Peugeot não exclui retorno ao segmento A
- Pedro Junceiro

- 9 de out.
- 3 min de leitura
Afastada do segmento A desde o fim de produção do 108, a Peugeot não exclui o retorno aos automóveis mais pequenos, mas apenas e só se os regulamentos europeus se alterarem, em linha com o apelo da Comissão Europeia (CE) de estabelecer um quadro novo para veículos eficientes e acessíveis para responder aos modelos de origem chinesa.

A Peugeot não descarta a possibilidade de regressar ao segmento A, o dos automóveis de estilo citadino, se se reunirem as condições ideias em termos de regulamentação de homologação europeia. Marca que se notabilizou por modelos como o 106, 107 e 108, a Peugeot afastou-se desse segmento em 2022, quando a parceria entre a Stellantis e a Toyota chegou ao fim, com a marca do “leão” a entender que as normas europeias tornavam esses modelos pouco rentáveis.
A questão apenas se agravou ao longo dos últimos anos com a adoção de regulamentos ainda mais exigentes em termos de emissões poluentes e de tecnologias de segurança, encarecendo os automóveis para os cânones dos modelos citadinos. Ao mesmo tempo, vários modelos de origem chinesa começam a chegar, colocando a indústria automóvel europeia em posição mais complicada.
Neste cenário, de acordo com Alain Favey, Diretor-Executivo da Peugeot, em declarações à E-AUTO, a estratégia da marca francesa poderá alterar-se com o anúncio recente de Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, de que se está a trabalhar num quadro de homologação favorável à produção de automóveis compactos, limpos e acessíveis para fortalecer a indústria do “velho continente”. Essa tem sido, também, uma das batalhas da Stellantis (juntamente com o Grupo Renault), num tema que é abordado de forma aberta por Favey.

“A razão pela qual temos vindo a insistir nisso nos últimos meses, nesse carro elétrico que a Ursula von der Leyen mencionou no seu discurso há duas semanas, é que quando olhamos para o mercado europeu vemos que três milhões do mercado total foram perdidos entre o período pré-Covid e o momento atual. Desses três milhões, pelo menos um milhão pertence a esse segmento dos carros pequenos, do segmento A, que hoje está praticamente desaparecido, porque com o nível de equipamento e de assistentes de segurança que temos de colocar no carro de acordo com a regulamentação europeia, infelizmente, não há maneira de oferecermos o preço acessível que os clientes esperam para cobrir o custo de todo este equipamento”, explicou o homem-forte da Peugeot, no cargo desde fevereiro deste ano.
“Eu sempre disse isso e posso repetir hoje que não há espaço para a Peugeot nesse segmento A tal como existe hoje, precisamente por essa razão – porque achamos que os clientes esperam um nível de equipamento que simplesmente não podemos oferecer a esse preço muito, muito agressivo com a regulamentação atual. Agora, se a regulamentação mudar e de repente houver novamente a possibilidade de oferecer carros com um nível mais baixo de requisitos de homologação, então, obviamente, essa será uma nova oferta, um novo segmento que será criado. E, claro, a Peugeot participaria nesse segmento”, acrescentou, lembrando que, no entanto, ainda é muito cedo para tomar qualquer decisão concreta sobre o tema.
"É absolutamente relevante para a Peugeot estar nesse segmento se ele existir. Hoje, não existe."
“Portanto, sim, como fizemos no passado, com o 106, o 107 e todos esses carros pequenos que tínhamos, é absolutamente relevante para a Peugeot estar nesse segmento se ele existir. Hoje, não existe. Portanto, é um pouco ficção científica falar sobre isso, mas se existir [o segmento], é claro que a Peugeot participará”.

Toque desportivo na condução
Outro dado avançado por Favey numa conferência de imprensa em que a E-AUTO foi o único meio português a estar presente foi que a Peugeot está empenhada em melhorar dois lados dos seus modelos, o da condução e o de vivência a bordo, considerando que estes podem ser diferenciadores importantes da marca não só no grupo, como também na própria indústria.
“Penso que o elemento das sensações de condução está relacionado com a promessa de experiência da marca Peugeot e tem sido por muitos, muitos anos. Temos uma equipa dedicada a garantir que os Peugeot têm uma abordagem de condução muito específica tanto na estrada, como também na experiência do interior. Portanto, para nós, a sensação de condução diz respeito à forma como uma pessoa se sente ao conduzir, mas também quando se está a ser conduzido. E penso que os interiores da Peugeot têm aspetos específicos, como o i-Cockpit, que contribuem para essas sensações”, afirmou, garantindo ainda que os modelos da marca não renegam a um certo toque dinâmico, o que exemplificou com a apresentação recente do 208 GTI e a introdução no mercado nacional dos novos 3008 Dual Motor.







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