Ford reinventa produção de elétricos.
- João Isaac
- 12 de ago.
- 2 min de leitura
Marca da oval azul, para (tentar) combater os fabricantes chineses, anuncia investimento de muitos milhões de dólares para mudar de forma radical o processo de produção de automóveis elétricos. E o primeiro membro da geração nova de produtos tem estreia prevista para 2027.

A Ford pretende produzir automóveis elétricos como ainda nenhum fabricante faz. Em entrevista a publicação norte-americana, Jim Farley, diretor do construtor com quartel-general em Dearborn, subúrbio de Detroit, adiantou alguns pormenores de programa muito ambicioso que pretende acabar com a vantagem competitiva da Tesla e, sobretudo, dos fabricantes chineses.
Em vez de produzir automóveis peça a peça na linha de produção, a Ford planeou estratégia que passa pela divisão dos veículos em três grandes áreas, produzindo-as separadamente para depois, no fim do processo, serem montadas num corpo. O objetivo é não só reduzir custos, mas também os tempos de produção.
O “Ford Universal EV Production System” representa investimentos na ordem dos 2000 milhões de dólares (cerca de 1,72 mil milhões de euros) e prevê, igualmente, a substituição das linhas de produção convencionais por três linhas paralelas que convergem para um ponto final comum. Inicialmente, este projeto será adotado só na fábrica de Louisville, no estado do Kentucky, EUA.

Menos peças, menos tempo, menos custo
Assim, garante Farley, trabalhando-se com secções mais pequenas dos veículos, será possível estampar peças de alumínio de maiores dimensões para a dianteira, a traseira e a zona central, reduzindo de forma significativa o número peças mais pequenas. O processo também permite que os operadores “construam ‘dentro’ da construção”.
Estima-se que este processo garanta uma redução de 40% no tempo de produção, e também obrigue a número mais reduzido de estações de trabalho. Finalmente, e confirmando-se todas as expectativas dos responsáveis da Ford, os componentes necessários para produzir um elétrico novo é, também, 20% menor. Em termos de elementos de ligação (parafusos, porcas e rebites, por exemplo) as necessidades são cerca de 30% inferiores. Na prática, em “pick-up” média, a cablagem elétrica terá menos 1,3 km de comprimento e será 10 kg mais leve.

Modularidade é chave para o sucesso. Primeiro modelo já em 2027
O sistema tem por base uma arquitetura elétrica de 400 V, é totalmente escalável e modular, e permite desenvolvimento de elétricos de vários tipos, de utilitários do segmento B a SUV com três filas de bancos a furgões para atividades comerciais e transporte de passageiros. A bateria, de origem Ford e com química LFP, encontra-se posicionada na zona central, sob o interior, e fará parte da estrutura do veículo.
A Ford pretende lançar o primeiro modelo desta era nova de produção já em 2027 (“pick-up” elétrica com quatro portas). E antecipa-se preço na ordem dos 30.000 dólares, o equivalente a 26.000 €. A marca norte-americana promete “pick-up” tão rápida como um Mustang com motor Ecoboost e mais espaço livre no habitáculo do que no Toyota RAV4, SUV de referência no mercado norte-americano.
Farley acredita que a implementação do plano é importantíssima para o sucesso do objetivo de derrotar a concorrência chinesa, uma vez que permite recuperar anos de atraso no que respeita à produção. “A BYD tem 700.000 funcionários e 200.000 são engenheiros. Como é que a superamos? Apenas na capacidade de inovação”, concluiu.
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