Voyah Courage RWD Exclusive 80 kWh
- José Caetano

- há 1 dia
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Marca na órbita da Dongfeng, “peso pesado” propriedade do estado chinês, a Voyah criada em 2019 produz apenas automóveis elétricos com posicionamento “premium”. Recentemente, a gama ganhou proposta mais acessível (em Portugal, isto significa, no mínimo, 50.000 €!…). Chama-se Courage, tem o formato de Sport Utility Vehicle (SUV) e, na versão Exclusive, dispõe de motor de 292 cv, bateria com 80 kWh de capacidade e tração traseira.

O Grupo Salvador Caetano tem diversas marcas chineses no portefólio. A Voyah é a menos (re)conhecida e, também, a mais jovem e elitista – foi fundada apenas em 2019 e posiciona-se no mercado “premium”. Propõe só automóveis elétricos, que são, maioritariamente, diferenciados e diferenciadores, por combinarem imagens diferentes de quase tudo o que conhecemos com luxo e sofisticação muito acima da média. O fabricante baseado em Wuhan integra consórcio enorme propriedade do estado (Dongfeng), razão por detrás da disponibilidade de recursos financeiros, técnicos e tecnológicos abundantes.
O Courage posiciona-se na base de gama que não é diversificada nem numerosa. Este automóvel com o formato da moda (Sport Utility Vehicle ou apenas SUV) tem dimensões generosas (confirmam-nas os 4,725 m de comprimento ou os 2,900 m entre eixos) e posiciona-se no segmento médio (D), que não tem a expressão do C ou do B nas matrículas de carros novos no nosso País, independentemente do tipo de motorização (elétrica, híbrida ou térmica). Logo, trata-se de carro que não entra no radar de muitos clientes portugueses, mesmo contando com duas mãos (bem) cheias de qualidades.

O Voyah mais acessível, comercialmente, posiciona-se na fasquia dos 50.000 €. O Courage apresenta-se com desenho muito moderno, distingue-se pela assinatura luminosa OLED que sobressai muito mais à noite do que durante o dia e dispõe de interior que associa qualidade a tecnologias “premium” – o programa multimédia, por exemplo, tem sistema operativo HarmonyOS desenvolvido em parceria com a Huawei para conetividade de topo e, sobretudo, experiência de utilização intuitiva. No entanto, estas promessas cumprem-se só parcialmente, devido à exigência de período de adaptação à atuação do monitor tátil de 15,05’’ que pode deslizar para o lado passageiro, mas a equipa que trabalhou na conceção do automóvel arrumou, habilmente, no centro do painel de bordo.

Sistema multimédia estranha-se e entranha-se
A organização de menus e submenus “estranha-se e entranha-se” e o sistema tem funções que surpreendem tanto pelo ineditismo e originalidade como pela falta de utilidade. No Voyah Courage com martelo quebra-vidros vermelho (?) à disposição na parte inferior da consola entre os bancos dianteiros, recurso muito comum em transportes públicos, nomeadamente em autocarros de passageiros, mas invulgar num automóvel de produção em série, encontra-se função que permite a emissão de sons para o exterior da viatura, de aplausos a arrotos ou assobios, de miares de gatos a latidos de cães – e o Fun Sound com Animal Sound, por integrar microfone, permite até o recurso à nossa voz! E também tem câmara no módulo do retrovisor interior para o registo de fotos dos passageiros a bordo. Não gostámos do sistema de abertura e fecho dos vidros, que trabalha ao contrário da regra, nem dos botões e comandos no volante, por serem hipersensíveis ao toque e trabalharem mais do que o necessário.

Em contrapartida, na habitabilidade e na qualidade da construção, item que inclui a montagem e os materiais, Courage (quase) “à prova de bala”! A generalidade dos materiais impressiona-nos positivamente e o espaço a bordo, considerando que o SUV da Voyah tem “apenas” cinco lugares, é generoso “q.b.” em todas as direções, mas sobressaem mais os muitos centímetros disponíveis para as pernas. Existem diversos compartimentos de arrumação no interior, compartimento de carga sob o “capot” dianteiro (“frunk”) com 70 litros de capacidade e bagageira com 527 litros. A capacidade da bagageira, com o rebatimento (fácil) dos encostos dos bancos de trás, aumenta para 1400 litros.
O Courage tem posição de condução, obviamente sobrelevada, a norma nos SUV, corretíssima e o “proprietário” do volante desfruta de instrumentação em monitor com 6’’ e, sobretudo, Head-Up Display com 29’’ e realidade aumentada. De resto, mesmo não dispondo do controlo contínuo do amortecimento (CD) que equipa só a versão de topo (Luxury, 435 cv), o automóvel apresenta movimentos moderados da carroçaria nas transferências de massa, em curva ou nas mudanças repentinas de direção. E, assim, mesmo sem brilhantismo, agilidade, precisão e segurança na condução.
Conforto surpreende mais do que a dinâmica
Baseado numa arquitetura técnica modular nativa, o ESSA (o acrónimo de Electric Smart Secure Architecture), o Voyah, nesta versão básica Executive, tem máquina elétrica com 215 kW (292 cv) e 420 Nm alimentada por bateria LPF com 80 kWh de capacidade nominal. O SUV com tração traseira, di-lo a Voyah e confirmou-o este teste, percorre quase 470 km entre recargas, selecionando um modo de condução que privilegia mais a eficiência energética do que as “performances” (existem sete programas à disposição: Eco+, Eco, Comfort, Sport, Outing, Snow e Custom). Este sistema admite recarregamentos rápidos até 145 kW (em 35 minutos, recupera-se 80% da capacidade de armazenamento) e o condutor, em submenu do monitor de bordo, pode até adaptar a intensidade da capacidade de recuperação de energia.
Conduzindo despreocupadamente, 200 km/h de velocidade máxima (e a limitação eletrónica que também abrange a versão de topo Luxury, com 445 cv e sistema de quatro rodas motrizes, tem a vantagem de proteger a autonomia) e 6,9 s de 0 a 100 km/h. No modelo mais potente da gama, este arranque cumpre-se em 4,6 s.
No Courage Exclusive, o motor elétrico montado no eixo traseiro aciona apenas as rodas posteriores e assegura arranques de 0 a 100 km/h em 6,9 s. Como é habitual nos carros elétricos, para proteção da autonomia, a velocidade máxima encontra-se limitada, eletronicamente, a 200 km/h. No entanto, mesmo considerando estas “performances”, as dimensões e o peso condicionam o desempenho dinâmico do SUV da Voyah, que soma mais pontos positivos no conforto, mesmo apresentando jantes de 20’’. E deve-o à filtragem competente do piso e ao isolamento do interior.

O equipamento é abundante, encontrando-se apenas a pintura metalizada (900 €) inscrita entre os opcionais. E, assim, observando o copo meio vazio, possibilidade limitada de personalização de automóvel com painel negro iluminado por 215 LED no “rosto” (substitui a grelha que encontramos nos carros com motores térmicos). Um pormenor que combina com a imagem de audácia reivindicada pela marca na comunicação do modelo.





































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