A Leapmotor International, marca do “universo” Stellantis, está a avaliar as suas opções quanto à possível produção na Europa, de acordo com o administrador-delegado (CEO) da companhia, Tianshu Xin. O responsável pelos destinos europeus da companhia salienta também que a Leapmotor “está para ficar”.

Ainda sem uma decisão tomada, mas com um estudo de “avaliação holística” sobre todos os fatores, a Leapmotor International está a avaliar a possibilidade de tirar partido de uma das fábricas da Stellantis na Europa para vir a produzir automóveis no continente e tornar o processo logístico menos oneroso no lado dos transportes e das tarifas.
Arranque muito positivo em solo europeu
De acordo com Tianshu Xin, administrador-delegado da Leapmotor International, resultante de “joint-venture” entre a Leapmotor (casa-mãe) e a Stellantis (que tem posição maioritária com os seus 51/49%), a marca tem tido um arranque muito positivo em solo europeu, com bom desempenho desde setembro de 2024.
A introdução de tarifas aduaneiras suplementares sobre os veículos elétricos provenientes da China irá ser avaliada pelos responsáveis da companhia em conjunto com a Stellantis, sendo que, neste momento, ainda existe uma vantagem importante na produção centrada na China – a sua rapidez de produção, conforme indicou Tianshu Xin numa “mesa-redonda” com os jornalistas realizada durante o Salão de Bruxelas.

“Todos os carros que temos atualmente à venda são produzidos na China. Por isso, se adicionarmos o tempo de transporte, são cerca de 45 dias a dois meses no mar. Mas uma das vantagens desta parceria é que podemos tirar partido da força de ambos os acionistas, certo? Por isso, neste momento, podemos dizer que fazemos as encomendas à Leapmotor e eles são capazes de produzir os veículos à velocidade chinesa e, em seguida, enviá-los no navio até aqui. Por isso, de momento, não temos problemas em entregar os veículos aos clientes”, começa por dizer.
“O segundo ponto importante é que, como todos sabem, com este aumento de tarifas, voltando à base, ao princípio e à beleza desta cooperação entre a Stellantis e a Leapmotor, somos capazes de potenciar os pontos fortes de ambos os acionistas. A Stellantis tem fábricas em mais de 30 países. Por isso, temos a opção de localizar o veículo da marca Leapmotor numa das nossas fábricas europeias. Portanto, utilizando a capacidade disponível que temos na Europa e criando, digamos, oportunidades de emprego e gerando riqueza interna adicionais para a sociedade local, ao mesmo tempo que, do ponto de vista comercial, permitirá reduzir o custo logístico e também reduzir o prazo de entrega”, fundamenta, embora deixando claro que ainda nada está decidido quanto ao aproveitamento de uma das fábricas do grupo Stellantis para a produção europeia.

“De facto, estamos a avaliar diferentes opções neste momento. Temos muitas fábricas [disponíveis] na Europa. No final de contas, o que interessa é o negócio, certo? Como empresário, precisamos de ver e precisamos de ver quais são, digamos, as melhores ofertas de fábricas. Em primeiro lugar, é preciso ter capacidade disponível e, em segundo lugar, precisa de ser bom negócio, porque os carros produzidos aqui, localizados aqui, precisam de ser competitivos para fornecer soluções de mobilidade acessíveis ao cliente. Por isso, estamos a fazer uma avaliação neste momento e a ver qual a melhor fábrica para localizar modelos Leapmotor na Europa. Mas a rapidez é essencial”.
Temos muitas fábricas disponíveis na Europa
Questionado se isso significa que produzir na Europa será obrigatório, Tianshu Xin reforçou a noção de que é preciso olhar para o caso do ponto de vista de negócio. “Certo, a regulamentação é a regulamentação por um lado, e é igual para todos. Portanto, a melhor decisão, a forma de a encarar, é realmente do ponto de vista empresarial e do ponto de vista do utilizador final: o que é melhor para o cliente? É essa a forma de ver as coisas. O que é melhor para o cliente e o que é melhor para a empresa. Assim, do ponto de vista empresarial, como já referi, há que encarar a questão numa perspetiva holística”.

Marca que “vai ficar para sempre”
Adicionalmente, a parceria com a Stellantis permite também à Leapmotor beneficiar de outros atributos, como uma rede de concessionários extremamente forte e vasta, além da distribuição de peças rápida e eficaz. Para o responsável da marca chinesa, “isso destaca-a” das rivais do mesmo país que têm vindo a chegar ao mercado europeu.
“A forma mais eficaz e eficiente é pegar no produto desenvolvido pela Leapmotor, com alguma adaptação para o mercado europeu em termos de regulamentos e necessidades de condução. Mas o produto é desenvolvimento pela Leapmotor na China e pegamos nele a um preço muito competitivo e distribuímo-lo pelo ecossistema da Stellantis. Perfeito! E ao entregar peças e componentes duas vezes por dia através da Distrigo [NDR: marca de distribuição de componentes da Stellantis] é crucial”, garante.
"Um dos pontos chave é a disponibilidade das peças"
“Se olharem para outras marcas chinesas, e já falei com milhares de vendedores e investidores no passado, um dos pontos chave é a disponibilidade das peças. Muitos clientes sofriam com a falta de peças e tinham de esperar por seis ou nove meses para receberem os componentes, por vezes, nem sabiam onde estavam porque não havia visibilidade, de todo. Por isso com o sistema Distrigo da Stellantis asseguro a distribuição de peças duas vezes ao dia e se existirem problemas com os carros, resolvem-se”.

E essa, sublinha, é a diferença mais importante para outras marcas. “Esse é um dos principais pontos de diferenciação entre nós e as outras marcas chinesas. E o outro é a confiança, porque muitos investidores foram infelizmente ‘queimados’ por algumas das marcas nos últimos anos, como sabemos. Há três ou quatro anos, na China, havia cerca de 300 marcas de veículos elétricos e agora restam cinco, talvez duas mãos-cheias, enquanto as restantes foram à falência, desapareceram… Por isso, sendo a Stellantis um dos principais acionistas da Leapmotor e da Leapmotor International, podemos confiar na marca, porque vai ficar aqui para sempre. A marca não vai desaparecer amanhã”.
Comentarios