KGM Musso Raider Sports 2.2 Diesel (K5)
- Pedro Junceiro
- 13 de dez. de 2024
- 4 min de leitura
Marca nova nas estradas nacionais, a KGM toma o lugar da SsangYong com uma gama variada de automóveis assentes sobretudo nas gamas mais robustas dos “crossovers” e “pick-ups”. É precisamente entre estas últimas que se insere a Musso Raider Sports, equipada com um motor 2.2 turbodiesel de 202 cv e muitas competências fora de estrada.

Anteriormente conhecida por SsangYong, a KGM alarga a sua presença europeia ao mercado português com uma gama ampla que tem nos “crossovers” e nas “pick-ups” o seu forte. A Musso Raider Sports é um exemplo muito concreto dessa sua especificidade, situando-se no nicho de concorrentes que não é particularmente amplo, mas que continua a ter alguma procura.
Disponível na configuração de cabina dupla (cinco lugares)
Irreverente e imponente, esta “pick-up” chama a si muitas atenções pelas dimensões (5405 mm de comprimento, 1950 mm de largura, 1885 mm de altura e 3210 mm de distância entre eixos) e pelo desenho altivo, desde logo com uma dianteira marcada pela grelha extremamente ampla e com “lâminas” horizontais, a que se junta ainda um para-choques com proteção inferior em plástico pintado de cinzento. Disponível na configuração de cabina dupla (cinco lugares), a KGM Musso Raider Sports ostenta depois cavas das rodas amplas com jantes de 18 polegadas para uma postura musculada, dispondo de pneus Toyo Open Country em medida 255/60 R18, para terra e lama.
Como é usual, a traseira é muito menos criativa, sendo o seu desenho limitado pela “cama” de carga, neste caso sendo a Raider Sports mais virada para o lazer, com um comprimento de 1,30 metros, ainda assim bastante útil para o transporte de objetos compridos. Outra particularidade da versão K5 é a de poder contar com suspensão traseira “multi-link” de cinco braços, uma solução pouco usual nos modelos de estilo “pick-up”. Nesta variante de caixa automática de seis velocidades (da Aisin) pode carregar até 1075 kg, que é um valor entre os melhores da categoria.

Interior bem pensado
O interior segue um princípio de funcionalidade em primeiro lugar, embora o Musso Raider Sports disponha surpreenda pela adoção de materiais de boa qualidade na parte superior do tablier, aqui com pele perfurada e pespontos contrastantes, ainda que maioritariamente seja um modelo dominado pelos plásticos mais duros, de boa aparência e a apontar mais para a durabilidade.
O painel de instrumentos digital de 12,3 polegadas é parco em personalização, mas cumpre com o seu objetivo (não faltando até animações de boas-vindas e de despedida), enquanto o ecrã central de igual medida revela um sistema de infoentretenimento de grafismo não muito moderno, mas com navegação e funcionalidades essenciais. Comporta ainda a possibilidade de associar o smartphone via Android Auto e Apple CarPlay sem fios.
Os bancos têm revestimento em pele (também com pespontos contrastantes) nesta versão K5, com ajuste elétrico, aquecimento e ventilação. Atrás, banco corrido simples também em pele com a particularidade de revelar uma gaveta de arrumação sob os mesmos – ideal para esconder objetos. O espaço atrás é bastante bom, tanto em comprimento para as pernas, como em altura.

Bom motor
Equipado com motor 2.2 turbodiesel de 202 cv e 441 Nm de binário disponível entre as 1600 e as 2600 rpm, o Musso Raider Sports mostra uma competência muito interessante ao nível das prestações, com uma curva de binário muito satisfatória em condução diária, o que lhe permite acelerar com prontidão e reagir de maneira eficaz perante qualquer necessidade de recuperação de ritmo. A caixa de velocidades automática ajuda consideravelmente neste capítulo, já que tem bom escalonamento e é igualmente suave nas passagens entre relações, numa nota de refinamento que é bem-vinda. Além disso, o ruído do motor está muito bem disfarçado a bordo.
Existem modos de condução que alteram as prestações e a forma como reage à maior pressão no acelerador, podendo variar entre o “Normal”, “Sport” e “Winter”, sendo que o único que vale a pena explorar é o primeiro, por permitir um equilíbrio correto na condução diária entre consumos e prestações. O modo “Sport”, por exemplo, tende a esticar cada mudança sem que se produza um comportamento verdadeiramente desportivo.

No comportamento em estrada, o Musso Raider Sports tem atuação que pode ser observada por dois pontos de vista: por um lado, a baixa velocidade, absorvendo com relativa comodidade as imperfeições do asfalto, revelando também boa estabilidade em curva (o rolamento da carroçaria é reduzido), mas, por outro, em vias rápidas, existe uma tendência algo “saltitona” da suspensão traseira que, sem prejudicar a sensação de segurança ou a estabilidade, note-se, deteriora o conforto a bordo. Ainda assim, com peso atrás, essa circunstância é mitigada, tornando-se esta “pick-up” mais homogénea no pisar.
Quanto ao consumo, centra-se facilmente na casa dos 8,0 l/100 km (obtivemos uma média de 8,7 l/100 km no nosso teste de 100 km), ficando até ligeiramente abaixo do que é anunciado pela KGM.
Já fora do asfalto, em terrenos de terra ou lama, esta é uma “pick-up” muito competente, superando obstáculos e percursos de dificuldade elevada, graças à tração integral selecionável por via de comando rotativo no túnel central entre os bancos da frente. Consoante o tipo de piso, o condutor pode escolher entre “2L”, “4L” e “4H”, com um diferencial autoblocante traseiro que ajuda a superar terrenos de motricidade mais complicada, exibindo bom desempenho na obtenção de aderência mesmo quando o tipo de peso é muito escorregadio. Para descer caminhos íngremes, como é usual, conta com sistema de controlo de velocidade em descida, que mantém a velocidade estável nesses trajetos.

Preço competitivo
Proposto com um preço muito competitivo de 50.300€, o Musso Raider Sports pode tirar partido de uma combinação de fatores importantes para se destacar num mercado que se vai mantendo estável e que tem alguns nomes sonantes, como a Toyota Hilux, a Ford Ranger ou a Volkswagen Amarok. Entre os seus pontos fortes estão, além do preço, a lista de equipamento muito forte, o desempenho do motor turbodiesel e o interior bem construído, acabando por ser um produto muito consistente neste segmento.

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