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Bentley Supersports em 2027

A Bentley decidiu criar uma edição limitada muito especial do Continental GT, desde logo, por ser a primeira derivação da história deste modelo, entre as homologadas para circular na via pública, com tração só às rodas traseiras (isto é, excetuando as GT3 de competição). A marca britânica de automóveis de luxo do Grupo Volkswagen anuncia 500 exemplares.



O novo Supersports, para além das suas qualidades intrínsecas, e da exclusividade inerente ao seu reduzido volume de produção (reforçada pelo facto de estar disponível apenas nos mercados dos 27 países da União Europeia, Reino Unido, Suíça, Turquia, EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Malásia, Omã, Bahrain, Emirados Árabes Unidos, Catar e Kuwait), tem outros atributos que o tornam um automóvel particularmente apetecível, mormente para os colecionadores/investidores. A começar pela sua “linhagem”: apresentado no ano em que se comemora um século do nascimento do primeiro Bentley Super Sports (baseado no 3 Litre de então, contava com um motor melhorado, um chassis mais curto e um peso mais reduzido, foi o primeiro carro da marca a superar a fasquia das 100 milhas por hora –161 km/h –, e do mesmo foram produzidas apenas 18 unidades), é apenas o quarto modelo do construtor britânico, propriedade do Grupo VW desde 1998, a fazer uso desta designação (na sua aglutinada e mais moderna forma Supersports).


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Sucede, assim, ao Continental GT Supersports de 2009 (100 kg mais leve do que a variante de série, motor 6.0-W12 biturbo de 630 cv, 329 km/h de velocidade máxima, primeiro membro da família Continental com apenas dois lugares, 1207 coupés e 583 descapotáveis produzidos) e ao Continental GT Supersports de 2017 (derivado do Continental GT da segunda geração, 336 km/h de velocidade máxima, 710 unidades produzidas, nas configurações “fechada” e “aberta”, a coincidir com a potência, em “cavalo-vapor”, debitada pelo seu motor 6.0-W12 biturbo). Mas com uma nuance não pouco importante: se os seus antecessores apostaram sempre na máxima performance, nomeadamente em termos de velocidade máxima, agora, a Bentley afirma que a esse trunfo se junta o máximo envolvimento do condutor na experiência de utilização, resultado da combinação de uma acentuada redução do peso face ao Continental GT “standard” (a mais extrema do historial da marca) com um novo motor e a transmissão da potência apenas ao eixo traseiro – o que não deixará, por certo, de fazer brilhar os olhos dos mais puristas.

 

E como nasceu o novo Bentley Supersports? De uma ideia apresentada, em setembro de 2024, por uma pequena equipa de engenheiros da marca, que teorizou sobre o comportamento dinâmico de um Continental GT com tração traseira e peso inferior a duas toneladas. Concedida a autorização para a construção um protótipo, que entrou em pista apenas seis semanas depois, para validar o conceito, o respetivo desempenho foi convincente ao ponto de ser decidida a sua passagem à produção. Mas tudo entregue a uma equipa de engenharia pequena e altamente especializada, e mantido sob grande sigilo, sob o nome de código Mildred – em homenagem a Mildred Mary Petre, nascida em 1895, pioneira e recordista em terra, no mar e no ar, e que, em 1929, pilotou sozinha um Bentley 4 ½ Litros durante 24 horas no circuito de Montlhéry, em França, a uma média de quase 90 mph (145 km/h), estabelecendo um novo recorde de resistência.



Relativamente aos argumentos técnicos do novel Bentley Supersports, nada como começar pelo motor: V8 biturbo de 4,0 litros totalmente a combustão (a supressão da vertente eletrificada da unidade híbrida de que deriva, e anima o Continental GT “normal”, foi determinante para alcançar um peso inferior a 2000 kg), com um bloco mais robusto, cabeças otimizadas, turbocompressores de maiores dimensões, e um exclusivo sistema de escape completo em titânio da Akrapovič. O rendimento de 666 cv e 800 Nm traduz-se na mais elevada potência específica alguma vez alcançada por um motor Bentley (166,5 cv/l), e em prestações a que não é fácil ficar indiferente: 3,7 segundos nos 0-100 km/h, e velocidade máxima na casa dos 310 km/h (valores provisórios, ainda pendentes de homologação).

 

A transmissão está a cargo de uma caixa pilotada ZF de dupla embraiagem e 8 velocidades, a mesma dos restantes Continental GT, mas recalibrada, com embraiagens reforçadas, e uma nova estratégia de trocas de mudança, ainda mais rápidas, tendo a lógica de reduções em travagem sido redefinida para garantir a máxima estabilidade nestas circunstâncias. O eixo traseiro, com via alargada em 16 mm face à do Continental GT de série, é o único responsável por colocar a potência no chão, no que é coadjuvado pelo diferencial autoblocante eLSD de controlo eletrónico, e pelo sistema de vetorização de binário através da travagem.


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Já o sistema de travagem, o maior do mundo utilizado por um automóvel de produção em série, dispõe de discos carbono-cerâmicos (CSiC, ou carbono-carboneto de silício), com 440 mm de diâmetro na frente, atuados por pinças de 10 pistões, e de 410 mm, com pinças de quatro pistões, atrás (sendo as pinças pintadas de preto, de série, ou de vermelho, em opção). Ao passo que as inéditas jantes forjadas e maquinadas de 22”, desenvolvidas em parceria com a Manthey Racing, estão revestidas por pneus Pirelli P Zero (podendo, em opção, montar pneus Pirelli Trofeo RS).

 

Para garantir que dinâmica está à altura das prestações, a suspensão recorre a triângulos sobrepostos em alumínio na frente, e a um esquema multibraços atrás, dispondo, ainda, de eixo traseiro direcional (as rodas traseiras viram no memso sentido das dianteiras a baixa velocidade, para maior agilidade, e no sentido oposto a velocidades mais elevadas, para incrementar a estabilidade), molas pneumáticas, amortecedores de dupla câmara geridos eletronicamente (com controlo independente em compressão e extensão), e sistema anti-rolamento Bentley Dynamic Ride a 48 V, com barras estabilizadoras ativas, e capaz de aplicar até 1300 Nm de binário em apenas 0,3 segundos, para garantir a máxima estabilidade em curva. Com tudo isto, a Bentley assegura que o Supersports, quando equipado com os pneus Pirelli Trofeo RS, é capaz de ser 30% mais rápido a curvar do que o Continental GT Speed, e de atingir forças laterais de até 1,3 g.



Ao mesmo tempo, foram totalmente reprogramadas as calibrações da direção, da suspensão, e do controlo eletrónico de tração e de estabilidade – em que o utilizador pode optar pelos modos em que este está totalmente ativo, em que permite um certo grau de derrapagem e sobreviragem (Modo Dinâmico), ou em que é totalmente desligado. Por seu turno, o sistema Drive Dynamics Controller passa a oferecer três novas opções: Modo Touring (equivalente ao modo Sport do Continental GT Speed, mas com uma altura ao solo mais elevada, um amortecimento mais macio, e uma sonoridade do escape mais discreta); Modo Bentley (estratégia de passagens de caixa, resposta do acelerador e afinação do châssis mais desportivas; válvulas do sistema de escape abertas, para intensificar a sonoridade; sistema Launch Control disponível); e Modo Sport (todos os componentes na sua configuração mais extrema, totalmente orientada para a envolvência ao volante).



Não menos importante é o facto de este ser o Bentley mais leve dos últimos 85 anos, e o capaz de gerar mais "downforce" de sempre. Pesa quase 500 kg menos do que o Continental GT, graças, também, ao tejadilho em fibra de carbono, e não em alumínio (o que também contribui para baixar o centro de gravidade e incrementar a rigidez estrutural); à supressão do banco traseiro, passando a lotação a ser de apenas dois lugares; a eliminação de algum do material fonoabsorvente na zona posterior do habitáculo (revestida por uma estrutura em fibra de carbono forrada a pele); e à dispensa de alguns sistemas de assistência à condução considerados supérfluos num automóvel como o Supersports.


Ainda no habitáculo, menção para os novos bancos desportivos ultraleves, com apoio lateral reforçado, elementos em carbono na zona dos ombros, e colocados numa posição mais baixa (mas sem por isso deixarem de oferecer regulações elétricas de 11 vias e aquecimento); para os revestimentos em fibra de carbono de alto brilho; para os bordados e emblemas específicos; e para a placa numerada aplicada na consola central.


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No exterior, todas as modificações foram operadas segundo o princípio “a forma segue a função”, no sentido de maximizar a força descendente e/ou reduzir o peso. Deste nodo, o novo para-choques dianteiro integra o maior "splitter" alguma vez montado num Bentley com matrículas, canalizando ar para arrefecimento do motor e dos travões dianteiros; os defletores aerodinâmicos em ambos os para-choques, as saias laterais, as lâminas nos guarda-lamas, o difusor traseiro, o defletor traseiro fixo montado na tampa da mala, as caixas dos espelhos, e a tampa do motor, são em fibra de carbono; e a grelha do radiador, em malha leve de alumínio ultrafino, e de desenho exclusivo, é cortada a laser. Tudo para que o novo Supersports seja capaz de gerar mais 300 kg de "downforce" do que o Continental GT Speed, e registe um peso em ordem de marcha abaixo de 2000 kg, repartido numa proporção 54/46 entre os eixos dianteiro e traseiro).

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