Fórmula E novo tem 600 kW (+815 cv)!
- José Caetano

- há 14 horas
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A Época 12 da Fórmula E tem início marcado só para 6 de dezembro, com ePrix em São Paulo, no Brasil, mas o promotor do campeonato e a Federação Internacional do Automóvel (FIA) preparam-se já para a 13, que contará com monolugar elétrico novo: o Gen4 com quatro rodas motrizes e mais de 600 kW (815 cv). No Gen3 Evo, “apenas” 476 cv (350 kW)!
A Fórmula E, no arranque da categoria, em 2014, tinha monolugares elétricos com 200 kW (272 cv) alimentados por baterias com 28 kWh, capacidade muito limitada que obrigava a mudança de carro a meio do ePrix, mesmo limitando-se a potência nas corridas a somente 150 kW (204 cv) – temporariamente, os cinco pilotos mais votados no Fanboost abandonado após a Época 7 (2020-21), dispunham de 30 kW (41 cv) suplementares durante 5 s (tempo suficiente para uma ultrapassagem).
Nos Gen3 Evo introduzidos na Época 11, 300 kW (408 cv) em corrida, 350 kW (476 cv) e quatro rodas motrizes durante os duelos das qualificações, os arranques das corridas e os 8 minutos de ativação do Attack Mode. No início da Época 13 (2025-26), e coincidindo com o início da Época 13 de campeonato que tem o estatuto de Mundial da FIA desde a 7 (2020-21), introdução do Gen4, a máquina mais potente na história da categoria, com 600 kW (815 cv) nas qualificações, nos arranques ou durante as ativações dos Modos de Ataque (Attack Mode), e “apenas” 450 kW (612 cv) no resto do tempo de competição. E quatro rodas motrizes permanentes!
No Gen4, chassis da Spark Racing Technology, motor elétrico dianteiro da Marellli, bateria da Podium AT e pneus da Bridgestone, que continuam a utilizar-se em seco como em molhado, mas são mais largos do que os Hankook iON dos Gen3 Evo. Os fabricantes empenhados no campeonato ganham (alguma) liberdade de ação, por poderem trabalhar com menos restrições na aerodinâmica (passam a existir duas configurações, uma com mais carga, outra com menos), na unidade de potência e na regeneração da energia durante as desacelerações e travagens (e a potência do sistema aumenta de 600 kW para 700 kW).
Tudo somado, máquinas cada vez mais rápidas, com arranque 0-100 km/h em 1,7 s, em vez de 1,8 s. A Fórmula E não confirmou, ainda, a velocidade máxima, mas o carro que competirá na Época 12 do Mundial, que arranca a 6 de dezembro, com a quarta edição do ePrix de São Paulo, é capaz de qualquer coisa como 320 km/h. E isto compara-se com os 950 cv a 1000 cv nos Fórmula 1, os 620 cv nos Fórmula 2, os 750 cv a 800 cv nos IndyCar, os 680 cv nos hipercarros da resistência (WEC) ou 370 cv nos Rally1 dos ralis (WRC).
Este Gen4, comparado com o Gen3 Evo, diferencia-se, igualmente, por apresentar duas configurações aerodinâmicas – mais carga para a qualificação e menos para a corrida (diminuindo-se a resistência, reduz-se o consumo de energia!). O pacote técnico novo também conta com diferencial ativo, entre outros recursos, de forma a tornar este campeonato ainda mais revelante para os fabricantes de automóveis empenhados na mudança dos motores de combustão interna para os elétricos.
Recorde de audiências e fãs na Época 11
A Fórmula E está a a ganhar dimensão e notoriedade, como demonstram todos os números da Época 11. Globalmente, e de 2023-24 para 2024-25, aumento de 14% nas audiências televisivas, com um recorde de 561 milhões indivíduos (o ePrix mais popular foi o da Cidade do México, que também estabeleceu um máximo novo, de 46 milhões de telespectadores, um registo 38% acima da média da temporada!...).
O sucesso da Fórmula E, crescente, mede-se, também, nas redes sociais, a razão por detrás do aumento reivindicado de 58% na base de fãs, com os mercados que o promotor classifica como Nível 1 – sem surpresa, EUA, China, Alemanha e Reino Unido – a representarem 37% do total (na prática, 158 milhões de adeptos). Prova-o, por exemplo, a visualização de vídeos, que aumentou 47% da Época 10 para 11, com as impressões na Internet a progredirem 14%, para 1,39 mil milhões.

Independentemente destes números, impressionantes para o desporto automóvel (“descontando” a Fórmula 1, que “vive” noutra dimensão), diversos fabricantes de topo abandonaram a Fórmula E (Audi, BMW, Mercedes e McLaren). A origem deste êxodo deve-se a uma mão cheia de razões, mas o facto é que o campeonato conta com 10 equipas na Época 12, “contra” 12 na 7, o que significa 20 monolugares nas grelhas de partida em vez de 24.
Alberto Longo, cofundador e diretor do campeonato, desvaloriza o facto e destaca a importância do Gen4 para a manutenção do crescimento da Fórmula E. “O carro antecipa o futuro, com os 600 kW de potência e a tração integral ativa. Antecipam-se corridas eletrizantes, desafiantes para os pilotos e com muitas batalhas roda a roda!
Com a FIA, criámos o monolugar elétrico mais potente e veloz na história da Fórmula E… A potência aumenta significativamente, as quatro rodas motrizes são permanentes, a aerodinâmica ganha a importância que nunca teve e a aderência, por contarmos com pneus maiores, aumenta bastante”, explicou-nos o espanhol, que também confirmou a maior liberdade de ação dos fabricantes, com a redução das restrições impostas pelo regulamento técnico, mas sem que isso abra a porta ao descontrolo dos custos associados à participação na categoria.



























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