Novo Grandis na Mitsubishi
- José Caetano
- 1 de jul.
- 5 min de leitura
A Mitsubishi tem automóvel novo, o terceiro baseado num Renault. Depois de Colt (Clio) e ASX (Captur), a marca dos três diamantes “ataca” o mercado europeu com “derivado” do Symbioz! O Grandis, nome partilhado com monovolume (MPV) de 7 lugares fabricado de 2003 a 2011, apresenta-se com o formato da moda (SUV) e é produzido pelo parceiro francês do construtor japonês em Valladolid, Espanha. Na gama à venda a partir do outono, duas motorizações eletrificadas: MHEV com 141 cv e HEV com 154 cv.
A geração nova do Outlander PHEV, o Sport Utility Vehicle (SUV) que desempenha a função de topo de gama da Mitsubishi na Europa, modelo que apresentámos de forma detalhada na edição 13 de E-AUTO, representa apenas o início do programa do fabricante que opera sob o mesmo chapéu de Nissan e Renault para “atacar” a Europa em 2025, ano-chave para o sucesso de reintrodução da marca no mercado que decidiu abandonar em julho de 2020, porventura pressionada pelo impacto da COVID-19, pandemia que (quase) parou a produção e as vendas. Então, anunciou-se a não introdução de mais automóveis nesta região e reorganização da atividade que privilegiava, sobretudo, a concentração das operações na Sudeste Asiático. O objetivo era estancar a hemorragia financeira.
A mudança do prejuízo para o lucro nunca acontece espontaneamente, sobretudo num setor pressionado pelo aparecimento de muitos protagonistas novos – quase todos de origem chinesa – e a implementação pela União Europeia (UE) de normas de proteção ambiental cada vez mais restritivas. Esta combinação de fatores, sem capacidade imediata de reação, com arte, engenho e dinheiro, pode comprometer o futuro de diversos construtores. No entanto, no caso da Mitsubishi, em março de 2021, (alguma) luz ao fundo do túnel: acordo com a Renault permitiu a reversão da decisão de abandonar a Europa, devido à hipótese de fabricar, na região, uma mão cheia de automóveis novos.
A primeira fase do plano de reintrodução da Mitsubishi na Europa cumpriu-se com os lançamentos do Colt baseado no Clio e do ASX derivado do Captur, dois carros que os franceses produzem para os japoneses em fábricas no Velho Continente. A segunda etapa do programa cumpre-se durante este ano, com os lançamentos de Outlander PHEV, Grandis e Eclipse Cross. Só o topo de gama é produto original da marca nipónica, mesmo se a quarta geração do SUV com tecnologia híbrida Plug-In tem, também, arquitetura técnica de origem Renault Nissan: a plataforma CMF-CD de Austral, Espace, Rafale, Qashqai e X-Trail.
Na agenda da Mitsubishi para 2025, depois da apresentação do Outlander PHEV, a estreia do Grandis, mas os pilares (quatro) para o êxito da empreitada mantêm-se: prioridade aos segmentos B, C e D, às motorizações eletrificadas, aos sistemas de assistência eletrónica à condução e à conetividade. O SUV compacto novo, como estas primeiras fotografias demonstram, baseia-se no Renault Symbioz, carro que tem a mesma base do Captur, a plataforma CMF-B. E, por isso, os três automóveis partilham, também, a produção em Valladolid, Espanha. Todavia, para garantia de diferenciação, o fabricante nipónico “reinterpretou” o desenho do modelo novo no Centro de Design de Frankfurt, Alemanha, para beneficiá-lo com duas imagens de marca: o Dynamic Shield na dianteira e o Sculptural Hexagon na traseira.

O Grandis herda o nome do monovolume com 7 lugares que a Mitsubishi produziu de 2003 a 2011 e, comercialmente, posiciona-se no coração do mercado europeu, por combinar 4,410 m de comprimento e 2,638 m entre eixos, dimensões iguais às do Symbioz (segmento C), com o formato automóvel da moda (SUV)! Na categoria, as motorizações elétricas e eletrificadas representam cada vez mais vendas e este modelo apresenta-se bem equipado, por contar com duas propostas modernas e, por isso, muito competitivas: 1.3 com sistema “mild hybrid” (MHEV) e 141 cv, e 1.8 com tecnologia “full hybrid” (HEV) e 154 cv.
Os sistemas MHEV descomplicam a eletrificação, por combinarem a simplicidade da mecânica de combustão interna com máquina elétrica que atua como o motor de arranque acionado por correia – alimenta-a bateria de iões de lítio, de 12 V. Esta tecnologia permite a recuperação de energia durante as fases de desaceleração e travagem, criando a “reserva” para reforço temporário do binário quando é exigida mais capacidade de resposta ao 1.3 Turbo a gasolina – de série, caixa manual de 6 velocidades; opcionalmente, automática de 7, de embraiagem dupla (7DCT).

O HEV é a alternativa (mais dispendiosa) ao MHEV. Tecnicamente, esta tecnologia “full hybrid” do Grandis (e do Symbioz!) tem seis componentes, que funcionam de forma coordenada para a otimização do desempenho e da eficiência. No sistema, mecânica atmosférica com 4 cilindros e 1,8 litros a gasolina (80 kW/107 cv), motor elétrico principal (36 kW/48 cv) e motor elétrico secundário (15 kW/20 cv), bateria de iões de lítio com 1,4 kWh de capacidade, comando da eletrónica da potência e caixa automática do tipo multimodo. Em ambiente urbano, o SUV compacto novo da Mitsubishi move-se de forma totalmente elétrica até cerca de 80% do tempo de utilização, o que aumenta o silêncio e a suavidade na condução e diminui muito o consumo de combustível (até menos 40%, promete-se) e as emissões de gases de escape.
O sistema HEV permite condução em modo elétrico até 70 km/h, tem transmissão com modo B que aumenta a capacidade de regeneração de energia nas etapas de desaceleração e travagem, admite o (re)carregamento da bateria com a mecânica térmica e dispõe de E-Save para poupança da energia armazenada no acumulador (acima de 40% da capacidade) para uma utilização posterior, em cidade, no modo elétrico, ou em estrada e autoestrada, no híbrido. Os programas de distribuição da potência e acionamento da tração são ativados de forma automática e otimizados com base nas exigências a cada momento e na monitorização contínua do estado do sistema. Este Grandis encontra-se em processo de homologação, por isso não existindo números oficiais, nomeadamente para os consumos, mas a Mitsubishi é firme na garantia de que a prioridade à eficiência não compromete o desempenho dinâmico do SUV – e demonstra-o com a reivindicação de 0-100 km/h em 8,5 s. No Grandis, independentemente da motorização, Multi-Sense com quatro programas de condução Multi-Sense: Eco, Comforto, Sport e Perso.
Para o SUV compacto, rodas de 17’’ a 19’’, cinco cores exteriores e quatro níveis de equipamento (a marca é a adepta de gamas simplificadas, por simplificarem todo o processo de compra, mas conta com mais de 70 acessórios para personalização do Grandis): Inform, Invite, Intense e Instyle. Entre os equipamentos, destaca-se o primeiro teto panorâmico em vidro electrocromático (aumenta-se ou diminui-se a opacidade, ou a transparência, através de toque em botão) num Mitsubishi. Mais: pacote completo de assistências eletrónicas à condução, ecossistema da Google integrado no sistema multimédia (inclui o Google Maps, o Google Play e, também, o Google Assistant), som Harman Kardon Premium e, ainda, aplicação móvel para controlo remoto de diversas funções do automóvel.

O painel de bordo apresenta-se digitalizado: o monitor da instrumentação tem 10’’ e é apoiado por ecrã secundário com 7’’, enquanto o do sistema multimédia conta com 10,4’’ e está posicionado verticalmente e direcionado para o condutor. Trata-se de “fórmula” que facilita a utilização, que também ganha com a disponibilidade de diversos comandos de acesso a funções do carro (o comando da climatização, por exemplo). No Grandis, os bancos traseiros são reguláveis longitudinalmente –são-no até 160 mm –, o que permite ganhar espaço para as pernas dos ocupantes instalados nos lugares posteriores ou no compartimento de carga. A mala tem 434 litros (e portão elétrico), ou 1455 litros com os encostos traseiros rebatidos.
O Mitsubishi Grandis tem estreia em Portugal programada só para o final do ano. A marca antecipa preços muitos semelhantes aos do Symbioz e anuncia garantia de oito anos ou 160.000 km. Também antes da passagem para 2026, alternativa EV ao SUV compacto na gama do fabricante nipónico: Eclipse Cross baseado no Renault Scenic E-Tech Elétrico!
Comentários