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Como Trump pode afetar a indústria automóvel

A chegada de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos da América (EUA) pode ter consequências relevantes na evolução a seguir pela indústria automóvel ao longo dos próximos anos. Apesar do apoio de Elon Musk, proprietário da Tesla, não são de excluir passos atrás nas políticas “verdes”, a par de uma guerra comercial com outros blocos mercantis, como o da União Europeia.


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Após vários anos em que as políticas “verdes” apontaram a indústria automóvel no sentido da eletrificação, a vitória de Donald Trump nas derradeiras eleições presidenciais dos Estados Unidos da América (EUA) trazem muitos desafios aos construtores, que podem vir a ter de repensar os seus planos estratégicos para os EUA em virtude de potenciais mudanças regulatórias a introduzir pelo político.

 

Pouco adepto da eletrificação – apesar do apoio firme de Elon Musk, proprietário da Tesla e da SpaceX, entre outras empresas –, Trump já prometeu que, sob a sua presidência, irá voltar a apostar naquele que tem sido, há décadas, uma das maiores fontes de rendimento para os cofres do país, ou seja, o petróleo. Repetiu-o, novamente, antes da tomada de posse, referindo-se ao “ouro líquido no subsolo”, em alusão clara ao petróleo.


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Essa aposta, até baseada na ideia de que irá assim baixar o custo da energia para os americanos, deverá mesmo ser uma das principais mudanças, depois de, durante a presidência de Joe Biden, os EUA terem apostado cada vez mais em energia “limpa”.

 

Adicionalmente, podem-se prever cortes em subsídios para a aquisição de veículos elétricos – algo já discutido no passado – e para a transição energética, o que teria um previsível impacto nas vendas de automóveis elétricos nos EUA e consequências pesadíssimas para os construtores, que já efetuaram os seus investimentos avultados neste processo de transição.

 

Recorde-se que os EUA já tinham saído do Acordo de Paris na primeira presidência de Trump, tendo sido Biden a reintegrar o país naquele quadro regulatório que prevê a redução substancial das emissões poluentes para limitar o aquecimento global.



Construtores nervosos 

Neste contexto, muitos construtores parecem renitentes quanto a apontar agora metas mais concretas para o mercado americano, mas o que for decidido nos EUA poderá também ter implicações nos outros mercados, sobretudo na medida que a Europa parece focada estritamente nos automóveis 100% elétricos até 2035.

 

Para os fabricantes, a estratégia de comercializar tecnologias distintas para dois dos maiores mercados do mundo poderá agravar uma fase já de si muito difícil, dado que os investimentos já feitos na passagem para os automóveis 100% elétricos não estão a ter a receção esperada nalguns dos países mais importantes em termos de vendas.

 

Algo que parece garantido é a revisão das normas de emissões e de consumos que tinha sido estabelecida nos últimos anos, nomeadamente, durante a presidência de Biden, que procurou acelerar a adoção dos veículos elétricos e da eletrificação.


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Guerras comerciais 

A tónica dada ao longo da campanha ao lema “América Primeiro”, traduzido como “America First”, deverá ser mesmo posta em prática neste segundo mandado de Trump na Casa Branca, isto depois de várias ameaças quanto à imposição de tarifas sobre importações da Europa e de outros locais, como o México, onde alguns construtores têm fábricas para reduzir os custos de produção.

 

Se a questão das tarifas não é nova – Biden impôs tarifas a 100% para os veículos produzidos na China, por exemplo –, Donald Trump deverá continuar essa tónica e poderá mesmo agravar também os valores a pagar por automóveis e componentes provenientes da Europa, Canadá ou México, procurando incentivar à localização de fábricas nos EUA.


“Tomemos a Europa e a Ásia como exemplos. A Europa é um grande exportador para os EUA. As suas principais economias transformadoras sofrerão o maior impacto, o que poderá enfraquecer os mercados internos em toda a região. Com a indústria transformadora europeia já em declínio, o impacto no emprego e no sentimento público poderá agravar-se”, aponta Stephanie Brinley, Diretora Associada da área da indústria automóvel da S&P Global Mobility.


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“Esperamos que os bens da China continental importados para os EUA tenham uma nova tarifa de 30% (aumentando face aos 21%), com a atual tarifa de 102,5% para os veículos elétricos provenientes da China continental a manter-se. Esperamos que esta tarifa não seja usada como um instrumento de de negociação que Trump revogaria se obtivesse outras concessões, mas que se tornaria uma tarifa permanente”, acrescenta Brinley

 

Porém, a acontecer, prevê-se que os custos dos veículos aumentem, uma vez que o custo de produção decorrente de salários e da energia também serão maiores e repercutidos nos consumidores.

 

Resta saber ainda como Trump pretende potenciar a rede de carregamento para veículos elétricos nos EUA, algo que não é credível que venha a acontecer nos estados mais “voltados” para os automóveis a combustão, como os do faixa interior do país.


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O papel de Musk 

Elon Musk tem sido um dos maiores apoiantes de Trump desde o verão, alavancando a sua campanha mediática e financeiramente e terá um papel importante de conselheiro, além do seu cargo no recém-criado Departamento para a Eficiência Governamental (DOGE), na adoção de novas políticas relativas aos modelos elétricos.

 

Ainda durante a campanha, o responsável máximo da Tesla indicou que não teria problemas com o fim dos subsídios para a compra de veículos elétricos, referindo mesmo que os outros construtores estariam em piores condições do que a sua marca, pelo que o impacto das opiniões de Musk também se sentirá neste âmbito.



 Algo que parece mais evidente é a aposta de Trump no campo dos veículos autónomos, tendo o americano já indicado que pretende reforçar o empenho no avanço desta tecnologia, algo que também poderia beneficiar Musk e a Tesla, já que este tem em vista o lançamento do seu novo modelo completamente autónomo, o Cybercab, para 2026. É previsível então esperar uma mudança dos regulamentos de testes para acelerar o desenvolvimento da tecnologia.

 

Todo este “novelo” começará a ser “desenrolado” a partir deste dia 20 de janeiro, quando Trump tomar posse como 47.º Presidente dos Estados Unidos da América.

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