Hyundai debate inteligência artificial na mobilidade
- Pedro Junceiro

- 25 de out.
- 3 min de leitura
O desenvolvimento da inteligência artificial (IA) e a aplicação da tecnologia à mobilidade encontraram-se entre os temas explorados pela Hyundai num debate que contou com a participação do assistente virtual do IONIQ 9! E concorda-se que existe potencial de revolução na forma como os passageiros se relacionam com os automóveis e viajam.

A bordo de Hyundai IONIQ 9, automóvel com estreia no mercado nacional programa para 2026, a inteligência artificial discutiu-se com algumas figuras não só da marca sul-coreana, mas também do setor tecnológico. Curiosa foi também a participação da IA generativa que equipa o Sport Utility Vehicle (SUV) de grandes dimensões posicionado no topo da gama de automóveis elétricos do fabricante asiátic.
Os intervenientes humanos “lideraram” a discussão, com Raf van Nuffel, Vice-Presidente de Produto da Hyundai Motor Europe, acompanhado por Tristan Horx, futurista e analisa de tendências, e Mario Trapp, Diretor Executivo da Fraunhofer IKS, personalidades que também demonstraram a modularidade do automóvel, nomeadamente na zona posterior do habitáculo, que foi criada à imagem de “sala-de-estar”.

Sobre a importância da IA, Raf van Nuff destacou a forma como os automóveis, hoje, são concebidos e experienciados, aproximando-se do conceito de “smartphone sobre rodas, que é uma descrição muito usada e até tem pontos de contacto com a realidade, já que existem cada vez mais semelhanças no desenvolvimento de ambos – por exemplo, o carro está sempre conectado e conta com atualizações ‘OTA’ que permitem personalizá-lo ainda mais. Mas ainda é um automóvel, pelo que existem muitos aspetos emocionais a separar dois objetos, como o ‘design’ ou as assistências eletrónicas à condução”.
O responsável da Hyundai explicou que um dos pontos mais importantes da revolução tecnológica associada à IA é o conceito de torná-la mais acessível e de utilidade máxima para os passageiros dos automóveis. “O primeiro passo é o que temos agora, desenvolvendo o reconhecimento de voz, digamos, de forma a torná-lo numa espécie de assistente de condução. É importante que seja muito natural – no passado, era quase necessário decorar certos comandos e acertar no sotaque. Como podem ouvir, o carro aprende até a forma como o condutor fala. Depois, trabalhar-se-á na aplicação da tecnologia à condução autónoma, o que acontecerá no próximo ano e nos seguintes. E espera-se que também contribua para progressos na eficiência dos carregamentos e da gestão de frotas”.

Aproveitar melhor o tempo no automóvel
O analista de tendências Tristan Horx explicou que o automóvel está a mudar e essa transformação será ainda mais pronunciada no futuro, nomeadamente em termos de aproveitamento do espaço e do tempo durante as viagens, por não fazermos o que a máquina “já está a fazer. Pessoalmente, passo muito tempo nas autoestradas e tenho a sensação de que perco muito tempo por ser obrigado a olhar para a estrada. Uma máquina pode fazê-lo, contando-se com muitas redundâncias, E tem a vantagem de não adormecer, nem de olhar para os telemóveis. Seria perfeito se eu pudesse apenas comunicar com o carro e dizer: ‘encontra-me isto’ ou ‘quero fazer isto’. A condução autónoma tornará as viagens mais seguras para todos”, concluiu.
O lado ético da IA também tem o seu impacto, com Horx a destacar que é fundamental não existir uma visão totalitária sobre o tema. “Há muito medo de que vá ser a causa da destruição de tudo, ou a absolvição, por poder, potencialmente, consertar tudo. É uma ferramenta que melhora muitas coisas, mas seria muito cuidadoso com essas visões ‘totalitárias’. Concentro-me muito na pesquisa geracional e podemos ver que as gerações mais jovens têm muito mais confiança e adaptabilidade à tecnologia, e isso pode ser visto no contexto da mobilidade. A mais velha é mais cética”, destacou.

Mario Trapp, especialista no desenvolvimento de IA e na sua aplicação em sistemas de segurança, abordou a necessidade de trabalhar a tecnologia para torná-la cada vez mais fiável. “Se confiamos as nossas vidas a um carro conduzido autonomamente, uma falha pode matar-nos, os matar outros utilizadores da estrada. Não faz sentido proibi-la, precisamos dela, é o nosso futuro”, explicou. “Vamos usar o potencial da IA e, ao mesmo tempo, garantir que não somos expostos a riscos inaceitáveis”, argumentou.
No mesmo sentido, Tristan Horx recordou que o “ser humano não é bom a fazer a mesma coisa durante oito horas. Cansa-se e distrai-se, e é normal que seja assim. Percebe-se, facilmente, as áreas em que a IA pode ajudar-nos. A tecnologia, em caso de acidente, deve sacrificar o peão ou o condutor? Os padrões éticos serão importantes, devido à necessidade de definir as responsabilidades do condutor e da máquina”, concluiu.







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