Fiat Grande Panda Hybrid eDCT La Prima
- José Caetano

- 1 de ago.
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A Fiat tem geração nova do Panda, a quarta desde 1980. O sucessor do automóvel introduzido em 2011 ganha o nome Grande, devido ao aumento (muito) importante das dimensões e ao reposicionamento no segmento B, em vez de no A, produz-se, ainda, apenas como elétrico ou híbrido. Depois de experimentarmos o primeiro, conduzimos o segundo, que tem 110 cv e preços a partir de 18.600 €.

O Grande Panda é o primeiro automóvel produzido pela Fiat para vender em todo o mundo desde o fim da carreira comercial do Palio (1996-2017). Este facto, por si, é demonstrativo da importância do carro com quase 4 m de comprimento e 5 portas baseado na Smart Car, arquitetura técnica da Stellantis que também encontramos nas gerações novas do Citroën C3 e do Opel Frontera. Os italianos, finalizado este programa de lançamento, planeiam fabricar cerca de 300.000 exemplares por ano em três unidades industriais, duas na Europa (Itália e Sérvia), outra na América do Sul (Brasil).
Atualmente, o sucesso do fabricante mais internacional da Stellantis – o mercado europeu representa apenas 40% das vendas… – depende muito do Strada à venda na América do Sul, nomeadamente no Brasil, e do Tipo que continua a produzir-se na Turquia e a comercializar-se em diversos países com economias emergentes. A introdução do Grande Panda “abana” este “status quo” e cria oportunidade à Fiat.

Olivier François, diretor do construtor, apresenta-o como candidato a “best-seller” e antecipa que o mercado europeu represente só 50% das vendas. E, nesta região, como o programa de eletrificação do automóvel avança mais depressa, estima-se que as versões sem motores de combustão interna representem entre 15% a 20% do número total de registos do segmento B novo. Em Portugal, o Elétrico com 113 cv e bateria com 45 kWh de capacidade (até 320 km de autonomia, promete-se…) tem preços desde 23.547 €.
Na gama do subcompacto, que contará com mecânica térmica sem tecnologia de eletrificação até ao fim do ano, mas só nos mercados que a exigem, o que tornará o carro ainda mais atrativo e competitivo, comercialmente, também encontramos motorização híbrida (MHEV). Está disponível com três níveis de equipamento (Pop, Icon e La Prima) e encontra-se disponível a partir de 26.600 €. Em Itália, na estreia dinâmica do Grande Panda Hybrid, conduzimos a versão (térmica) de topo.

Habitabilidade e mala convencem
O Grande Panda Hybrid, no essencial, é igual ao Grande Panda Elétrico. Logo, tem habitáculo muito espaço, bagageira com capacidade acima da média na categoria e dimensões compactas que facilitam sobremaneira a manobrabilidade em meios urbanos, o “habitat” do subcompacto da Fiat. A condução citadina é sempre ágil e é-o devido à ligeireza de todos os comandos importantes para a função e, ainda, à resposta convincente do sistema de propulsão. Mas, por partes, ponto por ponto…
O interior do Grande Panda tem espaço mais do que suficiente para cinco adultos, mas recomenda-se apenas quatro a bordo, com dois nos bancos posteriores, uma vez que o lugar central traseiro tem dimensões mais reduzidas e, por isso, é menos confortável, o que desaconselha a utilização em deslocações demoradas. O carro da Fiat, recordamo-lo, comparado com o automóvel que substituirá, após o fim da terceira geração, de 2011, que a marca de Turim continua a produzir em Itália, por ainda existir procura, tem mais 35 mm de comprimento e 24 cm entre eixos. E são estas diferenças nas dimensões que explicam quer o nome do carro novo, quer as vantagens que apresenta no frente a frente com o Panda, nomeadamente na mala – 412 a 1366 litros “contra” 225 a 1000 litros.

O Grande Panda tem, igualmente, apresentação (exterior e interior) mais atrativa e moderna. No habitáculo, materiais e montagem de qualidade, mesmo tratando-se de zona em que o plástico é predominante, não detetámos falhas muito graves na ergonomia e, no painel de bordo, existem, ainda, monitores para a instrumentação (10’’) e o programa multimédia (10,25’’) – estão posicionados longitudinalmente e lado a lado sob cobertura com desenho inspirado no circuito oval que ainda existe no topo do Lingotto, fábrica construída entre 1916 e 1923, e desativada em 1982. A possibilidade de personalização dos menus e a informação são limitadas (regista-se, por exemplo, a inexistência de dados sobre os consumos). A climatização tem comandos físicos, o que torna a utilização mais fácil e intuitiva, facto que também beneficia a segurança na condução, e conta-se com a hipótese de desativação de diversas assistências eletrónicas, como a que alerta para o limite de velocidade.
O Grande Panda não tem o formato da moda na indústria automóvel (Sport Utility Vehicle), mas o sucesso da fórmula no segmento B fez com que a Fiat trabalhasse na conceção de carro que tem algumas características desse tipo de modelos, da posição de condução sobrelevada aos 183 mm de altura ao solo. E o banco tem o apoio de cabeça integrado no encosto, o que impede a regulação em altura desse elemento.

Motorização (re)conhecida
A versão Hybrid tem sistema da Stellantis com competências (re)conhecidas. Esta motorização já equipa diversos automóveis do consórcio, nomeadamente Citroën C3, Jeep Avenger, Opel Corsa e Peugeot 208. A mecânica térmica com 3 cilindros, 1,2 litros, injeção direta e sobrealimentação turbo disponibiliza 101 cv e é apoiada por máquina elétrica com 29 cv arrumada na caixa automática de 6 velocidades e embraiagem dupla – e alimenta-a bateria com 0,89 kWh de capacidade nominal e 0,43 kWh de capacidade bruta. E, assim, este carro consegue movimentar-se sem emitir gases de escape e silenciosamente, mas apenas em distâncias pequenas e só a ritmo muito moderado! No entanto, assim, cumpre-se a missão de diminuir o consumo de combustível.
O Hybrid com 110 cv (a potência combinada do sistema) tem apenas mais 3 cv do que o Elétrico, mas o primeiro Grande Panda peso muito menos do que o segundo (a diferença aproxima-se dos 220 kg!), o que beneficia consumo e “performances”, com 10 segundos em vez de 11 no arranque 0-100 km/h e 160 km/h em vez de 132 na velocidade máxima. A motorização não é tão silenciosa como a elétrica, mas o Fiat está bem insonorizado e a tecnologia MHEV controla muito bem a intervenção dos dois motores e atuação da regeneração da energia durante as desacelerações e as travagens, a forma de recarregamento da bateria.
Dinamicamente, o Grande Panda também satisfaz, mesmo conduzindo-o fora dos ambientes urbanos em que é mais “despachado”. A suspensão trabalha de forma correta no amortecimento das irregularidades dos pisos e no controlo de todos os movimentos da carroçaria nas transferências de massa – mas apenas e só se não exagerarmos na velocidade em curva.






























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