Ford Capri Premium RWD 286 cv
- Pedro Junceiro
- 17 de mar.
- 6 min de leitura
Anunciado pela Ford como um automóvel para demonstrar que os elétricos podem ser divertidos, o Capri regressa ao mercado em formato distinto do original, que singrou na Europa entre 1969 e 1986. Agora, recorre a plataforma partilhada com a Volkswagen, adota o estilo SUV Coupé e motorizações elétricas. Ao volante do Capri com tração traseira, 286 cv e mais autonomia.

Embora não tivesse o fulgor e a aura do Mustang, o Capri foi criado para dar aos condutores europeus uma amostra do potencial desportivo da Ford, adaptando-se às preferências e condicionantes do mercado europeu, nomeadamente, em termos de amplitude de motorizações. Agora, o Capri está de regresso, bem distinto do formato original que o popularizou nas décadas de 1970 e de 1980, mantendo, ainda assim, personalidade bastante forte, agora em estilo mais ao jeito de um SUV Coupé, de acordo com as preferências do mercado, que o “empurram” para esse caminho.
Mas também a própria eletrificação é um resultado de uma aposta de modernização, já que o Capri desta geração – totalmente desenvolvido na Europa (produzido em Colónia, Alemanha) e comercializado apenas neste continente – surge apenas em versões elétricas. Por detrás deste regresso está a ideia de que os elétricos podem ser divertidos de conduzir e emotivos, tirando partido assim de um esforço importante em matéria de afinação para oferecer uma dinâmica de condução mais entusiasmante.

Em primeiro lugar, importa notar como o “design” aerodinâmico tenta prestar homenagem ao Capri original, embora de forma totalmente inovadora. A marca garante que este Capri modernizado busca noções de irreverência e de rebeldia, dispondo de imagem musculada e com o intuito de atrair as atenções – o que consegue, sobretudo quando pintado na chamativa cor amarela “Vivid Yellow”, oferecida sem custo.
Alguns detalhes sobressaem, como a “grelha” dianteira tapada devido às necessidades inferiores de refrigeração dos modelos elétricos, as cavas das rodas muito generosas para albergar jantes que podem chegar às 21'' (dispõe de jantes de 19'' na versão base e de 20'' de série na mais equipada Premium) e as secções inferiores em plástico que lhe conferem impressão de robustez ampliada. A secção traseira replica o visual de um "coupé", embora o facto de dispor de quatro portas seja difícil de disfarçar. Nota, ainda, para a identidade luminosa à frente e atrás, bastante peculiar, o mesmo se podendo dizer da denominação do veículo em 3D nas duas extremidades.
No Capri, como no generalidade dos automóveis elétricos, devido ao posicionamento da bateria (entre eixos), encontra-se interior bastante espaçoso
Quanto a medidas, o Capri mede 4,634 m de comprimento, 1,872 m de largura e 1,626 m de altura, ao passo que a distância entre eixos de 2,767 m providencia bastante espaço interior, nomeadamente nos lugares posteriores, efetivamente muito amplos, e com o piso plano, para beneficiar o passageiro instalado no banco central.
Sinergias e especificidades
Sem surpresa, o Capri tira partido do acordo de parceria estabelecido com o Grupo Volkswagen para a partilha da plataforma MEB da companhia alemã, embora a Ford insista que a afinação do modelo seja diferenciada, assim como o desenho do interior, sendo este, em concreto, um elemento bastante distinto. Estes pontos não são propriamente novidades, já que a Ford fez o mesmo com o Explorer, já lançado e também 100% elétrico com “genes” do consórcio parceiro.
Com efeito, o desenho do habitáculo é radicalmente diferente, com a marca americana a apresentar identidade muito própria, nomeadamente, com a inclusão de painel de instrumentos digital de 5,3'', volante desportivo com elementos em metal e painel de bordo com tónica mais desportiva.

Em destaque está o grande ecrã tátil central denominado SYNC Move, de 14,6'', o qual tem a particularidade de se movimentar e de poder funcionar também como área de arrumação – algo a que a Ford dá o nome de “My Private Locker”. Este conceito permite ocultar, facilmente, objetos num “cofre” por detrás do ecrã. A tecnologia embarcada é a de mais recente geração da Ford, com conectividade Android Auto e Apple CarPlay sem fios, navegação conectada, atualizações remotas do “software” e ligação à aplicação “MyFord” para controlo de diversas funcionalidades, como a climatização do habitáculo ou o processo de recarga da bateria.

A companhia norte-americana aponta para uma sensação de envolvência ao condutor, mas vale-se também dos bancos de estilo desportivo, com encostos de cabeça integrados e a possibilidade de contarem com pele sintética na versão mais equipada Premium. Opcionalmente, pode contar com bancos AGR com aquecimento e massagem (620 €) para maior conforto.
Realce, também, para a iluminação ambiente de dez cores e para o espaço de arrumação generoso, com 17 litros na consola central a juntar àquele sob o ecrã central. Já que o tema é arrumações, vale a pena notar a capacidade de bagageira: os 572 litros podem aumentar para 1510 com o rebatimento dos bancos traseiros.
Para os condutores que apreciam a qualidade sonora, a Ford propõe dois sistemas de áudio: equipamento com sete altifalantes na versão base e dispositivo Bang & Olufsen com 10 altifalantes e "subwoofer" para uma potência de 480 W no modelo de topo.
Boas sensações
O conjunto de motores/baterias é proveniente do Grupo Volkswagen, o que quer dizer que partilha o pacote de baterias (52 kWh, 77 kWh e 79 kWh de capacidade) e as motorizações (170 cv/125 kW, 286 cv/210 kw e 340 cv/250 kW).
Detalhando a gama, o Capri é proposto em versão Standard Range de tração traseira (RWD) com motor de 170 cv e bateria com 52 kWh de capacidade na base de gama, com 393 km de autonomia homologada (WLTP), ao passo que a versão intermédia é a Extended Range de tração traseira (RWD) com motor de 286 cv e bateria com 77 kWh de capacidade, sendo esta aquela com a autonomia mais ampla – até 627 km em ciclo combinado e até 796 km em ciclo urbano. Por último, versão Extended Range com tração integral (AWD), 340 cv e bateria com 79 kWh de capacidade, para 592 km entre recargas.
Em evento nacional, pudemos tomar contacto com a versão Extended Range RWD de 286 cv, a qual prima pela sua competência alargada de rolamento, revelando um tato de condução bastante envolvente, fruto da afinação específica realizada pela Ford ao nível da suspensão (molas, amortecedores e barras estabilizadoras específicas).

O amortecimento permite equilíbrio excelente entre conforto e dinamismo, mesmo no caso da versão equipada com as jantes de 20'', de série. Nesta primeira experiência, nota muito positiva para a operação da suspensão dianteira, eliminando-se o efeito de “secura” na compressão durante as passagens por irregularidades no piso ou lombas que se verifica nalguns modelos do Grupo Volkswagen.
Prestações muito convincentes
As prestações são muito convincentes, fruto da entrega decidida dos 286 cv e dos 545 Nm, oferecendo desta forma prestações desportivas, como a aceleração 0-100 km/h em 6,4 s. Em curva, a aplicação mais generosa do acelerador gera uma deriva mais notória da traseira, sobretudo quando o piso está escorregadio, sendo facilmente controlável e dando uma sensação desportiva. A impressão geral é mesmo a de grande dose de refinamento e de conforto em viagens mais longas, a que se juntam reações seguras em percursos mais sinuosos.

No lado mais prático, a ergonomia é correta para o condutor, embora alguns aspetos pudessem ser melhorados, como o comutador de abertura dos vidros elétricos na porta do condutor (derivado diretamente dos Volkswagen e Cupra, por exemplo) ou os modos de condução “escondidos” no menu do ecrã tátil.
Ao recarregar, esta versão admite 135 kW de potência, repondo a carga de 10% para 80% em 28 minutos. A versão AWD tem dois motores e bateria com 79 kWh de capacidade é a mais lesta neste aspeto, demorando apenas 26 minutos em igual processo, graças a maior potência admitida (185 kW).
Muito equipamento de série
A diferença entre as versões base (simplesmente, Capri) e Premium é de 3000 €, com a Ford a indicar que aposta seriamente numa abordagem de muito equipamento de série e poucos opcionais para ajudar no processo de configuração e de compra por parte do cliente.
A título de exemplo, a versão base dispõe de jantes aerodinâmicas de 19'', bancos elétricos com massagem e parcialmente revestidos em couro sintético (Sensico), ecrã central de 14,6'' com sistema “SYNC Move”, faróis Full LED, acesso à rede de carregamentos BlueOval e carregador “wireless” para o "smartphone". Já a versão Premium adiciona as jantes de 20'', os bancos totalmente em pele sintética (Sensico), os faróis LED Matrix, o portão elétrico ou o sistema de som da Bang & Olufsen.

Entre os opcionais, a marca também os propõe com preços distintos consoante a versão de equipamento. Por exemplo, as jantes de 21'' têm um custo de 1200 €, partindo-se do Capri mais acessível, ou de 600 €, no caso da versão Premium. O Pack Driver, com Head-Up Display, câmaras 360º e assistente de estacionamento com 12 sensores também tem preços diferentes: 1637 € para o Capri e 1149 € para o Capri Premium. A bomba de calor não varia, porém: 1300 € nos dois casos.

Comments