Hipster Concept: o E-CAR da Dacia!
- José Caetano

- 15 de out.
- 3 min de leitura
A Dacia não esperou por qualquer resposta da Comissão Europeia (CE) à proposta da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) para a produção de geração nova de carros citadinos, elétricos e, principalmente, acessíveis. O E-CAR da marca romena do Grupo Renault chama-se Hipster e ainda é apenas “proposta de trabalho” (leia-se um “concept”).
A indústria automóvel europeia está confrontada com emergência que pressupõe respostas assertivas e rápidas capazes de garantirem a sobrevivência de atividade com peso enorme na economia e na sociedade, por produzir riqueza e representar emprego. As razões por detrás do problema estão diagnosticadas e, atualmente, o tempo é de decisões e trabalho em contrarrelógio.
Katrin Adt, a alemã que comanda a Dacia, diz que a marca, “mais do que nunca, é resposta ao futuro da mobilidade”, reinterpretando, continuamente, o princípio do essencial num automóvel. De acordo com a mesma responsável, os regulamentos europeus representam ameaças à liberdade individual, também por obrigarem ao recurso a conteúdos e tecnológicos que aumentam os pesos dos carros, facto que origina contradição, por ter impacto negativo nas emissões que os fabricantes têm de diminuir mais rápida e significativamente: CO2.
Tem 3 m, 3 portas e 4 lugares
A Dacia, no entanto, propõe-se “reinventar o carro para todos”. Apresenta-o com o Hipster Concept, estudo que desenvolveu a partir da experiência adquirida com o Spring produzido na China, que já conta com mais de 180.000 unidades entregues desde 2021. A marca, baseando-se nos registos de utilização do citadino elétrico, diz que os proprietários, em média e por dia, fazem quatro viagens e percorrem só 34 km. Mais: na Europa, o exame ao quotidiano da mobilidade automóvel também permite concluir que as velocidades médias das deslocações não ultrapassam os 56 km/h, as distâncias percorridas são inferiores a 40 km e a ocupação dos carros é inferior a 1,6 pessoas!
Ora, considerando tudo isto, a Dacia desenvolveu este Hipster Concept, que tem, desde logo, a particularidade de apresentar-se com pegada carbónico 50% inferior à do melhor carro elétrico do momento, neste item. O protótipo com formas muito geométricas tem apenas 3 m de comprimento, 3 portas, 4 lugares e bagageira com 70 litros de capacidade, na configuração “standard”, com os encostos posteriores posicionados na vertical (rebatendo-os, cria-se compartimento com 500 litros!). A marca propriedade do Grupo Renault anuncia, ainda, peso abaixo de 800 kg, o que significa que o carro é 20% mais leve do que o Spring (1051 kg, no mínimo).

Duas viagens/dia, duas recargas/semana
O Hipster Concept tem, ainda, posição de condução sobrelevada (a marca diz que é semelhante à do Bigster, o Sport Utility Vehicle com estatuto de topo de gama) e, também, equipamento reduzido ao essencial, sobretudo no campo da segurança, contabilizando-se dois “airbags” e poucas assistências eletrónicas à condução. A instrumentação apresenta-se em monitor digital, mas o sistema multimédia não é mais do que o “smartphone” do proprietário, que pode receber uma mão cheia de aplicações “à medida” do Dacia.
A Dacia não anunciou capacidade para a bateria nem potência para a motorização elétrica do Hipster, mas confirmou que estudou sistema para duas viagens por dia com duas recargas por semana. Porta-voz da marca romena admitiu a hipótese de produção “Vamos ver as reações ao ‘concept’. Potencialmente, no Grupo Renault, temos recursos para fazê-lo. A ambição é estarmos hoje onde o mercado vai estar amanhã, e redefinir, permanentemente, o essencial num automóvel. O sucesso da marca deve-se a esta abordagem disruptiva”. De acordo com a mesma fonte, este carro elétrico, fabricando-se, beneficiará de preço acessível, cumprindo condição para a democratização da tecnologia de substituição do motor de combustão com comércio proibido na Europa, nas viaturas novas, a partir de 2035.







































Comentários