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Ao volante do novo Renault 4 E-Tech

Poucos automóveis têm um peso tão grande na indústria automóvel quanto o Renault 4. O modelo mais vendido de sempre da marca francesa está de regresso ao mercado, embora com uma roupagem moderna, tecnologia reforçada e motorizações unicamente elétricas. A primeira experiência ao volante revelou postura competente e alternativa ao 5 E-Tech. Sucesso garantido?



Modelo extremamente importante para a Renault, o 4 E-Tech dá continuidade ao esforço de eletrificação da marca francesa na Europa. Neste caso, complementa o 5 E-Tech na gama de reinterpretações modernas de modelos icónicos da sua história, esperando-se a chegada de mais um integrante, o Twingo, para 2026, com 3,80 m de comprimento. O Renault 4 E-Tech aposta, dessa forma, na receita já aplicada no 5 E-Tech, com linhas inspiradas no clássico, mas fazendo a “ponte” para o futuro, com versões apenas elétricas.

 

O automóvel original, lançado no início da década de 1960, foi um exercício de liberdade associada à mobilidade, tornando-se num sucesso pela sua acessibilidade, facilidade de utilização e comodidade. Com mais de oito milhões de unidades vendidas em cinco continentes entre 1961 e 1992, o 4 (e 4L) ocupa o estatuto de modelo mais vendido da História da Renault e o quarto mais vendido da indústria, de todos os tempos.



Um dos aspetos mais relevantes do 4 E-Tech é a sua ligação ao 4 original em termos de imagem, com aparência musculada e linhas mais direitas, sem faltar a típica altura ao solo generosa dos “crossovers”, sublinhada com as jantes de 18 polegadas (de série) e com as proteções inferiores em plástico. Além disso, noutro detalhe, destaca-se também pela grelha dianteira iluminada, num painel preto que inclui ainda os grupos óticos circulares, traçando uma identidade muito peculiar. Atrás, as “cápsulas” dos farolins também remetem para o passado, não faltando ainda as janelas dos pilares traseiros, bastante escurecidas e com alguns “Easter eggs” ocultos nos vidros – é preciso “olho de lince” para encontrar pequenos desenhos alusivos ao passado e presente do 4.

 

Nas cores exteriores, há sete tonalidades disponíveis e opções de pintura bi-tom, ao passo que as jantes variam o seu desenho, mas não a medida – 18 polegadas.


Renault 4 E-Tech

Interior mais generoso 

Com 4.144 mm de comprimento, o 4 E-Tech é 22 cm mais longo do que o 5 E-Tech, sendo esta uma circunstância importante, já que o 4 E-Tech é descrito como um modelo mais versátil e orientado para as pequenas famílias, numa posição análoga ao Captur na gama dos modelos térmicos (ou híbridos). Adicionalmente, mede 1.808 mm de largura e 1.572 m de altura, enquanto a distância entre eixos é de 2.624 mm (mais 8 cm). Noutro apontamento digno de registo, a versão base com bateria de menor capacidade (42 kWh) tem peso inferior a 1.500 kg. A altura ao solo é de 18,1 cm.

 

Analisando o interior, com lotação para cinco pessoas, perpassa uma ideia de similitude com o 5 E-Tech, o que não é de estranhar atendendo a que partilham a plataforma AmpR Small, embora a marca tenha procurado reforçar, uma vez mais, o espaço a bordo, a capacidade para bagagens e incluído alguns grafismos, revestimentos e cores específicos para o 4 E-Tech. Em termos de habitabilidade, valorize-se a diferença pela positiva nos lugares traseiros (com duas tomadas USB-C disponíveis), que são mais amplos em todos os sentidos comparativamente com o 5 E-Tech, abordando assim aquela que é uma das maiores críticas deste. Ainda assim, fica apenas na média do segmento B-SUV elétrico, havendo alternativas mais amplas.



Neste aspeto, a Renault aponta 420 litros na sua metodologia de verificação (375 litros na mais comum utilizada na indústria), dispondo de mais 120 litros do que o 5 E-Tech, a que se junta ainda o “lábio” de carga baixo, tendo apenas 607 mm de altura. O acesso a este espaço faz-se com o portão elétrico e pode ser acionado ainda por movimento com o pé. A bagageira tem ainda um alçapão que pode ser usado para guardar os cabos de carregamento, por exemplo, quando não se escolhe o sistema de som da Harman Kardon, o qual necessita daquele espaço. Mas, há ainda mais tema na arrumação: o banco do passageiro dianteiro pode ser rebatido, juntamente com os encostos traseiros, para transportar uma prancha de 2,2 m e a capacidade de reboque é de 750 kg.



Tecnologia OpenR Link 

O condutor é agraciado com ecrã digital para a instrumentação (de 7 ou de 10 polegadas) e ecrã tátil central de 10 polegadas, num painel que está ligeiramente orientado para o condutor, mas que mantém os comandos físicos do ar condicionado.

 

A nível tecnológico volta a recorrer ao sistema de infoentretenimento OpenR Link com Google integrado, o que quer dizer que dispõe do “mundo” da gigante americana, como o Maps, Store (com mais de 100 aplicações disponíveis para “download” direto, como o Waze, Spotify ou Easy Park, entre outras) ou o Assistente Virtual com comando por voz.


Renault 4 E-Tech

Outro assistente disponível é o Renô, o peculiar “amigo” animado que acompanha o condutor nas suas viagens, com a marca francesa a incluir também capacidades avançadas pela inteligência artificial e um planeador de “rotas elétricas”. Para o futuro, como opcional, a Renault prepara uma chave digital partilhável com uma pessoa através da aplicação.

 

Todo este ambiente tecnológico continua a ser de primeira linha, com muito boa aparência assinalada também pelos bons acabamentos gerais, mesmo nestas unidades utilizadas na apresentação internacional.



Boas sensações 

O 4 E-Tech recorre ao conceito técnico de suspensão traseira multi-link, tal como o 5 E-Tech, com a marca a garantir uma diferença entre 10 a 15% no acerto da suspensão, de forma a oferecer um pouco mais de comodidade sem prejudicar a agilidade.

 

Ao cabo da primeira abordagem pelas estradas de Lisboa e do Oeste, a ideia que fica é de que a Renault voltou a conceber um elétrico muito sólido na condução, com comportamento um pouco menos acutilante do que o do 5 elétrico – devendo-se também à maior altura ao solo e à maior altura da carroçaria –, mas mantendo doses muito elevadas de confiança ao volante e com estabilidade assinalável nas mudanças de trajetória. A direção informativa ajuda nesta impressão positiva de que o 4 E-Tech é capaz de agradar à larga maioria dos condutores europeus, propondo mescla cativante de agilidade e conforto entre os melhores do segmento no que toca à condução.


Renault 4 E-Tech

Este elétrico terá duas versões, uma de entrada com 120 cv (90 kW) de potência, 225 Nm de binário e bateria de 40 kWh, com autonomia prevista de até 308 km em ciclo combinado WLTP, enquanto a mais potente terá 150 cv (110 kW) de potência, 245 Nm de binário e bateria de 52 kWh, com que apregoa até 409 km de autonomia em ciclo combinado WLTP. Estas baterias NMC contam com três e quatro módulos, respetivamente.


Na apresentação, foi-nos possível tomar um primeiro contacto com a versão mais potente, de 150 cv (acelera dos 0 aos 100 km/h em 8,2 segundos) registando desempenho mais do que satisfatório em condução diária, com bom impulso quando selecionados os modos “Comfort” e “Sport”, enquanto o modo “Eco” torna as prestações bem menos efusivas a pensar na eficiência. Ou seja, o Renault 4 E-Tech transmite boas sensações nas respostas, “despachando-se” com prontidão em percursos mais sinuosos, ao mesmo tempo que rola com suavidade e insonorização acima da média em autoestrada ou vias rápidas.


Renault 4 E-Tech

Esta conjugação é um fator relevante, já que o 4 E-Tech é muito eficiente, com um valor obtido no primeiro contacto – maioritariamente por nacionais – entre os 12 e os 13 kWh/100 km (12,4 kWh/100 km). Um excelente registo que é ajudado pela utilização das patilhas atrás do volante para diferentes modos de regeneração (três), incluindo um novo modo “One Pedal”, que permite dispensar o pedal do travão, imobilizando-se o veículo apenas com a intensidade da regeneração.

 

Para quem quiser usar o 4 E-Tech em locais menos comuns, a marca francesa adianta que o modelo terá programa opcional “Extended Grip” com dois modos de condução adicionais, “Snow” e “All Terrain” juntamente com pneus “All Weather”. Uma versão 4x4 não está confirmada, mas poderá ser aplicada com facilidade graças à plataforma modular muito versátil.


Renault 4 E-Tech

No momento de recarregar, admite 11 kW em tomadas AC (bidirecional) e até 100 kW nas tomadas rápidas DC, levando cerca de 30 minutos a passar de 15 a 80%. Adicionalmente, a Renault promete ainda funcionalidades “Vehicle-to-Load Outside”, permitindo carregar aparelhos por via de adaptador externo (potência até 3,6 kW) e “Vehicle-to-Grid”, atualmente apenas em França. O cartão “Mobilize Charge Pass” para acesso a mais de 800 mil pontos de carga na Europa permitirá melhorar a acessibilidade à rede de carregamentos.

 

A lista de equipamentos será diferenciada entre os níveis Evolution (com elementos como as jantes de 18 polegadas, dois ecrãs OpenR Link e bomba de calor, por exemplo), Techno e Iconic. A segurança é assegurada por pacote com 26 ajudas à condução, como o cruise control adaptativo inteligente ou o alerta de saída do veículo, o qual emite um alerta para a eventualidade de aproximação de um peão ou ciclista antes de abrir a porta. Os sistemas podem ser personalizados, com atuação a gosto do condutor por intermédio do botão “My safety switch” posicionado do lado esquerdo do volante.



Quanto a preços, a gama em Portugal arranca nos 29.500€ da versão de 120 cv com autonomia urbana (ou seja, bateria de 40 kWh) e nível Evolution, sendo de resto o único disponível para esta versão motriz. Já a versão de 150 cv com autonomia conforto (ou seja, bateria de 52 kWh), estará disponível nos três níveis de equipamento, com preços a partir dos 33.000€ para o nível Evolution, 35.000€ para o Techno e 37.000€ para o Iconic.

 

O 4 E-Tech está a ser produzido na fábrica de Maubege, em França, e chegará a Portugal no final do primeiro semestre, arranque do segundo.


Renault 4 E-Tech


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Interessante, esta tendência da Renault em recuperar modelos icónicos em razão da modernidade visual e necessidades contemporâneas. Bem conseguido o design desta 4L, assim como o do R5. Neste último, as versões de autoria da Alpine estão top

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