Mercedes-Benz GLC 300 e 4Matic com Tecnologia EQ
- Pedro Junceiro
- 13 de ago.
- 5 min de leitura
Posicionado na base da gama híbrida Plug-In do Sport Utility Vehicle (SUV) da marca da estrela, o GLC 300 e 4Matic com Tecnologia EQ representa passo importante no progresso da eletrificação, por permitir bem mais de 100 km de condução sem a intervenção da mecânica de combustão interna. Somam-se 313 cv, abundância de equipamentos e qualidade (muito!) acima da média.

A segunda geração do GLC apresentada pela Mercedes-Benz em 2022 aumentou os padrões de qualidade entre os Sport Utility Vehicles (SUV) concorrentes em segmento que representa muitas vendas na Europa e, por isso, atrai muitas marcas generalistas e “premium”. E fê-lo na generalidade dos domínios que valorizamos nos automóveis: o desenho ganhou dinamismo e “músculo”, mas o automóvel novo, comparado com o antecessor, também surpreende com a tecnologia que tem embarcada e os recursos técnicos com que está equipado, sobretudo no caso da versão 300 e 4Matic com Tecnologia EQ (na verdade, trata-se de sistema híbrido Plug-In, ou PHEV).
Embora posicionando-se no patamar de acesso à gama PHEV do GLC, esta versão conta com pacote de atributos muito convincentes, por beneficiarem muito quer o desempenho, quer a eficiência, características que satisfazem melhor as exigências de número cada vez maior de clientes com consciência ambiental. Ou valoriza a economia de combustível, mas não “abre mão” de todas as qualidades que associamos aos automóveis com estatuto “premium” nem é adepta das motorizações elétricas, privilegiando, por isso, as tecnologias de transição.

O sistema PHEV montado no 300 e 4Matic com Tecnologia EQ combina mecânica 2.0 turbo a gasolina (204 cv e 320 Nm) com máquina elétrico síncrona, com 136 cv e 440 Nm. No total, a motorização híbrida rende 313 cv e 550 Nm, mas estes números contam-nos apenas parte da “história”. O mecanismo também integra caixa automática 9G-Tronic e bateria com 31,2 kWh de capacidade bruta (só 25,3 kWh são úteis), o que permite à marca anunciar mais de 120 km de condução em modo 100% elétrico, registo que não igualámos durante este teste (percurso misto de 100 km entre cidade, estradas nacionais e autoestradas) – cumprimos “apenas” 109 km com recurso ao motor elétrico (média de 24,7 kWh/100 km).
Ainda assim, o GLC apresenta-se como opção muito interessante para o dia a dia, tanto mais que o desempenho em modo elétrico é muito despachado, mitigando bastante bem qualquer evidência do peso superior a duas toneladas. De facto, o SUV acelera com decisão e permite recuperações despachadas sem intervenção do motor térmico, ativando o programa EV, mas o ideal é adotar ritmo mais moderado e aproveitar a regeneração de energia durante as fases de desaceleração e travagem para estender a autonomia deste modo de condução.

Terminada a carga na bateria e ativando-se o modo Híbrido, os 313 cv e os 550 Nm tornam o desempenho do GLC ainda mais eclético, adaptando-se a toadas mais velozes sem que exija ao condutor a seleção do programa Sport, que aumenta muito o consumo e a sonoridade do motor 2.0 a gasolina. Neste domínio, apesar do bom isolamento do habitáculo, notámos por mais do que uma vez, nos arranques a frio, tendência de arrastamento da primeira mudança, o que eleva, desnecessariamente, o ruído de funcionamento da mecânica.
Em modo Híbrido e conduzindo sem pretensões desportivas, obtivemos médias de consumo na ordem dos 4,6 l/100 km, registos muito razoáveis, sobretudo num SUV com peso superior a 2300 kg.
Todas as funções do sistema híbrido são controladas em menus no monitor do equipamento multimédia, incluindo a programação da recarga da bateria, os consumos em tempo real ou o modo Battery Hold que mantém reserva de energia no acumulador. Progresso importante é a possibilidade de alimentação com corrente contínua - potências até 60 kW. E, assim, em 29 minutos, a carga aumenta de 10% para 80%.
Ainda ao volante, o comportamento eclético do GLC é muito bem-vindo. Nesta versão PHEV, de série, Pack Engineering com suspensão pneumática Airmatic e eixo posterior direcional (o ângulo de viragem máximo das rodas posteriores é de 4,5º, o que traz consigo vantagens para a dinâmico do Mercedes). Dependendo do programa de condução (o Hybrid, por exemplo), o amortecimento pode ser macio e muito mais tolerante para com os maus pisos. Já no Sport, a firmeza aumenta de forma significativa, o que diminui capacidade de filtragem e suavidade de rolamento, mas aumenta o controlo, a estabilidade, a precisão ou a segurança, sobretudo em curva.
O eixo traseiro direcional também beneficia a facilidade de manobra em cidade. Nota, ainda, para a existência de modo Offroad para os adeptos da condução fora de estrada – aumenta a altura ao solo e muda o funcionamento dos sistemas eletrónicos de assistência à condução.

Qualidade acima da média
O habitáculo do GLC tem construção cuidada e muitos apontamentos de grande qualidade, o que combina com tecnologia de altíssimo nível. Por tudo isto, é interior com imagem atrativa. Entre os destaques, a instrumentação digital (12,3’’) e o ecrã do sistema multimédia (11,9’’), a “porta” para a geração mais moderna do MBUX – navegação conectada, ligação sem fios a equipamentos Android Auto e Apple CarPlay, acessos a muitas aplicações e controlos diretos fixos para a climatização (encontram-se posicionados na parte inferior do monitor!). Não são ótimos durante a condução, mas o hábito ajuda. O sistema admite comandos por voz e conta com assistente virtual que interage vezes a mais sem ser chamado (o que origina confusões).
Uma vez que o número de comandos físicos está a diminuir rapidamente, importa dizer que o Mercedes conta com “atalhos” táteis sob o ecrã central, que respondem bem, mas o mesmo não se pode dizer dos comandos no volante, também táteis, que ativamos, frequentemente, de forma inadvertida, sobretudo durante manobras ou em curvas.

Os bancos são muito confortáveis e os dianteiros dispõem de regulações elétricas, memória e aquecimento. A habitabilidade é outro atributo positivo do GLC, principalmente nos lugares traseiros, embora o central seja muito pouco prático (encosto duro e túnel central intrusivo). O GLC é automóvel familiar competente para quatro adultos e é-o, também, por contar com bagageira que tem 470 litros de capacidade – 600 nas versões não-PHEV do SUV da marca da estrela.
O GLC insere-se na categoria dos SUV “premium”, pelo que as suas credenciais em termos de acabamentos, materiais ou sensações de condução combinam com o posicionamento elitista que também apresenta no preço (73.650 €). Porém, como é comum na categoria, para experiência de condução ainda mais satisfatória, recurso obrigatório aos opcionais, ação que penaliza (muito!) o custo do automóvel. A unidade ensaiada tinha pacotes AMG Premium (10.150 €), pintura metalizada (1000€) jantes de 5 raios de 20’’ (1.050 €) e Pack Night (600€), por isso custando 86.900 €.

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