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Polo a Polo: Nissan Ariya e o que nenhum outro elétrico fez

Ao conduzirem um Nissan Ariya nalguns dos locais mais inóspitos do mundo, Chris e Julie Ramsey quebraram uma série de barreiras e preconceitos que limitam a democratização dos automóveis elétricos. Mas não só: ao ligar o Polo Norte Magnético e o Polo Sul, o SUV tornou-se no primeiro automóvel a efetuar o trajeto com sucesso. O casal visitou Portugal e contou os principais desafios desta aventura!



Habituados a aventuras de “longo alcance”, o casal escocês Chris e Julie Ramsey já tinham conseguido a proeza de cumprir os 17.000 km do Rali da Mongólia com um Nissan Leaf de 30 kWh em 2017. No entanto, a sua busca contínua por desafios ousados levou-os a pensar numa outra aventura – viajar do Polo Norte (ponto de partida no Oceano Ártico gelado) ao Polo Sul (na Antártida) a bordo de um automóvel a bordo de um automóvel elétrico.

 

A escolha recaiu, novamente, sobre um modelo da Nissan, desta feita, um Ariya, SUV de nova geração que, trabalhado pelos parceiros da Arctic Trucks, ficou apto a enfrentar as exigências de terrenos pouco comuns para um veículo de quatro rodas. Mas, se o aspeto robusto aponta para grandes modificações, a componente motriz deste Ariya “explorador” é idêntica à da versão de estrada, evidenciando a capacidade da tecnologia elétrica para fazer face a abordagens extremas de clima e de terrenos.


Durante dez meses de viagem, os escoceses Chris e Julie Ramsey percorreram cerca de 30.000 km num Nissan Ariya.

Depois de cumprir dez meses em viagem (entre março e dezembro de 2023) e atravessar três continentes (num total de cerca de 30.000 km), Chris e Julie Ramsey percorrem agora diversos eventos para explicar como esta “arrojada e algo louca” é um atestado muito fidedigno das competências reais da mobilidade elétrica, mesmo em locais teoricamente muito menos favoráveis para esta tecnologia.



“É aquilo que chamo de coragem arrojada. É também aquilo que a Nissan define de ‘desafiar o normal’. Mostrar aquilo que é possível. Olhei para o mapa do mundo e pensei se poderíamos ir de Norte a Sul e vi que já o tinham feito de elétrico. Então olhei ainda mais para Norte e ainda mais para Sul e percebi que nunca ninguém na História tinha tentado isso. Perguntei aos peritos da Arctic Trucks, que foram a nossa equipa de apoio nas regiões polares e dissemos-lhes que queríamos fazer isto, que nunca ninguém tentou fazer isto.


A determinação por trás de projeto superambicioso:"Queremos fazê-lo e de automóvel elétrico, que é o futuro da exploração".

Queremos fazê-lo e de automóvel elétrico, que é o futuro da exploração. E fomos mesmo. Percebemos que era isto que tínhamos de fazer, que é tão arrojado que vai fazer as pessoas perceberem que os elétricos conseguem suportar o frio extremo. Eles têm a autonomia necessária e mesmo que não exista uma infraestrutura de carregamento, podem carregar o veículo na mesma – apenas é preciso acesso à energia”, explicou Chris Ramsey, em declarações à E-Auto no recente Salão do Automóvel Híbrido e Elétrico, no qual o Ariya em questão esteve em exposição.

 

Para aquele elemento do duo, estas aventuras “têm de ser algo de louco, grande, arrojado e corajoso que surpreenda o mundo e obrigue as pessoas a prestar atenção. Porque a melhor forma de as pessoas perceberem a tecnologia elétrica é criando aventuras cativantes, excitantes e algo loucas”.



Aventura também para testar tecnologias 

Para este casal escocês, o gosto pela aventura não é novo e, anteriormente, já tinham feito história ao cumprirem o Rali da Mongólia, cumprindo cerca de 17.000 km em 56 dias com um Leaf de primeira geração, ainda com bateria de 30 kWh. Nessa fase, conta Chris, foi necessário proceder à bondade dos estranhos para conseguirem carregar a bateria do veículo, uma vez que da Turquia à Sibéria não existia uma rede de carregadores.

 

Para evitarem problemas com carregamentos, Chris e Julie recorreram aos conhecimentos de amigos para conceberem dispositivos que aproveitavam as condições naturais.

 

“Como parte deste projeto, nós também inovámos. Tentámos ser pioneiros nas novas tecnologias ou em sistemas, sendo que a nossa única fonte de carregamento fiável nas regiões polares era um gerador de 7,7 kW. Mas não queríamos apenas carregar o carro com o gerador. Queríamos compensar esse combustível e testar tecnologia renovável. Assim, no Norte, experimentámos um carregador de turbina eólica 5 kW porque o Ártico é a o segundo local mais ventoso do planeta. Ou seja, a lógica era ter uma eólica connosco. No Sul, como tínhamos luz solar durante 24 horas na Antártida, aproveitámos a energia produzida a partir de painéis solares”, observou Julie.



Quanto a problemas, apenas um, comentou o casal e a culpa foi de uma batida numa rocha escondida sob neve densa, que partiu um braço de suspensão. O acompanhamento nas zonas polares da equipa da Arctic Trucks foi, nesse sentido, importante, já que permitiu reparar a peça danificada em condições de muitos graus negativos.

 

Ariya dos sorrisos 

Embora o trajeto que durou dez meses “pareça muito tempo, foi tudo sempre a correr e sem paragens”, naquele que é um lamento partilhado entre os marido e mulher, ficam as estórias de momentos em que o Nissan Ariya se destacou entre a multidão, causando sempre sorrisos a quem o via passar. Fosse nos EUA ou na América do Sul.


“No início da expedição não tínhamos um nome para o carro e não conseguíamos encontrar nada de apropriado. Mas à medida que íamos atravessando os polos, uma coisa que era comum a todos os locais em que chegávamos era a reação das pessoas quando nos viam passar: tinham sempre um enorme sorriso, com olhos bem abertos e uma reação incrível. Não interessa se eram novos ou velhos, as pessoas adoraram o carro. E pensámos ‘uau, este carro faz as pessoas sorrir’! Assim, descobrimos que sorriso em espanhol é ‘sonrisa’. Por isso, chamámos o carro de sonrisa. E na América, onde toda a gente adora as grandes pick-ups, estávamos num parque de estacionamento a filmar uma entrevista e um tipo parou a sua carrinha enorme e perguntou-nos o que era ‘isto’ [apontando para o Ariya] e surpreendido porque tinha pneus maiores que a carrinha dele. Todos na América diziam que adoravam o carro”, admitiu Julie.



Aproveitando esse mesmo entusiasmo gerado pelo Ariya em questão, a dupla espera agora aprovar o modelo para poder circular em estradas públicas no Reino Unido e mostrar as virtudes da mobilidade elétrica a mais gente. “Neste momento, estamos a viajar por diversos eventos a contar o percurso que fizemos, mas estamos também a trabalhar para torná-lo legal no Reino Unido. Para que possamos conduzi-lo lá e levá-lo também à Europa porque este carro foi modificado depois de ter sido registado no Reino Unido e temos agora de reaprová-lo para circular nas estradas”, afirmou Chris, secundado pela sua esposa.

 

“Sim, queremos tê-lo na estrada novamente. Ele existe para ser conduzido, para ser visto. E que melhor forma de tocar as pessoas do que ir aos sítios e mostrá-lo numa celebração daquilo que conseguimos fazer”.

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