É o "coupé" novo posicionado entre o Classe C e o Classe E e combina desenho desportivo que inspira dinamismo com qualidades de condução refinadas. A motorização Diesel permanece (muito...) válida, independentemente de registar decréscimo na procura, e permite autonomias acima dos 1000 km.
Visualmente distinto e elegante, o novo CLE unifica, numa única carroçaria, as versões coupé das gamas C e E da Mercedes-Benz, indo buscar a ambos uma série de componentes numa lógica de recolha dos pontos fortes de cada um – o interior requintado e tecnológico do Classe E, por exemplo, é uma das virtudes, mas também o são a competência de rolamento e a qualidade de construção.
Sem surpresa, é o desenho que se destaca no CLE Coupé, automóvel com linhas extremamente elegantes. A aparência opulenta deve-se, também, às dimensões muito mais próximas do Classe E que do Classe C
Mede 4,850 m de comprimento, embora o conceito estético do pilar C e da bagageira contribuam para uma sensação visual mais compacta. A dianteira recorre ao conceito “Shark nose” (leia-se nariz de tubarão) com faróis Full LED que, neste caso, dispunham de mais evoluída tecnologia Digital Light de matriz LED.
A distância entre eixos também é generosa, com 2,865 m, o que ajuda a obter um espaço a bordo apreciável para quatro ocupantes (aquela que é a sua lotação máxima), sobretudo no caso da amplitude para a colocação dos joelhos. Na altura do assento ao tejadilho, há alguma limitação pela linha descendente do tejadilho, embora perfeitamente utilizável para adultos até 1,85 m. Nota, ainda, para os bancos dianteiros de desenho específico, que oferecem apoio reforçado para os ocupantes dianteiros, podendo ser aquecidos e dispor de função de memória. A bagageira disponibiliza 420 litros, um valor interessante para um "coupé", sem ser fantástico para os seus mais de 4,8 metros de comprimento.
O sistema de som 3D da Burmester (1400 €) é fundamental para quem valoriza a qualidade e imersão áudio em viagem. Já o posicionamento dos altifalantes na zona plana e avançada junto ao local dos espelhos nas portas dianteiras gera estranheza. Isto porque o CLE Coupé não tem molduras superiores para os vidros e, quando chove, o vidro baixa ligeiramente e, com isso, entra água que vai “calhar”, precisamente, aos altifalantes das portas…
Conceito tecnológico
Situando-se entre os C e E, o conceito geral de qualidade está muito bem defendido, aliando-se a uma nova geração de tecnologia que a marca alemã já emprega noutros modelos mais recentes. Assim, encontramos a nova geração do sistema MBUX, que combina o painel de instrumentos configurável de 12,3'' com o ecrã tátil central de 11,9” para o sistema de infoentretenimento, bastante moderno e muito mais avançado, sobretudo na conectividade. Neste aspeto, graças à tecnologia 5G integrada, pode englobar diversas aplicações de terceiros como Spotify, Apple Music, TikTok, Angry Birds ou aplicações de trabalho, como o Zoom e Webex.
Apesar da boa aparência e da facilidade de utilização, o ecrã fica facilmente marcado pelas impressões digitais dos utilizadores, naquela que não é uma característica exclusiva deste modelo, mas que obriga, então, a limpeza constante se se quiser manter o aspeto imaculado do ecrã. Outro reparo ao interior do CLE é a maior quantidade de plásticos duros (ainda que de boa aparência) na zona inferior do habitáculo.
Ótimo desempenho, grande autonomia
Com a marca empenhada na sua “missão” de eletrificação, o CLE conta com versões variadas e com componente elétrica em toda a gama, mesmo que em competências distintas. Um exemplo disso é o motor turbodiesel de 2 litros, com 197 cv e 440 Nm de binário, que encontramos na versão CLE 220 d Coupé. A caixa automática de 9 velocidades (9G-TRONIC) também faz parte do conjunto.
A eletrificação neste motor surge por via de tecnologia “mild hybrid” com motor de arranque/alternador integrado (ISG) de 48 V, o qual fornece apoio em baixas velocidades e permite poupar combustível ao melhorar o efeito do sistema start-stop, por exemplo, debitando agora 17 kW/23 CV de potência e 200 Nm de binário suplementares.
Sendo já cada vez mais raro de encontrar mecânicas turbodiesel, o “reencontro” com esta tecnologia de motorização traz sensações deveras positivas, com boas respostas desde regimes muito baixos e uma ótima capacidade para ganhar velocidade, de forma muito progressiva e, sobretudo, com refinamento apreciável – até porque o binário do motor elétrico auxilia nestes momentos. A atuação da caixa de velocidades ajuda decisivamente nessas competências de desempenho, sabendo interpretar bem os momentos de condução.
Se as prestações são lestas, com o condutor a beneficiar de um motor que é capaz de subir de ritmo com facilidade –, o CLE 220 d também consegue registar consumos moderados, como comprovam os 6,2 l/100 km obtidos ao cabo de 100 km de percurso de ensaio, com trajetos entre autoestrada, nacionais e cidade – ainda assim, acima do valor homologado (4,8 l/100 km). Não obstante, com este CLE é possível observar o indicador de autonomia acima dos 1000 km (com o depósito de 66 litros cheio), naquela que é já uma visão rara entre os automóveis modernos.
O modelo conta ainda com os modos de condução do sistema Dynamic Select, que podem alterar o funcionamento de diferentes parâmetros do chassi – como a resposta do grupo motriz e da direção –, variando entre o modo mais eficiente “Eco” e o mais desportivo “Sport”. A principal diferença está mesmo na resposta mais ou menos urgente do motor face à pressão do acelerador e na atuação também, da caixa de velocidades por inerência.
Em termos de comportamento, o CLE denota traços mais aproximados às do Classe E, com uma qualidade de rolamento muito elevada, mesmo quando associado à Linha de Design Exterior AMG que traz consigo (além da estética, claro), as jantes AMG multi-raios de 20'' (950 €) e a suspensão desportiva (de série, já vem rebaixado em 15 mm face ao Classe E). Ainda que não tenha trejeitos tipicamente desportivos, o CLE é muitíssimo equilibrado em curva, com bom controlo da carroçaria, e simultaneamente confortável no quotidiano, seja em autoestrada ou em mau piso, permitindo dessa forma viagens com qualidade e serenidade. É nesse equilíbrio que reside, precisamente, um dos seus trunfos.
Muitas opções
Como já é típico da Mercedes-Benz (e das demais marcas premium), a lista de equipamento enriquece sobejamente a experiência de utilização, mas o preço a pagar também engorda proporcionalmente.
De base (65.150 €), o CLE 220 d Coupé conta com uma lista extensa, incluindo, entre muitos outros elementos, as jantes de 18'' de cinco raios duplos, suspensão Conforto rebaixada, Linha de Design Interior Avantgarde (bancos em pele, etc), navegação premium MBUX com módulo 5G para serviços Mercedes me Connect, sistema de navegação em disco rígido, assistente adaptativo de máximos, bancos dianteiros aquecidos, Pack Parking com câmara de marcha-atrás, painel de instrumentos de 12,3", faróis LED de alta performance e sistema multimédia MBUX.
Mas, como na versão ensaiada, a lista de opcionais desbloqueia outras competências. O destaque vai para a versão AMG Premium que, por 9100 €, traz uma panóplia de equipamentos estéticos e tecnológicos que tornam a viagem muito mais exclusiva. Integrados neste pacote estão, apenas para indicar os itens mais relevantes, o Pack Premium (assistente de ângulo morto, etc.), Pack Conforto Keyless-Go, faróis Digital Light com assistente adaptativo de máximos Plus, Pack Parking com câmara 360º e realidade aumentada para navegação. Por 1750 €, tejadilho panorâmico aumenta a luminosidade no interior do automóvel.
O preço a pagar por esta experiência é justo, mas os opcionais podem aumentar – e muito! – o montante a pagar
Em suma, ao unificar num único modelo os pontos fortes dos antigos C Coupé e E Coupé, a Mercedes-Benz simplifica a sua gama e cria uma proposta bastante sólida que vinga pela sua solidez geral e pela competência de rolamento, numa ótica de serenidade que é bastante valorizada pelo cliente-tipo da marca alemã. O desempenho do motor turbodiesel de 2 litros é bastante bom e pragmático, ao passo que o comportamento refinado evoca aquele do Classe E.
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