Renault Trafic E-Tech Electric
- Pedro Junceiro

- há 6 horas
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A Renault apresentou a versão de produção em série do Trafic E-Tech Electric, comercial ligeiro com motorização elétrica baseado numa arquitetura técnica do tipo “Software Defined Vehicle” (SDV), que garante carregamentos mais rápidos das baterias e atualizações remotas contínuas ao longo da vida útil da viatura. Anuncia-se até 450 km de autonomia para o primeiro membro (Van) da família nova de comerciais ligeiros elétricos a chegar às estradas. Estreia no final de 2026.
Lançado originalmente em 1980, o Trafic encontra-se entre os comerciais ligeiros de referência, como demonstra o facto de somar mais de 2.5 milhões de unidades fabricadas em três gerações. A quarta é introduzida “boleia” do processo de eletrificação e produzida com base numa plataforma “skateboard” elétrica, que foi concebida para otimizar a capacidade de carga, com um vão dianteiro mínimo e uma transmissão montada na traseira.
Na versão L1, com 4,87 m de comprimento e 1,92 m de largura, o furgão da Renault disponibiliza 5,1 metros cúbicos de capacidade de carga, enquanto a L2 com 5,17 m de comprimento e 1,90 m de altura (pode entrar na maioria dos parques de estacionamento cobertos), oferecendo até 5,8 metros cúbicos, por contar com mais 40 cm entre eixos. O Trafic E-Tech Electric tem portas grandes, o que permite operações de carga e descarga de europaletes tanto pela lateral, como pela traseira.

A Renault também procurou também tornar a utilização urbana mais fácil, como demonstra o raio de viragem semelhante ao do… Clio (10,3 metros!). O habitáculo, muito mais moderno, foi pensado para responder às necessidades dos condutores. O painel de bordo em forma de tubo estende-se de um lado ao outro da cabina e integra dois ecrãs, um para a instrumentação, com 10’’, outro para o sistema multimédia, com 12’’. Nos bancos, revestimentos com mistura de tecido azul-jeans Zeta e cinzento, com pespontos amarelos no cinzento e brancos no azul-jeans.
O mais importante num VCL é a funcionalidade e, neste ponto, o Trafic Van E-Tech Electric não compromete, por contar com vários compartimentos generosos na capacidade, como o suporte para documentos sob o monitor central, os três espaços de arrumação atrás do painel de instrumentos, os dois pequenos compartimentos próximos do volante, a prateleira sob o “tubo” do lado do passageiro e, ainda, os dois níveis de armazenamento integrados nas portas.

Este Trafic é produzido na fábrica de Sandouville, França, na mesma linha de montagem do Trafic com motores de combustão interna. E também é nesta unidade que assume a responsabilidade de executar todas as transformações solicitadas pelos clientes, muitas geridas pela Qstomize, subsidiária da Renault especializada na adaptação e na personalização de comerciais ligeiros. Estão previstos formatos como chassis-cabina, plataforma, basculante, plataforma plana ou caixa de carga. Para pedidos especiais, possibilidade de recurso à divisão Renault Pro+, que tem 300 parceiros aprovados.
A capacidade de reboque rondará as duas toneladas, enquanto a carga útil será de 1,25 toneladas. Em qualquer dos casos, números finais dependentes do processo de homologação.
Duas baterias à disposição
Para o Trafic Van E-Tech Electric, duas baterias: autonomia urbana e autonomia longa. A primeira é do tipo LFP (fosfato de ferro-lítio) e permite até 350 km de condução entre recargas. A segunda, do tipo NMC (níquel-manganês-cobalto), tem capacidade para até 450 km. No lançamento, a marca do losango disponibiliza apenas a maior.
Em termos de carregamentos, a plataforma com arquitetura elétrica de 800 V desenvolvida pela Ampere permite potências bastante mais altas com corrente contínua, o que reduz os tempos de espera, facilitando a organização do dia a dia dos utilizadores profissionais. Anuncia-se recarga 15%-80% em cerca de 20 minutos (na prática, isso representa mais 260 km de autonomia). O motor elétrico também é novo e tem 204 cv (150 kW) e 345 Nm.
Tecnologia atualizável
O recurso à arquitetura SDV (em português, Veículo Definido por Software) permite que diversas funções do Trafic possam ser atualizadas, remotamente, ao longo da vida útil da viatura. O sistema operativo CAR OS também foi concebido pela Ampere e baseia-se no Android Automotive OS.
Possível de utilizar a partir do ecrã central de 12’’, o sistema multimédia OpenR foi otimizado para os comerciais ligeiros e inclui função de navegação especialmente concebida para esta utilização. Dessa forma, terá em conta o seu tamanho e carga para evitar estradas inadequadas, enquanto o planeador de rotas sugere paragens de recarga com base em dados de consumo muito mais precisos. A Renault também propõe os serviços Google, incluindo o Google Assistant e o Google Play (loja com mais de 100 aplicações).

As empresas que utilizam sistemas operativos próprios (por exemplo, para entregas) poderão integrá-los no sistema multimédia do Trafic, para enviarem informações em tempo real (hora, rota, contactos, observações, etc.) aos seus motoristas. Na “app” My Renault, programação e pré-condicionamento da carga, monitorização da autonomia, bloqueio remoto e informações sobre as intervenções de manutenção (anuncia-se até o envio alertas de manutenção preditiva, com previsão de falhas em componentes-chave para reparações planeadas que facilitam a gestão da frota).
No Trafic Van E-Tech Electric, funções Vehicle-to-Load (V2L) e Vehicle-to-Grid (V2G). A primeira permite alimentar dispositivos elétricos externos (para utilizá-la, “exige-se” apenas um adaptador). A segunda devolve ou fornece energia à rede, devido à disponibilidade de carregador bidirecional.

























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