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Mercedes-Benz CLE 200 Cabrio

Foto do escritor: António de Sousa PereiraAntónio de Sousa Pereira

Sucessor, em simultâneo, de Classe C Cabrio e Classe E Cabrio, o CLE Cabrio prima por ser, ainda, quase tão convincente a circular com a capota recolhida como quando esta está aberta. E, na versão de acesso, o motor a gasolina de 204 cv também brilha por satisfazer todos os requisitos que se podem exigir a uma proposta deste género.



A Mercedes, com “crossovers”, SUV e quejandos a serem cada dia mais populares, achou por bem criar o CLE, nas variantes Coupé e Cabrio, para suceder às variantes de duas portas, fechadas e abertas, das gerações anteriores de Classe C e Classe E. No caso do descapotável, atenções centradas no CLE 200 Cabrio, que, não obstante ser a mais acessível, não deixa de ser uma das opções mais interessantes da gama, se não, mesmo, a mais interessante – e não só pelo custo de aquisição (71.400 €) inferior ao do 220 d a gasóleo (194 cv, 74.500 €), e ao do AMG 53 4matic+ (449 cv, tração integral, 125.700 €). Mas já lá iremos…



Antes, olhar focado no visual exterior. Se a estética, em qualquer descapotável, é determinante, este é mesmo um dos mais elegantes da atualidade, tanto com a capota recolhida, como com esta colocada, e mais ainda quando a lona é vermelha (200 €), a contrastar com o Cinzento Alpine da carroçaria (2820 €). São dois dos muitos extras montados na unidade testada, num total de mais de 16.000 € (!), mas não é preciso gastar tal fortuna, uma vez que este automóvel está mais bem equipado do que é normal num Mercedes, para que este seja um modelo extremamente atraente, graças a um estilo clássico, mas bem conseguido – embora o opcional pack AMG Advanced Plus (6800 €), juntamente com as jantes de 20” (950 €, com pneus de medida 245/35 na frente e 275/30 atrás), o tornem ainda mais difícil de passar despercebido, e pelos melhores motivos, sobretudo para os apreciadores de um “look” mais musculado…Tudo sendo, obviamente, potenciado quando se recolhe a capota.



Num habitáculo marcado pela qualidade, o estilo é mais desportivo que o da carroçaria – e, também, muito tecnológico, saltando à vista o painel de instrumentos digital (12,3”), e o ecrã central (11,9”) montado na vertical, para comando do (justamente) mais do que elogiado sistema multimédia MBUX. A novidade é, no CLE Cabrio, este ecrã incluir uma muito útil regulação elétrica da inclinação (de 15º a 40°), estreada no SL novo, para que os reflexos da luz solar, com a capota aberta, não dificultem a sua visualização, mesmo nos dias mais soalheiros.


Elogios para o espaço destinado a passageiros e bagagens

 

Elogios, igualmente, para o espaço destinado a passageiros e bagagens. Variando entre 295 litros (capota aberta) e 385 litros (capota fechada), a capacidade da mala é das melhores na categoria, estando na respetiva tampa colocado o botão que permite optar entre as duas volumetrias, através da movimentação elétrica do painel que separa a bagageira do compartimento onde fica arrumada a capota quando removida – estando recolhido, a capota não abre. Por seu turno, como a distância entre eixos (2,685 m) é maior do que a dos anteriores Classe C Cabrio (+25 mm) e Classe E Cabrio (+12 mm), a habitabilidade, sobretudo o espaço para pernas atrás, é bastante razoável, e das melhores da classe, embora seja precisa alguma ginástica para aceder aos dois lugares posteriores – além de que, com a capota montada, a altura atrás não é a mais generosa, condicionando o transporte de passageiros de estatura mais elevada.



Aberto ou fechado?

Em marcha, e ainda no formato “fechado”, uma das maiores qualidades do CLE Cabrio, independentemente da velocidade é o excelente conforto térmico e acústico, surpreendendo a forma como a capota, composta por várias camadas de lona, combinadas com materiais específicos de isolamento, torna o interior quase num casulo – muito poucas marcas são capazes de igualar a mestria da Mercedes neste domínio. Mas, se é bom saber que, faça chuva ou faça sol, esteja frio ou calor, estamos sempre muito bem neste interior, a verdade é que um descapotável existe, por definição, para conduzir a céu aberto, pelo que é tempo de abrir a capota, o que até pode ser feito em andamento, tal como fechá-la (em ambos os casos, em 19 segundos e até aos 60 km/h).


Muito boa proteção aerodinâmica

Agora, primeiros elogios  para a proteção aerodinâmica, muito boa, mesmo a velocidades típicas de autoestrada, sobretudo quando se pressiona o botão existente entre os bancos dianteiros, que faz mover eletricamente dois elementos determinantes para que o vento não incomode os ocupantes: a rede existente entre os dois encostos de cabeça traseiros; e o sistema Aircap, com uma lâmina que se eleva sobre a secção superior da moldura do para-brisas, por forma a fazer passar o ar por cima da cabeça de quem segue a bordo. Numa condução a dois, ou a solo, é possível reduzir ainda mais a turbulência através da opcional rede deflectora (400 €), a montar sobre o banco traseiro; quando a temperatura baixa, ligando-se o cachecol virtual Airscarf, instalado nos encostos de cabeça dianteiros, a projeção de ar quente em redor do pescoço dos passageiros faz com o frio não seja impeditivo de conduzir de cabelos ao vento.



Ponto sempre sensível nos descapotáveis criados a partir de modelos em que o tejadilho metálico fixo deu lugar a uma capota removível é a robustez da estrutura, por bons que sejam os reforços aplicados para compensar a troca. No caso do CLE Cabrio, entre outras medidas, foi adotado, nos pilares dianteiros, um aço quatro vezes mais resistente do que o utilizado no Coupé, para que a rigidez torsional seja superior em cerca de 50% à do antigo Classe C Cabrio. Pelo que, mesmo com a capota aberta, inclusive em pisos degradados, ou numa condução mais agressiva, e apesar da afinação desportiva da suspensão, não são sensíveis grandes abalos estruturais, nem audíveis ruídos parasitas, o que também avaliza a robustez da montagem, apesar do recurso, em lugares mais recônditos, a alguns (poucos!) plásticos de qualidade mais mediana…



Em termos puramente dinâmicos, a condução é mais uma boa surpresa. Embora a firmeza do amortecimento impeça que as imperfeições do piso sejam impercetíveis para os ocupantes, nem por isso a competência das evoluídas suspensões na absorção das irregularidades deixa de garantir um elevado conforto a bordo. Sendo este acerto de chassis que, juntamente com uma direção rápida e precisa, é responsável por um comportamento bastante eficaz, apesar das quase duas toneladas de peso, tudo concorrendo para uma condução fácil, segura e extremamente agradável, inclusive a ritmos mais acelerados, em que a envolvência ao volante é inegável, e o divertimento não deixa de ser possível, embora seja a ritmos de passeio que o CLE 200 Cabrio revela o melhor de si.



O “segredo”

Trunfo que se deve, em parte, ao motor de 4 cilindros com 204 cv e 320 Nm (constantes entre as 1600-4000 rpm, “cortesia” do turbocompressor), auxiliado por um sistema “mild-hybrid” a 48 V, em que um motor elétrico fornece 23 cv e 205 Nm adicionais em determinadas situações. Bem coadjuvado por uma eficiente caixa automática de 9 velocidades, este é um grupo motopropulsor não só muito suave, como capaz de garantir prestações mais do que suficientes para um descapotável com esta vocação, a que se juntam consumos muito bons, sobretudo em estrada e autoestrada, embora também não desapontando em cidade, ou numa utilização mais empenhada (em condições reais de utilização, E-AUTO obteve 6,4 l/100 km em estrada, 7,3 l/100 km em autoestrada, e 8,9 l/100 em cidade, para uma média ponderada de 8,08 l/100 km). E se a sonoridade não é a de um nobre V6, e muito menos a de um musculado e rouco V8, o “ronco” que emite também não desagrada, mesmo quando se circula de capota aberta, ainda que, neste caso, seja audível o característico zumbido da entrada em funcionamento do turbocompressor.



Aqui chegados, não será difícil perceber porque esta poderá muito bem ser a versão mais apetecível do novo Mercedes. Aos trunfos comuns a todos os seus irmãos de gama, o CLE 200 Cabrio junta um motor capaz de cumprir com as exigências que é legítimo impor a um descapotável, mesmo nos dias em que apetece usufruir de um pouco mais de divertimento ao volante, com a vantagem adicional dos consumos contidos, a que se junta o preço de aquisição mais baixo da gama. Ou seja: acessível, sim; modesto, não!



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