citroën, Alfa Romeo, Fiat, Maserati, Opel, DS Automobiles, Chrysler, Dodge ou Lancia, apenas para citar algumas. Este conjunto de marcas poderá ser também reduzido, uma vez que Tavares admitiu em entrevista que a venda de algum desses emblemas não está fora de questão.
“Existirão medidas impopulares a tomar”, é citado o CEO da Stellantis no site Challenges, indicando que entre essas medidas difíceis poderão estar a venda de marcas, mas também o despedimento de trabalhadores. “Os fabricantes chineses batem à porta para comprar marcas francesas. Por princípio, nunca descartamos nada. Nunca garanto postos de trabalho. Os sindicatos da Stellantis são inteligentes, entendem a situação. Lutamos pela sobrevivência”, adiantou o português, que voltou a repetir duras críticas na direção da União Europeia.
Ao mesmo tempo que diz que as taxas alfandegárias sobre os veículos chineses vão prejudicar o acesso à mobilidade elétrica, também considera que essa medida irá obrigar os fabricantes chineses a investir em fábricas no continente, não nos países mais a Ocidente, mas nos de Leste, onde os custos de produção e de mão de obra são mais baixos.
“Bruxelas tomou a decisão de entregar as chaves do carro europeu à indústria asiática. Não nos enganemos. Se as marcas chinesas chegarem aos 10% do mercado da Europa isso representará 1.5 milhões de veículos – equivale à produção de sete fábricas europeias”.
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