Menos vendas e mais SUV: como mudou o mercado europeu em 20 anos
- Pedro Junceiro

- 22 de ago.
- 3 min de leitura
O mercado automóvel europeu mudou significativamente nas últimas décadas, o que sucedeu quer a “reboque” de tendências novas, quer das circunstâncias económicas e financeiras na região, diversas com impactos dramáticos. Neste exercício, recuperamos o “top-10” de vendas no primeiro semestre de 2005 e comparamo-lo com o deste ano.

Na Europa, as últimas duas décadas foram pródigas em momentos de relevância: a crise financeira iniciada nos EUA, em 2008, teve efeitos negativos consideráveis, sobretudo nos países situados no Sul do Velho Continente, que permaneceram ativos até 2012, a pandemia de COVID-19 em 2020 e 2021, e o ressurgimento dos fantasmas da guerra em 2022, após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Durante este período, os interesses dos condutores também mudaram, o que originou, sobretudo, o crescimento impressionante da procura de “crossovers” e Sport Utility Vehicles (SUV) – a Nissan, com a primeira geração do Qashqai, em 2007, foi a precursora do fenómeno que é, hoje, o formato automóvel da moda.
Assim, é justo considerar que o panorama de vendas na Europa mudou profundamente em 20 anos! Nesta análise, tendo por base os dados recolhidos pelo especialista Felipe Munoz, na sua página nas redes sociais “Car Industry Analysis” (baseada em dados da consultora JATO Dynamics), encontra-se tudo o que mudou nos primeiros semestres de 2005 e de 2025, na Europa (incluindo Reino Unido e EFTA).
Astra na frente em 2005
Antes da crise financeira de 2008, o mercado europeu era liderado pelo Opel/Vauxhall Astra, com 275.814 unidades matriculadas. Na tabela, atrás, encontravam-se dois carros do mesmo segmento: Volkswagen Golf (266.283) e Ford Focus (247.863) – o segundo já nem é produzido!
Numa época sem nuvens negras na linha do horizonte, vários outros modelos apresentavam vendas superiores a 200.000 unidades por ano, os casos de Peugeot 206 (241.508), Peugeot 307 (210.135) e Renault Mégane (202.876).
Ford Fiesta, outro modelo já desaparecido, era o sétimo da tabela, com 180.641 unidades vendidas no primeiro semestre de 2005, seguindo-o dois concorrentes diretos, o Renault Clio (171.074) e o Opel/Vauxhall Corsa (164.986). No final do “top-10”, encontrava-se o Audi A4 (145.43.

Números mais comedidos
Duas décadas depois, a tabela dos 10 carros mais vendidos na Europa apresenta diferenças enormes não só na tipologia dos automóveis, mas também nos números das vendas.
O líder do primeiro semestre de 2025, o Dacia Sandero, registou 128.842 matrículas, ou seja, menos do que o 10.º de 2005 (Audi A4). Por outro lado, o Dacia, devido à estratégia do “value for money”, tornou-se modelo muito procurado, com a composição do pódio a permite observar como os preços passaram a estar em “desacordo” com o poder de compra de boa parte dos consumidores europeus.
Renault Clio (122.489 unidades) e Peugeot 208 (109.146), dois modelos que também concorrem no segmento B, como o Sandero, encontram-se nos lugares ocupados só por compactos do segmento C em 2005.
Na quarta posição posicionou-se o Volkswagen T-Roc (106.118), carro produzido na Autoeuropa de Palmela, e o melhor representante da marca alemã neste “ranking”, seguindo-o outro Volkswagen, o Golf (104.162 unidades), outrora um residente permanente dos pódios das vendas.

Segue-se outro Volkswagen, o Tiguan, mas já abaixo das 100.000 unidades (97.598), automóvel que prova a popularidade do formato SUV no continente. Dacia Duster (97.188), Peugeot 2008 (96.378), Citroën C3 (95.891) e Toyota Yaris Cross (95.513) completam o “top-10.
Entre 2005 e 2025 assistiu-se, também, a grande transformação em termos de motorizações, com o Diesel preterido, em larga medida, por mecânicas a gasolina e eletrificadas. Entre os 10 carros mais vendidos no primeiro semestre de 2025, só quatro dispõem de mecânicas a gasóleo nas gamas (Clio, T-Roc, Golf e Tiguan), e oito têm motorizações eletrificadas (Clio, 208, Golf, Tiguan, Duster, 2008, C3 e Yaris Cross).












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