Previsto para o verão, o elétrico da Mitsubishi voltará a contar com muitas bases da Aliança com Renault e Nissan, mas será bastante diferenciado, beneficiando da estratégia renovada da marca nipónica. Frank Krol, diretor-geral da divisão europeia do fabricante, “levantou o véu” sobre o modelo e falou no papel da empresa na disseminação da mobilidade elétrica.
A Mitsubishi foi das primeiras marcas generalistas a apostar nos automóveis elétricos, lançando-se no mercado com o i-MiEV em 2009, um automóvel citadino de dimensões bastante compactas e capacidades técnicas também distantes das atuais. Mas, o propósito desse modelo foi o de lançar as fundações para a transição energética por parte da marca japonesa, algo que Frank Krol, CEO da divisão europeia da companhia também salienta.
Pensando na evolução continuada do setor automóvel e da tendência de eletrificação, o principal responsável da divisão europeia da Mitsubishi evoca o caminho feito até aqui e revela mais alguns detalhes do elétrico a lançar pela marca já em 2025, também desenvolvido em parceria com a Aliança Renault-Nissan.
Esse novo modelo elétrico da marca dos “três diamantes” será revelado depois do verão de 2025 e terá por base a plataforma CMF-EV, assumindo-se como um SUV para o segmento C. Apesar de ter base na aliança, esse modelo terá muitas mudanças, “pelo que não será comparável ao que vemos hoje com o ASX ou o Colt. Assim, terão de considerar um verdadeiro “design” da Mitsubishi num veículo com a mesma plataforma do Scénic”.
Diferenciação cada vez maior
Tendo abordado a questão das semelhanças dos modelos ASX e Colt com os seus modelos de base lançados originalmente pela Renault – os Captur e Clio –, Krol clarifica que os futuros modelos serão notoriamente mais distintos, superados os constrangimentos iniciais com o tempo no momento em que a Mitsubishi decidiu manter-se na Europa.
"Estamos ansiosos por colaborar [no desenvolvimento dos veículos] desde o início"
“Penso que escolhemos um caminho claro em termos de diferenciação desde o início desta parceria com a Renault. É claro que, no início, quando queríamos lançar novos produtos, estávamos limitados pelo tempo e não nos pudemos diferenciar muito. Mas é claro que, com o passar do tempo, estamos ansiosos por colaborar [no desenvolvimento dos veículos] desde o início. E depois teremos formas muito mais inteligentes de diferenciar os veículos em termos do que os outros construtores estão a fazer”, explicou.
“A partilha de componentes do chassis e de outros elementos técnicos como motores ou baterias é uma espécie de prática comum na indústria automóvel. E isso é algo que também consideramos para o futuro”.
Criterioso na eletrificação
O caminho da marca japonesa para a eletrificação está, assim, bem definido, como menciona Krol, que recorda os primeiros passos desde o momento em que o i-MiEV (que teve versões basicamente iguais das marcas Peugeot (iON) e Citroën (C-Zero)) chegou aos mercados.
“Sim, fomos o primeiro construtor generalista a lançar um veículo elétrico em 2009. Naquela época, a tecnologia era adequada para um automóvel pequeno, com um conceito urbano. Mas sabíamos que existiam limitações e a autonomia era, talvez, de cerca de 50 km. A velocidade máxima também não era muito elevada e a aceleração não era muito forte. Além disso, o carro era muito dispendioso para o seu tamanho e segmento. Mas a tecnologia elétrica ainda está a evoluir”, indica Krol, em mesa-redonda com jornalistas na qual E-AUTO marcou presença.
“Por isso, aquilo que estamos a fazer é a selecionar muito cuidadosamente qual o segmento em que queremos lançar um veículo elétrico e podem esperar um elétrico novo da Mitsubishi no próximo ano [2025]. E não será algo de episódico, porque a longo termo sabemos que precisamos de apostar na tecnologia. Mas, também sabemos que a tecnologia ainda evolui bastante, especialmente no lado dos custos”, acrescentou, abordando precisamente a questão dos custos no desenvolvimento dos elétricos.
Os custos dos veículos elétricos ainda não é suficientemente bom
“Os custos dos veículos elétricos ainda não é suficientemente bom, basicamente. E tem de existir um caminho rumo ao futuro no qual se tornem mais acessíveis para os clientes, o que vai levar tempo. Por isso, o que estamos a fazer é fazer uma seleção criteriosa [do segmento] e temos uma boa experiência na tecnologia dos elétricos. Sabemos exatamente onde estamos e para onde devemos olhar”, reforçou.
Outlander PHEV é mais Mitsubishi
Modelo desenvolvido inicialmente para os Estados Unidos da América e posteriormente aprovado para a Europa, após a mudança de estratégia da marca, o Outlander PHEV promove já uma grande evolução técnica e tecnológica da Mitsubishi, estreando linguagem de “design” e sistema híbrido “plug-in”, algo em que a marca argumenta ser especialista.
“Desenvolvemos basicamente toda a bateria, pelo que o Outlander PHEV europeu tem uma bateia nova com química diferente e células diferentes porque os clientes europeus são muito exigentes em termos de condução – muita alta velocidade, muito agressivo e muitos percursos por áreas de montanha – e queremos ter a certeza de que o carro se comporta de acordo com as suas expectativas”, revela Krol, enfatizando ainda que a afinação do chassis é distinta, atendendo a essas características do condutor do “Velho Continente”.
Além disso, aponta, muito do equipamento e da eletrónica é nova, incluindo agora faróis LED Matrix, bancos com massagem e ventilados ou o sistema de som premium desenvolvido em parceria com a Yamaha. Krol vai ainda mais longe ao abordar a especificidade do sistema híbrido “plug-in”, considerando a Mitsubishi como a marca “mestre na tecnologia PHEV no seio da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi”, sendo esta a razão pela qual decidiram usar o seu próprio sistema no Outlander PHEV.
Pensamento nas “pick-ups”
Tendo grande tradição no segmento das “pick-ups”, a Mitsubishi não conta com nenhum modelo desse género na Europa desde o fim da L200. No entanto, sabendo-se que tem ainda um grande peso nas vendas globais da marca, o regresso a essa categoria de automóveis na Europa não está fora do pensamento.
“As ‘pick-ups’ fazem parte da nossa companhia – penso que entre 20 a 25% do volume de vendas global – e sabemos que somos muito fortes nesse segmento. É um dos nossos produtos fundamentais e a dificuldade na Europa é que o segmento é pequeno. Se falarmos do mercado de volante à esquerda falamos de cerca de 80.000 unidades”, diz Krol, entrando depois nos considerandos técnicos que também são necessários para o relançamento de uma “pick-up” na Europa.
“Temos de decidir qual a motorização correta para o carro. Será um híbrido “plug-in”? Será um elétrico? Será um híbrido? Este tipo de questões precisa de ser respondida e temos de ser cumpridores neste mercado dos comerciais ligeiros, mas também competitivos com um produto único que seria, basicamente essa ‘pick-up’. Se quisermos trazer este tipo de produto de volta, temos de conquistar, pelo menos, 20 ou 25% do mercado e ainda não estamos preparados. Mas é claro que o nosso coração está com as ‘pick-ups’. Olhamos para isso, mas honestamente a Europa não é fácil neste momento com esse tipo de veículos específicos”, conclui, admitindo que seria importante ter um modelo capaz de fazer jus à designação L200.
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