BYD Tang Flagship
- João Isaac
- 27 de dez. de 2024
- 5 min de leitura
O Tang ocupa um lugar especial na gama da BYD, sendo o responsável pela entrada da marca chinesa na Europa. Alvo de uma renovação profunda que lhe trouxe, por exemplo, uma nova bateria de maior capacidade, o Tang quer reforçar a sua posição no segmento dos SUV elétricos com 7 lugares.

Lançado originalmente em Portugal em maio de 2023, o BYD Tang chegou ao mercado numa altura em que a oferta de modelos 100% elétricos de sete lugares era escassa, contexto que, entretanto, ganhou uma nova dinâmica com a chegada de modelos como o Peugeot E-5008 e o Tesla Model Y com três filas de bancos. Não é por isso de estranhar que a BYD tenha implementado uma abrangente modernização ao seu grande SUV, quer ao nível da condução, quer igualmente ao nível dos conteúdos tecnológicos que o equipam.
Exteriormente, o Tang incorpora agora a mais recente linguagem de design da BYD, aproximando-o visualmente dos restantes modelos da gama. A frente conta com novos faróis full LED e a já habitual lâmina prateada da BYD, elementos que, em conjunto com um novo para-choques, renovam por completo a identidade frontal do Tang. Novas são também as jantes de liga leve de 21 polegadas, com um design mais aerodinâmico, bem como os farolins traseiros com efeito tridimensional.

A bordo, e em linha com o seu posicionamento “premium acessível”, há que destacar, desde logo, a sensação de qualidade elevada que se faz sentir. Uma seleção de materiais de qualidade combinada com acabamentos bastante convincentes faz do habitáculo do Tang um excelente sítio para se estar e viajar. Ao nível da, atualmente “obrigatória”, digitalização, o maior dos modelos da BYD foi reforçado com um novo sistema de infotainment com ecrã rotativo de 15,6 polegadas, com boa definição e tempo de resposta reduzido, o qual permite uma experiência mais personalizada e intuitiva. Neste aspeto, nota positiva para o assistente de voz, através do qual é possível controlar, por exemplo, o ar condicionado, os modos de condução ou os vidros elétricos. Novo é também o head-up display, um sistema mais evoluído do que o já disponível noutros modelos da gama. O elevado conforto a bordo é ainda complementado por elementos como os bancos dianteiros aquecidos e ventilados, o enorme teto panorâmico, o controlo independente da temperatura na segunda fila de lugares, bem como pelo poderoso sistema de som da Dynaudio.

Em termos de habitabilidade, é importante destacar, desde logo, a fácil acessibilidade proporcionada pelas grandes portas traseiras. A regulação longitudinal da segunda fila permite “jogar” com os centímetros livres para as pernas ou com o espaço disponível lá mais atrás, garantindo versatilidade e adaptabilidade às necessidades de transporte de mais passageiros ou de bagagens. Na posição mais recuada do assento, o espaço na segunda fila é muito amplo, sendo ainda possível reclinar o encosto para maior conforto nas longas viagens.
Para os dias em que cinco lugares não chegam, o par de bancos adicional é facilmente elevado a partir do piso da bagageira, sendo apenas necessário retirar a chapeleira de rolo e guardá-la fora do Tang, uma vez que não existe na restante bagageira um local específico para o fazer. O acesso aos dois pequenos lugares traseiros é feito de forma relativamente fácil, com o banco da segunda fila a reclinar-se para a frente e a garantir uma abertura que, embora não exija um grande esforço, talvez seja mais aconselhável a pessoas de estatura mais pequena ou a crianças. Com os devidos ajustes feitos à segunda fila, sem comprometer exageradamente o conforto de quem ali estiver sentado, é possível viajar com folga suficiente lá mais atrás. Os joelhos vão, como é hábito, muito elevados, mas o espaço disponível até surpreende pela positiva considerando o que é usual encontrar no segmento. Os passageiros da terceira fila contam ainda com saídas de ar, luzes de cortesia, suporte para copos e altifalantes dedicados. Já a capacidade da bagageira, do piso ao tejadilho, varia entre os 235 litros disponíveis na configuração de sete lugares e os 1.655 litros com as duas filas traseiras rebatidas. Com lotação para cinco passageiros, o volume útil é de 940 litros.
Os quase cinco metros de comprimento do grande SUV familiar da BYD escondem, no entanto, uma configuração elétrica de números impressionantes, dignos de desportivo. A combinação de uma máquina elétrica por cada eixo proporciona uma potência máxima de 380 kW – 517 cv – e um binário total de 700 Nm, um incremento de 20 Nm relativamente à geração de produto anterior. Não é por isso de estranhar que, embora declare uma tara de 2.630 kg, o Tang consiga acelerar de 0 a 100 km/h em 4,9 segundos, só parando de ganhar velocidade ao atingir os 190 km/h. A já conhecida Blade Battery da BYD foi também alvo de melhorias, continuando a apostar numa composição química LFP, lítio-ferro-fosfato, mas dispondo agora de 108,8 kWh de capacidade em vez de 86,4 kWh. A autonomia declarada passou, assim, dos 400 quilómetros para uns bem mais expressivos 530 quilómetros segundo o ciclo WLTP combinado, valor teórico que, neste teste, quase conseguimos atingir com um consumo médio final de 21 kWh/100 km. A potência máxima de carregamento DC suportada pelo novo Tang é de 170 kW, estando igualmente equipado com um carregador de bordo AC de 11 kW.

Ao volante, a experiência é dominada pela imediata sensação de conforto, a qual é, em grande parte, explicada pelo controlo de amortecimento inteligente DiSus-C, cujo funcionamento varia de acordo, por exemplo, com o modo de condução selecionado, o ângulo de direção, a posição do pedal do acelerador e a velocidade.
A suspensão consegue, quase sempre, manter bem controlados os movimentos excessivos da carroçaria, algo que, com um peso total superior a 2,6 toneladas, não é tarefa fácil.
O desconforto que daí poderia resultar é eficazmente compensado, conferindo ao Tang excelentes capacidades enquanto rolador, algo que as grandes famílias irão, certamente, apreciar. Selecionando-se o modo de condução mais desportivo – entre os quatro disponíveis: Sport, Normal, Eco e Snow - o amortecimento torna-se mais firme, permitindo uma condução mais ágil. Com praticamente 1,75 metros de altura, o Tang não é, nem pretende ser, uma referência dinâmica. Mas o bom trabalho da suspensão, a colocação baixa da grande bateria e a muita capacidade e adaptabilidade da tração integral inteligente, potenciada pela eficaz “borracha” Michelin Pilot Sport 4 de medida 265/45, deixaram impressões positivas.

O Tang está, sem quaisquer dúvidas, melhor. A oferta tecnológica foi amplamente reforçada e, tão ou mais importante num veículo familiar que será, garantidamente, utilizado para as longas viagens nas férias, a bateria é agora maior e suficiente para mais de 500 quilómetros de autonomia, suportando ainda uma potência superior de carregamento que, no posto certo, permitirá repor o nível de carga pretendido mais rapidamente. Não é por isso de estranhar que, apesar de reconhecer a especificidade da sua proposta, e de reconhecer que a concorrência é agora maior, a BYD tenha estabelecido o objetivo de incrementar as vendas anuais do Tang em cerca de 50%, apontando-o, por exemplo, às empresas, com um preço final de 61.057 euros, antes de impostos.

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