Atenção à nova burla nos estacionamentos
- Pedro Junceiro
- 5 de mai.
- 3 min de leitura
A Polícia de Segurança Pública (PSP) está a alertar para o aumento de casos de burla relacionados com toques simulados em parques de estacionamento ou postos de combustível – os condutores são acusados de provocarem um acidente com danos e o burlão pede o pagamento no local para “evitar chamar as autoridades”.

Está a ganhar popularidade uma nova tentativa de burla que visa enganar, sobretudo, os condutores mais idosos, sempre com parques de estacionamento de superfícies comerciais como pano de fundo.
De acordo com as autoridades, o “modus operandi” mais utilizado consiste numa abordagem à vítima “quando esta efetua algum tipo de manobra com a sua viatura (na maioria das vezes marcha-atrás), nomeadamente em estacionamentos nas grandes superfícies comerciais, afirmando que a vítima embateu na sua viatura”.
De seguida, após a exposição da situação, o burlão solicita o pagamento imediato dos danos, utilizando “manipulação, pressão psicológica ou mesmo intimidação”, o que pode acontecer de imediato, quando a vítima se encontra “parada dentro da viatura”, ou quando “a vítima já iniciou marcha e é seguida pelo suspeito que se faz transportar numa outra viatura”, para obrigar à sua paragem e ao pagamento dos supostos danos.
Nalguns casos, o burlão simula um atropelamento com danos físicos ou materiais (óculos de sol ou telemóvel partidos), exigindo o pagamento de compensação para evitar participar às autoridades e o envolvimento das companhias de seguro. Muitas vezes, a vítima, por temer agravamentos de seguros ou problemas com as autoridades, acede a pagar uma maquia em dinheiro.
Ainda de acordo com a PSP, já se verificaram situações nas quais o burlão apresenta um TPA (Terminal de Pagamento Automático) para facilitar o pagamento dos danos em questão – seja dos automóveis, seja de um suposto atropelamento.
“Em qualquer uma das situações mencionadas, para credibilizar todo o enredo, o burlão apresenta à vítima dor física, no caso da simulação de atropelamento, ou o dano no objeto em questão (quebra ou risco, seja na viatura ou no telemóvel), que normalmente já existia antes do alegado embate, facto que a vítima desconhece. Quando se trata de danos em viatura, ainda junto da vítima, o suspeito simula um contacto telefónico de voz com uma oficina de reparação automóvel ou com uma operadora de comunicações, transmitindo o dano e fingindo receber um valor de orçamento, que, por sua vez, transmite à vítima”, indica a PSP.

Queixas sobem em 2025
Os dados apresentados por aquela força de autoridade apontam para um aumento na existência destes casos, havendo no primeiro trimestre de 2025 um total de 111 queixas relacionadas com o crime de burla por falso acidente. Este valor, obtido de janeiro até ao final de março, aproxima-se já das 190 queixas verificadas em todo o ano de 2024, o que leva a crer que esta é uma tendência ainda em crescimento, pelo que a PSP apela a que os condutores tenham grande atenção a estas situações.
No que concerne à idade das vítimas, a PSP aponta para uma incidência maior em pessoas com mais de 80 anos (68%), seguindo-se a faixa etária dos 70 aos 79 anos (21%), sendo que a maioria das vítimas são do sexto masculino (59%). Os locais em que este tipo de crime é mais provável é em parques de estacionamento de grandes superfícies comerciais, entre as 10h00 e as 16h00 de segunda a domingo, sobretudo em locais sem videovigilância.
A PSP apela a que as pessoas abordadas neste tipo de cenário não efetuem qualquer pagamento em numerário por situações das quais não tem a certeza de ter sido o autor, bem como desconfiar de abordagens em que o autor não quer acionar o seguro, nem contactar a polícia, apenas pretendendo o pagamento em dinheiro, oferecendo-se para o acompanhar a uma caixa multibanco. Além disso, recomenda que se contactem as autoridades, caso desconfie deste cenário.
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