Leapmotor B10 desde 27.600 €
- José Caetano
- há 1 hora
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O B10 é o terceiro automóvel no catálogo europeu da Leapmotor, a marca chinesa de que a Stellantis detém 20% do capital – 51% no caso da parceria criada para os mercados de exportação. Soma-se ao T03 e ao C10, posiciona-se na categoria dos compactos, categoria muito importante na região, e apresenta-se em três versões, todas com motores elétricos de 218 cv – diferenciam-nas apenas a capacidade da bateria (56 kWh e 67 kWh) e, ainda, os níveis de equipamento (Life Pro, Life Promax e Design Promax). Em Portugal, preços a partir de 27.600 €.
No B10 com 4,51 m de comprimento, até à adoção da motorização REEV (sistema de extensão autonomia classificado como híbrido Plug-In, como já acontece com a proposta homónima que encontramos no catálogo do topo de gama C10…), três versões com máquinas elétricas de 160 kW/218 cv e 240 Nm posicionadas no eixo traseiro, que também é o de tração, e alimentadas por baterias do tipo LFP (fosfato de ferro e lítio), com 56,2 e 67,1 kWh de capacidade.
Na base da gama, e para preço bem mais competitivo (27.600 €), B10 Life Pro com a bateria que tem apenas 56,2 kWh de capacidade e permite percorrer até 361 km entre recargas. Nas versões Life Promax (29.500 €) e Design Promax (30.900 €), os acumuladores com 67,1 kWh de capacidade garantem autonomias de até 434 km. A primeira admite recargas rápidas (corrente contínua) com potências até 140 kW, o segundo e o terceiro permitem até 168 kW. Em todos os casos, a recuperação da energia armazenada, de 30% para 80%, realiza-se em menos de 0h20. Recorrendo a corrente alternada (a potência máxima admitida é de 11 kW, 0% a 100% em 2h30 na primeira e 3h00 no segundo e no terceiro).
Nos consumos e nas “performances”, os números prometidos também são iguais (ou muito semelhantes), com arranques 0-100 km/h em 8 s, velocidades máximas de 170 km/h e médias de 17,2 a 17,3 kWh/100 km, em ciclo combinado, de acordo com o protocolo europeu WLTP (os B10 com baterias maiores são mais pesados – 1780 kg “contra” 1845 kg – e, por isso, ainda que de forma quase marginal, gastam mais energia).

Produção na Europa a partir da primavera
Concorrente de BYD Atto 3, Ford Explorer, MGS5 EV, Renault Scenic E-Tech Electric e Skoda Elroq, entre outros SUV compactos equipados apenas com motorizações elétricas, o B10 tem preço muito mais “popular”, e por margem enorme, o que não pode deixar de representar uma vantagem competitiva importantíssima. De resto, e confirmando-se os rumores, com arranque da produção em Saragoça, Espanha, ainda durante este ano, a Leapmotor, seguramente, posicionar-se-á ainda melhor na Europa e em Portugal.
A marca chinesa fabricará segundo carro elétrico na unidade industrial espanhola da Stellantis: o B05, berlina compacta com 4,430 m e 5 portas baseada na mesma arquitetura do B10, a plataforma LEAP 3.5. Também em 2026, introdução do B03X, SUV com 4,20 m concorrente no segmento B, com BYD Atto 2, Citroën C3 Aircross, Fiat 600, Opel Mokka e Peugeot 2008, entre outros subcompactos. Desconhecem-se informações sobre automóvel vendido na China com nome diferente (A10).

O preço não concentra todas as qualidades do B10… O SUV tem, também, espaço interior abundante, capacidade de carga razoável – 430 a 1700 litros, dependendo da posição dos encostos dos bancos traseiros, e 25 litros no “frunk” sob o “capot” –, e muitas tecnologias de ponta. A apresentação minimalista aproxima-o do C10, SUV com 4,74 m (36.785 €). No interior, quase não existem comandos físicos, uma vez que a maioria das funções do automóvel é operada no ecrã (14,6’’) do sistema multimédia, no centro do painel de bordo. O monitor da instrumentação tem 8,8’’. Na qualidade (materiais e montagem), para os padrões de referência no segmento em que concorre, o Leapmotor não defrauda expectativas e, por isso, mais do que satisfaz.
Os B10 diferenciam-se só nas capacidades das baterias (duas), nos acabamentos (dois) e, ainda, nos níveis de equipamento (três). De série, três programas de ação (Conforto, Standard e Desportivo), três graus de assistência da direção e, também, três intensidades de recuperação de energia durante desacelerações e travagens. Registem-se, ainda, a abundância de assistências à condução ou o facto de todas as versões contarem com tejadilho panorâmico e quatro câmaras que asseguram visão de 360º do exterior do automóvel.

Nos Leapmotor, os “smartphones” dos proprietários assumem a função de chaves digitais dos automóveis, uma vez que o carro é entregue só com cartão que abre e fecha as portas. Existe, portanto, “app” para controlo remoto de diversas funções. Este B10 apresenta-se, ainda, com a classificação de cinco estrelas nos testes de colisão do consórcio EuroNCAP. Esta marca, atualmente, está ativa em mais de 30 mercados, em todo o mundo, que representam mais de 1700 pontos de serviços e vendas. E, em apenas 10 anos, entregou mais de um milhão de carros e, em 2025, assumiu a primeira posição na tabela das “start-ups” chinesas especializadas em Energias Novas (elétricos e híbridos Plug-In).

Primeiras impressões de condução
O B10, antes da introdução na Europa, cumpriu programa de desenvolvimento em Itália, no circuito de testes da Stellantis em Balocco. Assim, a Leapmotor foi capaz de adaptá-lo melhor às especificidades da condução e das estradas na região. E o facto demonstra o empenho da marca na satisfação dos clientes. A experiência ao volante do SUV surpreendeu-nos positivamente. O carro é confortável, previsível e seguro, mesmo dispondo de direção leve e pouco informativa – facilita a utilização em cidade, sim, mas pedia-se tato diferente para maior sensação de comando em estradas sinuosas. A suspensão encontra-se adaptada para o bem-estar a bordo e a conforto de rolamento. Porém, a capacidade de filtragem das irregularidades do piso tem “contrapartida” bem menos positiva: o rolamento da carroçaria em curva e durante as transferências de massa – nunca é excessivo, mas também diminui a sensação de controlo.
O B10 tem tração traseira, característica que beneficia o equilíbrio e a precisão na condução, e potência mais do que suficiente, como demonstra o 0-100 km/h em 8 segundos. Todavia, mesmo contando-se sempre com reservas de energia sob o pé direito, devido à disponibilidade imediata do binário nos carros elétricos, este SUV convida-nos a uma utilização mais relaxada e serena, condição para conduzirmos de forma eficiente e percorrermos mais quilómetros entre recargas da bateria.

O B10 movimenta-se de forma silenciosa, o que beneficia o conforto, e tem apoios eletrónicos em número mais do que suficiente. Diversos sistemas são intrusivos, é verdade, mas permite-se a adaptação da sensibilidade às preferências individuais dos condutores. No entanto, para utilização correta do automóvel, também como sucede na maioria nos carros com comandos de funções concentrados nos ecrãs de bordo, impõe-se (algum) tempo de adaptação. Mas, tudo somado, o Leapmotor não tem como qualidade só o “preço-canhão”.

































