Renault e Stellantis querem citadinos mais “livres”
- Pedro Junceiro
- 6 de mai.
- 2 min de leitura
A uma só voz, Luca de Meo, do Grupo Renault, e John Elkann, do Grupo Stellantis, pedem regulamentos mais favoráveis para os automóveis ditos citadinos e utilitários, indicando que a margem de rentabilidade está a decair drasticamente devido às normas de segurança e técnicas cada vez mais pesadas.

Rivais na indústria e no papel, mas coincidentes no seu ponto de vista quanto ao estado atual da indústria automóvel europeia. Em entrevista conjunta ao jornal francês Le Figaro, o Diretor-Executivo do Grupo Renault, Luca de Meo, e o Presidente da Stellantis, John Elkann, sublinharam a necessidade de repensar muitas das normas e regulações em torno do setor automóvel para que os construtores europeus continuem a ter um papel importante na mobilidade do “Velho Continente”.
Coincidindo na opinião de que “o destino da indústria automóvel europeia será decidido este ano”, os dois pedem, sobretudo, uma alteração no panorama de normas relativas aos carros mais compactos de segmentos de entrada, o dos citadinos e utilitários, que arriscam tornar-se demasiado dispendiosos devido à imposição de cada vez mais regras de segurança e de tecnologia embarcada.
O resultado, argumentam, pode ser a redução da presença destes construtores nos segmentos em questão, justificando-se com a queda acentuada da rentabilidade dos mesmos, o que levaria, em última instância, ao encerramento de fábricas europeias nas quais alguns desses automóveis são produzidos. Logo, agravar-se-ia o desemprego e o peso sob o estado social.

“Aquilo que estamos a pedir é uma regulamentação diferenciada para os carros mais pequenos. Existem muitas regras desenhadas para os carros maiores e mais dispendiosos, o que quer dizer que não podemos fazer carros em condições aceitáveis de rentabilidade”, disse o responsável do Grupo Renault, citado pela Reuters, que teve acesso ao artigo.
Dá ainda conta de que os dois construtores a que presidem, a Stellantis e a Renault, detêm cerca de 30% de quota de mercado na Europa e que a grande maioria deve-se aos modelos mais acessíveis para as massas. Essa característica, defende Luca de Meo, diverge em grande medida daquela protagonizada por construtores “premium”, sobretudo da Alemanha, como são os casos da BMW ou da Mercedes-Benz, que apontam essencialmente à exportação para mercados não-europeus com modelos dispendiosos.
"Nos últimos 20 anos, a sua lógica tem ditado a regulamentação do mercado. E o resultado é que as regras europeias significam que os nossos carros são cada vez mais complexos, cada vez mais pesados, cada vez mais caros e a maioria das pessoas simplesmente já não os pode comprar", é citado novamente o homem-forte da Renault.
Porém, pertenceu a Elkann a declaração firme mais pesada, com o ítalo-americano a dizer que “se a trajetória não se alterar, teremos de tomar algumas decisões dolorosas para a nossa base de produção no decorrer dos próximos três anos”. Ou seja, embora não o dizendo diretamente, poderá passar pelo encerramento de fábricas automóveis.
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