Novo smart fortwo por decidir
- Pedro Junceiro

- 27 de jun.
- 4 min de leitura
Atualizado: 29 de jun.
A smart decide ainda este ano se irá existir um sucessor para o fortwo, modelo que o Diretor Executivo para a Europa, Dirk Adelmann, considera um ícone. A acontecer, o modelo terá de obedecer a uma série de critérios tecnológicos e de funcionalidade em linha com o espírito da smart dos novos tempos.

Atualmente empenhada em ganhar o seu espaço no mercado com modelos de estilo SUV (acrónimo para Sport Utility Vehicle), a smart continua a acalentar a esperança de ver nascer uma versão moderna e atual do fortwo, automóvel urbano que se tornou num ícone para a marca e para a própria indústria.
Em declarações à E-AUTO, o responsável europeu da smart, Dirk Adelmann, considera que a ideia para um sucessor do fortwo continua bem viva, mas que será preciso esperar um pouco mais para se tomar uma decisão quanto à sua eventual produção, sobretudo, num segmento que tem vindo a perder espaço e rentabilidade.
Interrogado se um modelo desse estilo, dois lugares e comprimento em redor dos 3 metros, ainda faz sentido para uma marca como a smart, agora apostada em singrar no mercado “premium”, Adelmann respondeu com uma outra pergunta sobre outro modelo emblemático, mas de outras paragens.

“O 911 ainda é importante para a Porsche? Sim, eu diria que sim. O fortwo é, de alguma forma, o ícone da smart mas não estamos limitados ao [conceito de] dois lugares. Aquilo que incorporámos nos nossos três carros novos, os #1, #3 e #5, são os ingredientes que fizeram sucesso no fortwo – o espaço a bordo, a versatilidade, etc. Adicionalmente, pusemos algo que nunca teve – a família para viagens longas”, adiantou o alemão.
“Isso não quer dizer necessariamente que estamos a desistir do segmento A, mas, por favor, têm de nos dar um pouco mais de tempo para essa decisão. O que posso prometer é que a decisão vai ser tomada este ano. É muito difícil construir um caso de negócio no segmento A, que seja sólido para um veículo que tem procura principalmente na Europa – não está limitado a essa região, mas é a sua região principal [de destino]. Precisamos de ter um carro para os clientes europeus e se surgir da parte da smart tem de ser ‘premium’, seguro e um carro a sério. Se voltarmos, tem de ser com alguma coisa que seja digna do nome smart e isso neste momento ainda está em discussão”, acrescentou.

Subir de patamar
Com o #5, a smart lança, por outro lado, o seu maior modelo de sempre, com potências que chegam aos 646 cv (versão Brabus) e bateria de 100 kWh (94 kWh úteis), com a particularidade de conseguir recarregar a 400 kW de potência. Ademais, a marca tem em curso uma estratégia de subida de nível, rumo a um estatuto “premium”.
“Se olhar para aquilo que representamos e o nosso posicionamento, somos ‘premium’. Mas com os modelos que tínhamos anteriormente, o fortwo e o forfour, estávamos num nicho de mercado do segmento A que, aliás, foi definido pelo fortwo no início mas que era muito limitado em dimensão. Por isso, estamos a falar de cerca de 120.000 a 150.000 veículos no segmento na Europa. Mas os segmentos mais importantes na Europa para crescermos são os B, C e D e estes são onde estamos agora. Não somos as únicas marcas ‘premium’ nesses segmentos, mas penso que temos algo muito especial para oferecer: o desenho e também muita tecnologia, provenientes de dois mundos, do lado tradicional europeu, mas também da nossa empresa-mãe chinesa”, asseverou.
Adelmann reconheceu que a marca deixou de ser um “jogador de nicho”, numa mensagem que é ecoada, sobretudo, pelo #5, o que coloca outros desafios em termos de mercado. Ainda assim, acredita que este novo SUV de grandes dimensões será capaz de impulsionar as vendas da smart e representar cerca de 50% do mix de vendas.

“Estamos a entrar no ‘lago dos tubarões’ do segmento D e este segmento é duro. Os B e C também são duros, mas este é ainda mais para uma marca que nunca fez nada assim. Creio que no próximo ano e meio vamos ter um ‘game changer’ neste segmento, vamos ter algo que os outros não têm naquela fasquia de preço com ingredientes desde o ‘design’ à conectividade e carregamento”, admitiu, recordando ainda um papel muito específico da marca smart enquanto fruto da “joint venture” entre os grupos Geely e Mercedes-Benz.
“Somos agora também uma marca de automóveis familiares. Somos uma marca que pode ser o primeiro carro da família, com o #5, mas também o segundo carro com o #1. Nessa perspetiva, tivemos discussões intensas, não só internamente, mas também com os nossos acionistas e com a Mercedes-Benz principalmente, porque na Europa temos ainda a tarefa de trazer novos clientes para a Mercedes. Como sabem, a marca está a reduzir o seu portefólio nos segmentos inferiores e, por isso, somos o sucessor natural nesses segmentos, porque partilhamos os concessionários, a mesma rede de retalho e a mesma base de clientes. Nessa perspetiva, era o próximo passo lógico para nós. Se será o correto? Veremos no próximo ano”.







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