Acordo UE-EUA pode prejudicar segurança rodoviária
- Pedro Junceiro
- há 6 dias
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O acordo comercial estabelecido recentemente entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos da América (EUA) pode ter consequências negativas em termos de segurança rodoviária, aponta o Conselho Europeu de Segurança Rodoviária (ETSC), que teme um efeito de atenuação na imposição de sistemas e tecnologias de segurança por parte do bloco europeu.

Após várias ameaças por parte de Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), quanto à potencial imposição de tarifas aduaneiras sobre os produtos provenientes da União Europeia (UE), foi obtido um acordo comercial que prevê tarifas de 15% para vários setores, incluindo o dos automóveis exportados da Europa para os EUA. Porém, Trump conseguiu um dos seus objetivos, que foi uma maior abertura por parte da UE para receber bens americanos, nomeadamente, automóveis.
O Conselho Europeu de Segurança Rodoviária (ETSC), uma Organização Não-Governamental europeia, alerta que um dos problemas desse acordo pode estar na entrada no mercado europeu de automóveis com padrões de segurança inferiores aos dos atualmente comercializados, causando também potenciais focos de insatisfação para construtores de outras regiões e consequentes apelos à redução da regulamentação de segurança.

Se o documento assinado entre Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, e Trump prevê o “reconhecimento mútuo” dos regulamentos de segurança de cada bloco mercantil, a ETSC teme que a realidade venha a trazer um cenário no qual os veículos americanos chegam à Europa com menos assistentes de segurança, pagando-se em “vidas”.
De acordo com Antonio Avenoso, Diretor-Executivo da ETSC, “ao assinar o acordo de reconhecimento mútuo das normas relativas aos veículos com os Estados Unidos, a União Europeia rendeu-se em matéria de segurança rodoviária. Não se trata de um pormenor técnico, mas sim de uma escolha política que coloca a conveniência comercial à frente da preservação de vidas humanas”.

Mais em concreto, aquela ONG recorda que a Europa tem requisitos obrigatórios “para tecnologias que salvam vidas, como travagem automática de emergência, assistência à manutenção da faixa de rodagem e proteção de peões”, os quais, em conjunto, “tornaram os nossos carros mais seguros e as nossas estradas menos mortíferas. Nenhuma destas proteções é garantida pelas regras dos EUA”.
“Traição à liderança da Europa na Segurança"
Outro tópico preocupante para a ETSC é a chegada de veículos ainda maiores em termos de dimensões e mais pesados, naquilo que denomina de “traição à liderança da Europa na Segurança, o que vai custar vidas”.
“A Europa corre agora o risco de ser inundada por ‘pick-ups’ e SUV americanos de grandes dimensões e pouco regulamentados – veículos mais pesados, mais perigosos para outros condutores, peões e ciclistas e completamente incompatíveis com a visão europeia de uma mobilidade mais segura e sustentável”, complementa Avenoso, particularmente crítico para com o acordo estabelecido entre os blocos americano e europeu.
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