Fórmula E cada vez mais seguros
- José Caetano
- há 2 dias
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A Federação Internacional do Automóvel (FIA), na Época 11 do Mundial de Fórmula E, que acabou recentemente, estreou inovação no capítulo de segurança – amortecedor novo na direção –, que foi desenvolvida sob “supervisão” portuguesa e preveniu lesões nos pilotos durante toda a temporada que terminou a 27 de julho, em Londres. A história.

A 27 de abril de 2024, no treino livre 1 para o ePrix do Mónaco, a ronda 8 da Época 11 do Mundial de Fórmula E, o britânico Sam Bird perdeu o controlo do McLaren e colidiu com muro do circuito monegasco. O acidente originou diversas fraturas na mão esquerda do piloto, que regressaria à competição só no 11.º ePrix do ano, em Shanghai, China, após cirurgia e período de recuperação – a escuderia substituiu-o por Taylor Barnard, que tinha, à época, apenas 19 anos e 331 dias (mais jovem a competir na categoria).
Bird, piloto com carreira muito longa na Fórmula E – participou na primeira corrida do campeonato, a 13 de setembro de 2014 e soma 141 ePrix na categoria, com 12 vitórias, seis “poles” e 27 pódios –, não deve competir na Época 12, que tem início programado para 6 de dezembro, em São Paulo, Brasil, por não dispor de contrato com qualquer equipa para a próxima temporada, que não contará com a McLaren nas grelhas de partida (os britânicos abandonaram o campeonato de monolugares elétricos e, sem comprador para a licença, devolveram-na ao promotor), recorda o episódio: “O toque foi ligeiro, mas o volante saiu-me das mãos de repente e partiu-me um osso ao meio; para o tratamento da fratura, colocaram-se nove parafusas e duas placas metálicas”.

Esta lesão de Bird não representou um incidente isolado na Fórmula E. Sam sofreu uma fratura na mesma mão em Londres-2022, falhando, por isso, a final da Época 8, em Seul, Coreia do Sul, e Robin Frinjs, Sébastien Buemi, Pascal Wehrlein e Nyck de Vries também registaram problemas semelhantes após a estreia do monolugar Gen3, na Época 9, e a segurança dos pilotos regressou ao topo das prioridades da Federação Internacional do Automóvel (FIA). E investigou-se a razão por detrás de tantos ossos partidos por volantes “descontrolados” após colisões frontais.
Português na equipa de segurança da FIA
A equipa de segurança da FIA, que tem o português Nuno Costa no comando, com a colaboração dos engenheiros da Spark, a empresa francesa que produz todos os monolugares da Fórmula E, depois de investigarem muitos incidentes, concluíram que diversos impactos fizeram com que a coluna da direção atingisse velocidades até 10 vezes maiores do que o expetável. Essa rotação súbita era a causa de todas as lesões!
Rapidamente, FIA e Spark trabalharam na correção do problema, que passou pelo desenvolvimento de amortecedor de direção novo capaz de absorver mais energia depois dos impactos e diminuir a velocidade de rotação do volante em até 40%! O sistema encontra-se projetado para atuar apenas em caso de colisão e preserva a leveza e a precisão da direção durante a condução. Complementarmente, o Gen3 ganhou um volante redesenhado, espuma de proteção no “cockpit” e asa dianteira mais larga, para proteção adicional das rodas.
Este amortecedor de direção novo, antes da implementação no Fórmula E, passou por programa intensivo de testes de desenvolvimento antes do arranque da Época 11. Era preciso que os pilotos confirmassem a mais-valia do sistema, sobretudo a inexistência de alterações na condução do monolugar. O programa foi muito bem-sucedido e, durante todo o campeonato de 2024-25, que acabou a 27 de julho, em Londres, Inglaterra, não houve registos de quaisquer lesões nas mãos!
Para a equipa de segurança da FIA, depois da confirmação de que a inovação teve impacto positivos tanto nas “performances” dos Fórmula E como na proteção dos pilotos, (outra) missão cumprida! Para o organismo, segurança sempre prioritária. Xavier Pinon, outro membro da organização, admite a possibilidade de introdução do sistema novo noutras categorias do desporto automóvel.
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