Citroën ELO: MPV em vez de SUV!
- Pedro Junceiro
- há 24 minutos
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A Citroën apresenta-o como automóvel “três-em-um” que tem a particularidade de recuperar formato quase abandonado, após o êxito que registou, sobretudo, na década de 1990, devido ao sucesso estrondoso dos Sport Utility Vehicles (SUV), carros que representam, atualmente, mais de 50% das vendas no mercado europeu: Multi-Purpose Vehicle (MPV), ou monovolume! Chama-se ELO Concept, baseia-se na mesma arquitetura técnica de C3 e C3 Aircross, conta com motorização elétrica, mede 4,10 m de comprimento e tem seis lugares. A marca garante que não há plano para produzi-lo de série, independentemente de introduzir muitas soluções na agenda para um futuro não muito distante (desenho, tecnologia, etc.).
O ELO Concept é abordagem revolucionária ao que pode ser automóvel capaz de passar por processo rápido de transformação para adaptação muito hábil a diferentes tipos de utilização. A marca do “double Chevron” define-o como um “laboratório de ideias” que liberta a audácia e a criatividade que associamos à Citroën, mesmo tratando-se apenas de protótipo pensado sem quaisquer ambições de abrir caminho à produção de carro novo, mesmo se a hipótese também é recusada, pelo menos de forma taxativa.
Evolucionista, irreverente e ousado. Este conjunto de adjetivos descreve bem o ELO Concept, estudo que pretende demonstrar como um automóvel que acompanha as tendências atuais da sociedade pode tornar-se num parceiro ótimo para o trabalho, o prazer e o repouso. Essa é mesma a ideia por detrás de estudo que sucede ao OLI Concept de 2022, que também serviu de laboratório para o desenvolvimento de soluções já aplicadas pela Citroën em automóveis que integram o catálogo da marca.
A Citroën, fabricante com mais de 100 anos, tem no currículo diversos estudos carismáticos que serviram de telas para a apresentação e a exploração de ideias, sendo esse, também, um dos atributos destacados por Xavier Chardon, o administrador-delegado da marca, na estreia do ELO Concept, que classificou como uma abordagem audaz e visionária que abre caminho ao futuro da mobilidade, a exemplo do que fez o Ami, num passado recente.
De acordo com Chardon, é o próprio posicionamento da marca que muda, de acordo com a ideia de que “a vida é melhor num Citroën”. E é-o com base em três valores descritos pelas palavras “Caring” (cuidar), “Clever” (inteligente) e “Créatif” (criativo). “Um carro nunca é só apenas um carro, também tem o poder de transformar de vidas. A primeira palavra descreve o conforto, a paz de espírito e a hipótese de propormos mais por menos. A segunda remete-nos para o poder de escolha das motorizações, o que é extremamente importante na Europa, mas também a lotação e o formato da viatura. A terceira recorda a história dos ‘concepts’ e as abordagens inovadoras tanto do ‘design’, como da utilização”, referiu.

“O ELO interpreta na perfeição todos os valores da Citroën, demonstra a direção dos nossos pensamentos atuais. Preenche todos os requisitos do que tem sido o ADN da marca há mais de 100 anos e do que pretendemos fazer nos próximos anos: é criativo, ousado, acessível, responsável, engenhoso e dedicado ao bem-estar. Transmite uma mensagem forte e reflete a visão do que ambicionamos para a Citroën”, rematou.
Formato alegre
A cor de carroçaria destaca o espírito alegre e jovial do estudo, com um tom laranja vibrante que tornar-se vermelho e amarelo em função da luz. O laranja é, também, a cor dominante no habitáculo, que reinterpreta o conceito “C-Zen Lounge” da Citroën. Existem compartimentos para arrumação tridimensionais inspirados no mundo do vestuário desportivo, enquanto os bancos são no padrão “quadrado de chocolate”.

No ELO Concept, rodas nas extremidades, linha de cintura muito baixa e superfícies vidradas amplas (num total de 4,5 m2), o que “inunda” o interior de luz. O exterior é marcado, ainda, por elementos gráficos como os arcos nas cavas das rodas. A dianteira tem uma assinatura luminosa semelhante à do C5 Aircross, com módulos verticais redesenhados e divididos em duas zonas, enquanto o logótipo é maior nas duas extremidades. Os para-choques são iguais na dianteira e na traseira, como no Ami, e em polipropileno expandido, para maior proteção dos pequenos toques. A traseira é do tipo “Light Wings” com elemento superior flutuante. Para acesso ao compartimento de carga, porta dupla assimétrica, como nos furgões.
Os pneus foram desenvolvidos pela Goodyear e pensados para utilização ao ar livre. Mantém-se a aliança entre a fabricante de pneus norte-americana e a marca francesa, que já dura há vários anos ao nível do desenvolvimento de soluções inovadoras para protótipos.
Modularidade exemplar
O acesso ao interior faz-se através de grandes portas que abrem lateralmente. A dispensa dos pilares B facilita-o, por criar uma abertura com 1,92 m. O banco do condutor pode girar a 360º e tem o apoio de suporte para computador. A coluna de direção foi deslocada o máximo possível para a frente, o que aumenta a impressão de espaço a bordo, enquanto a altura livre no habitáculo (1,70 m) facilita a movimentação dentro do carro. Como o futuro não dispensa o passado, o volante monobraço é inspirado no DS de 1955. Neste caso, está equipado com dois botões em forma de “joystick” para controlo da instrumentação digital.
Os bancos da segunda fila têm costas rebatíveis, são removíveis e podem usar-se no exterior. Os laterais “escondem” as cadeiras que podem instalar-se ao lado do posto de condução. E o interior também pode transformar-se num espaço de repouso (colchões insufláveis) ou numa sala de cinema. E existe função que permite utilizar a bateria para alimentar equipamentos externos. Para melhorar a experiência a bordo ou aumentar a capacidade de carga em altura, também é possível abrir parte do tejadilho (manualmente).
Muitas das ideias foram desenvolvidas em parceria com a Decathlon, marca que projeta e vende acessórios para desporto e atividades ao ar livre. A parceria permitiu à Citroën testar materiais novos. Os colchões dobrados na bagageira são em “Dropstitch”, como as pranchas de surf e os caiaques da empresa francesa. O ar comprimido para os colchões encontra-se a bordo e também permite encher pneus de bicicletas.

Será produzido?
Resta saber se o ELO verá a luz do dia. Os responsáveis da Citroën com que E-AUTO falou não descartaram essa hipótese, mas o mais provável é que o estudo introduza ideias para adoção, no futuro, noutros automóveis da marca, de forma combinada ou independente.

















































