Visita ao “berço” dos Alpine
- Pedro Junceiro
- há 4 dias
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Atualizado: há 2 dias
Cada vez mais avançada e automatizada, mas ainda com preponderância muito grande do fator humano: a fábrica da Alpine em Dieppe produz atualmente os A110 (desde 2017) e A390, este último com chegada prevista ao mercado no final de 2025, com foco muito grande na atenção ao detalhe.

Inaugurada em 1969, a fábrica da Alpine em Dieppe assume um papel fundamental na estratégia da marca francesa enquanto transita para a eletrificação plena. Com a sua “Dream Garage” (garagem de sonho) a diversificar-se após o lançamento do A290 e, mais recentemente, com a apresentação mundial do A390 (esperando-se mais uma mão cheia de modelos até 2030), a Alpine corporiza, também, o esforço de produção local preconizado pelo Grupo Renault – ou seja, o máximo possível em França.
Em Dieppe, a fábrica apelidada “Manufacture Alpine Dieppe Jean Rédélé”, em homenagem ao fundador da marca, produz dois dos modelos modernos da Alpine, o A110 e o A390, empregando 377 funcionários de forma permanente, mais 120 temporários, com um ritmo de produção de 11 automóveis por dia. Porém, a história desta infraestrutura iniciou-se bem mais atrás no tempo, tendo sido criada em 1969 para ajudar a dinamizar os esforços de Rédélé na criação de modelos especiais com base em automóveis Renault.

Depois, com a aquisição por parte da marca, a fábrica viria a parar em 1995, limitando-se a pequenos projetos orientados para a competição ou pequenas séries de modelos da Renault. Com o ressurgimento da Alpine, na década de 2010, a fábrica foi modernizada, recebendo em 2017 o A110 como primeiro modelo de uma era nova. Desde então, dali já saíram mais de 25.000 unidades desse coupé de duas portas, incluindo versões especiais, enquanto o acumulado de unidades ali nascidas supera já as 510 mil unidades desde 1969.
Eletrificação em força
Agora, para acomodar a produção do A390, “fastback” 100% elétrico a lançar no mercado no final de 2025, a Alpine operou uma atualização profunda do local, adaptando procedimentos e linhas de montagem à construção de veículos elétricos. A título de exemplo, a companhia dedicou grande atenção ao aumento do número de funcionários e à sua formação e à revisão dos fluxos logísticos, neste último caso criando mesmo um parque de estacionamento adjacente para entregas e de um armazém de peças sobressalentes a poucos quilómetros de distância. Para facilitar o processo de transição, algumas ferramentas de produção foram adaptadas do A110 para o A390.
Apesar de contar com doses elevadas de automação, a fábrica de Dieppe continua a depender muito do fator humano e do empenho de cada empregado, conforme nos explicaram os responsáveis por uma visita guiada à fábrica Jean Rédélé.
Destacando-se por atributos como a construção das carroçarias em alumínio ou pelo grande cuidado que é colocado em áreas como a da pintura, a Alpine sublinha, por mais do que uma vez, que a qualidade é um ponto essencial da sua linha de montagem. Um dos exemplos está no denominado posto “Checkman”, uma área da linha de montagem onde os veículos são controlados com precisão (em 90 pontos) por olho humano e por um conjunto de seis câmaras com inteligência artificial capazes de detetar imprecisões. Cada automóvel leva 38 minutos a inspecionar. De igual modo, noutro exemplo de dedicação à qualidade, a companhia salienta que existe um controlo de cada parafuso por cada veículo.

Se o exterior depende mais da automação e de robôs com atuação cirúrgica em termos de precisão, o interior recorre em grande medida aos funcionários humanos, com o A390 a ser descrito como um modelo capaz de combinar o avanço nos conhecimentos tecnológicos com a tradição de outros tempos. Outro exemplo dessa simbiose está nas versões com pinturas “Heritage” (baseadas em modelos do passado), como sucede nalgumas personalizações do A110, sendo preciso notar que a produção deste coupé nunca parou mesmo quando houve a necessidade de atualizar ferramentas para incorporar a produção do A390.
"Foram necessários dois anos para preparar o local para receber o Alpine A390 e permitir uma produção com o dobro do número de peças e o triplo do fluxo de camiões por dia, fazendo da Manufacture Alpine Dieppe Jean Rédélé a fábrica mais compacta do Grupo Renault. Foram gastas mais de 10.000 horas de formação para dar competências e fornecer as autorizações necessárias para a montagem de veículos elétricos. A chegada de 80 novos colaboradores com diferentes perfis, desde operadores a gestores, eleva o número total de colaboradores para 377 atualmente, todos apaixonados pela marca”, afirma Anne-Catherine Basset, Diretora Industrial da Manufacture Alpine Dieppe Jean Rédélé.
Tudo em França
O Grupo Renault levou a cabo um forte investimento nas suas instalações em França para acomodar a geração nova dos seus automóveis elétricos, criando aquilo que chamou de “ElectriCity” no Norte do país. Sob alçada da divisão Ampere, vários centros de produção e de desenvolvimento estão interligados e em rede para que praticamente tudo no veículo seja originário de França ou, pelo menos, a quase totalidade.
Assim, para o A390, os motores elétricos provêm da fábrica de Cléon, enquanto as baterias, desenvolvidas em parceria com a também francesa Verkor utilizam módulos produzidos em Dunquerque e montados na fábrica da Ampere, em Douai. Já o chassis foi concebido e construído na fábrica da Renault, em Le Mans.
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