Clientes processam Tesla devido às polémicas de Musk
- Pedro Junceiro
- 12 de jun.
- 3 min de leitura
Um grupo de proprietários de modelos da Tesla em França está a avançar com uma ação em tribunal para tentarem terminar antecipadamente os contratos de “leasing” em curso, devido ao que dizem ser posições polémicas de Elon Musk, responsável máximo da marca americana.

As posições e afirmações polémicas de Elon Musk, figura por detrás de companhias como a Tesla, SpaceX ou Starlink, continuam a dar que falar. Agora, estão também no centro de uma ação judicial interposta por um grupo de proprietários de modelos da marca automóvel, na qual é alegado que o comportamento de Musk ao longo dos últimos meses levou a que sejam vistos como “embaixadores da extrema-direita” ao conduzirem os carros.
A intenção é que o tribunal permita cessar os contratos de “leasing” em vigor, cobrindo também as custas judiciais.
A informação foi avançada pela agência Reuters, que confirmou a entrada no Tribunal de Comércio de Paris de um processo que está a ser ‘trabalhado’ pelo escritorio de advogados GKA em representação de cerca de uma dezena de proprietários de automóveis da Tesla.
“Os veículos da Tesla tornaram-se símbolos políticos poderosos e são vistos agora como autênticos símbolos da extrema-direita, para grande desilusão daqueles que os compraram apenas como veículos inovadores e amigos do ambiente", referem em comunicado os advogados Patrick Klugman e Ivan Terel, da GKA, citando o desconforto que as posições de Musk geraram nos condutores.

Polémicas e vendas em queda
Outrora visto como um visionário e empreendedor exemplar, Elon Musk tem vindo a ser cada vez mais criticado desde que, ao longo dos últimos anos, começou a assumir posições mais controversas sobre diversos assuntos. Esta situação tornou-se mais premente após a compra da rede social Twitter, que depois renomeou como X, apostando numa abordagem de liberdade de expressão total. Pouco depois de “tomar posse” da rede social, readmitiu vários utilizadores que tinham as suas contas bloqueadas por posições racistas ou pela negação de situações violentas.
Donald Trump foi um dos que foi readmitido no X (apesar de ter criado a sua própria rede social, a Truth Social, depois de ter sido bloqueado no Twitter), acabando Musk por declarar, posteriormente, o seu apoio total ao político e milionário na campanha para as eleições presidenciais americanas de 2024, tratando de fazer largos donativos para a sua eleição. Esse suporte valeu-lhe um lugar de destaque na órbita da administração Trump, assumindo o lugar principal no DOGE, o Departamento de Eficiência Governamental, criado para cortar massivamente nos gastos públicos. Porém, a discrepância nessa visão em relação aos planos de Trump levou já à sua saída dessa entidade, numa “separação” que esteve longe de ser pacífica.
Igualmente marcante foi a sua dupla saudação romana durante a cerimónia de tomada de posse de Trump, em janeiro, embora o próprio Musk tivesse negado que fosse uma saudação nazi, o que não o salvou de várias críticas. Por outro lado, Musk foi também apoiando figuras, causas e partidos associados à extrema-direita na Europa, como foram os casos do AFD, na Alemanha, ou de Marine Le Pen, em França, além de ter também demonstrado apoio a outras figuras conotada com ideias extremistas.
Neste contexto, com várias ações de protesto e vandalismo a edifícios e veículos da Tesla, as vendas em vários mercados tiveram uma queda significativa, embora coincidindo com a atualização do Model Y, o modelo de proa em termos comerciais para a marca americana, pelo que torna-se complicado efetuar uma correlação direta. Além disso, o que é inegável é o aumento da concorrência por parte de várias marcas no segmento dos elétricos, seja das construtores tradicionais, seja dos chineses, como a BYD.
1 Kommentar