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Ao volante do Ferrari 12Cilindri Spider

Atualizado: 23 de abr.

É a variante descapotável do substituto do 812 Superfast. No menu, motor V12 6.5 com 830 cv sem sistema híbrido nem turbo, caixa automática de 8 velocidades, de embraiagem dupla, tração traseira, quatro rodas direcionais e tecnologias testadas pela Scuderia no Mundial de Fórmula 1. Os números “arrepiam”: arranque de 0 a 100 km/h em 2,95 segundos, velocidade máxima de 340 km/h, 602.957 €. O relatório da condução de “cavallino rampante” vibrante com capota rígida retrátil, que abre ou fecha em 14 segundos, e até 45 km/h.



Ferrari não (sobre)vive à margem da indústria automóvel, e, como os demais fabricantes, está, também, comprometida com programa de eletrificação que pressupõe a produção de cada vez mais “cavallinos rampantes” com motorizações eletrificadas, híbridas e híbridas Plug-In (PHEV). E, até, a chegada do seu primeiro superdesportivo sem mecânicas de combustão interna (cumprindo-se o que foi prometido, apresentação ainda este ano, arranque da produção em 2026). Mas, como afirmava o próprio Enzo Ferrari (1898-1988), o fundador do construtor de Maranello, Itália, o motor “V12 é a alma e o coração” da marca – encontra-se no seu primeiro modelo de competição, o 125 S, de 1947 (tinha 1,5 litros de capacidade, e cerca de 120 cv, o que permitia já velocidades acima de 200 km/h; e no primeiro carro fabricado para a estrada, o 166 Inter, de 1948 (2,0 litros, 90 cv a 110 cv, 170 km/h), “derivado” do 166 S de competição, classificado como o primeiro Grand Tourer (GT) da companhia que apresentou resultados formidáveis em 2024: 13.752 unidades vendidas, lucros líquidos de 1526 mil milhões de euros!



Também de acordo com Enzo Ferrari, todos os V12 apresentados depois do original não seriam mais do que “derivações do primeiro”. E, assim, teoricamente, a mecânica do 12Cilindri Spider, descapotável de dois lugares equipado com capota rígida retrátil, e desenhado pelo Centro Stile comandado por Flavio Manzoni, que procurou inspirar-se noutra máquina icónica, o 356 GTB, de 1968, descende daquele motor. Mas, nas histórias da história, encontramos origem diferente.


O 12 cilindros novo, com o “V” aberto a 65º, e 6,5 litros de capacidade, baseia-se numa unidade que os italianos estrearam em 2002, no Enzo – neste superdesportivo tinha “tão-somente” 6,0 litros e 660 cv. E, surpreendentemente, sem recurso a sistemas híbridos, conseguiu-se o cumprimento das normas antipoluição mais importantes (Europa, EUA, China, etc.); e, dispensando-se turbos, garantiu-se um rendimento fora de série, sobretudo considerando que este motor é totalmente atmosférico, com 830 cv às 9250 rpm (regime que corresponde, também, à “redline” e, consequentemente, ao corte da injeção), e 678 Nm às 7250 rpm.



Mecânica V12 (muito) otimizada

Tecnicamente, este V12 6.5 é muitíssimo semelhante ao motor do 812 Competizione, versão de topo do 812 Superfast (830 cv no primeiro, “somente” 800 cv no segundo), mas o F140HD, nome de batismo da mecânica nova, apresenta duas mãos bem cheias de modificações. E explica-se, assim, a sonoridade expressiva e inconfundível, que contribui sobremaneira para experiência de condução com mais adrenalina.

 

Na Ferrari, cumprindo-se regra de ouro, todos os componentes do motor foram otimizados. Desta forma, a entrega de potência apresenta-se-nos instantânea e progressiva. A intervenção incluiu a adoção de bielas em titânio (40% mais leves do que as fabricadas em aço, por isso reduzindo, muito significativamente, a inércia, e proporcionando subidas de regime mais rápidas, o que melhora a eficiência), ou a utilização de pistões em liga de alumínio (com mais resistência térmica e maior durabilidade). A cambota redesenhada também contribuiu para a redução do peso (menos 3%) e respostas mais rápidas.



O V12 do 12Cilindri Spider também beneficia da tecnologia Aspirated Torque Shaping (ATS), que permite o controlo dinâmico do débito de binário na terceira e na quarta relações da caixa F1 de 8 velocidades e embraiagem dupla, com programa manual ativado sequencialmente em patilhas “XXL” no volante. E isto explica a resposta linear de mecânica que tem sistema de injeção direta a 350 bar, recurso que otimiza a combustão e a eficiência térmica. Assim, independentemente do regime, a reação do motor aos movimentos o acelerador é sempre implacável. As passagens de caixa processam-se quase, quase instantaneamente, o que contribui para acelerações e recuperações fulminantes.



Desempenho entusiasmante

No 12Cilindri Spider, descapotável capaz de 0-100 km/h em pouco menos de 3 segundos, 0-200 km/h em pouco mais de 8 segundos, e 340 km/h, a transmissão funciona, articuladamente, com o sistema de quatro rodas direcionais, e com a versão mais recente (8.0) do Side Slipe Control (SSC), função que torna o controlo eletrónico de estabilidade menos intrusivo em curva, admitindo-se, por isso, alguma sobreviragem. Este movimento controla-se facilmente, se evitarmos a tentação de travarmos rapidamente, e aliviarmos a pressão no acelerador com suavidade e corrigirmos as trajetórias no volante, também sem brusquidão, rodando-o na direção oposta à da derrapagem. E, assim, pacientemente, depois dos pneus traseiros recuperarem a aderência, Ferrari outra vez sobre carris!  O 812 Competizione tinha a versão 7.0 do sistema, e o 812 Superfast a 5.0, as duas menos competentes na gestão da capacidade de tração e, consequentemente, da estabilidade, da precisão e da segurança na condução.



Isto é: na prática, este Ferrari é bem mais previsível e, assim, fácil de controlar até em condições extremas de condução desportiva. E este dispositivo funciona, ainda, em coordenação com o Evo ABS, e em função do modo de ação ativo no icónico Manettino, o nome do comando mecânico rotativo no volante, à direita – programas: Wet, Sport, Race, CT Off/ESC Off.

 

O sistema da marca de Maranello permite a personalização da dinâmica e da “performance” em função de diversas condições (condução, estrada) e preferências individuais, mas não intervém na direção, na eletrónica do motor (leia-se na resposta do V12 ao acelerador) e no desempenho dos travões. Em contrapartida, modifica os desempenhos do amortecimento – no Manettino, ao centro, encontra-se outro seletor, para aumentar ou diminuir as taxas de compressão e extensão, para adaptação da firmeza da suspensão), dos controlos de estabilidade e tração, e dos demais elementos que afetam o comportamento do 12Cilindri Spider, sempre com o objetivo de torná-lo mais fácil de conduzir.



Duas configurações aerodinâmicas

O novo “cavallino rampante” descapotável tem 4,73 m de comprimento, 2,18 m de altura e 1,29 m de altura. O 12Cilindri Spider é maior do que o 812 Superfast, exceto na distância entre eixos (2,70 m, ou menos 2 cm). Este descapotável, com pacote opcional de elementos produzidos em fibra de carbono, pesa, de acordo com os números da Ferrari, 1620 kg, isto é, mais 60 kg do que a variante coupé. Isto deve-se, maioritariamente, à necessidade de adoção de reforço estrutural que compense a eliminação do tejadilho fixo, e aos componentes integrados quer no sistema de proteção anticapotamento, quer na capota rígida retrátil. A repartição das massas suspensas apresenta-se muito otimizada, com 47,8% à frente e 52,2% atrás. Finalmente, também na resistência do chassis à torção, este Ferrari é muito melhor do que o antecessor (+15%), e quase igual ao Coupé (os italianos não confirmam a informação de que a diferença é de apenas menos 1%, mas dizem-se felicíssimos com o resultado que conseguiram, valha isto o que valer!...).



A aerodinâmica é determinante para o desempenho do 12Cilindri Spider, por garantir controlo e estabilidade na condução, sobretudo a velocidades elevadas. Por isso, cada linha da carroçaria foi desenhada para promover a otimização do fluxo de ar, de forma a reduzir o arrasto sem nunca comprometer a carga necessária para agarrar o Ferrari ao piso, sobretudo nos percursos sinuosas rápidos. O pacote integra elementos ativos, e pode assumir duas configurações – “Low Drag” (retas, menos resistência) e “High Dowforce” (curvas, mais aderência). Os elementos que mais sobressaem são as asas traseiras móveis arrumadas nos extremos do automóvel, ao lado da tampa da mala, que trabalham sempre de forma solidária, e nunca isoladamente.


Trata-se de componente importado da competição, determinante na conservação da estabilidade do Spider, por canalizar o ar de forma mais eficiente, e diminuir turbulências capazes de comprometerem a precisão e a segurança na condução – elevam-se 25 mm entre 60 km/h e 300 km/h. Finalmente, no fundo plano, existem geradores de vórtice que também diminuem a turbulência e aumentam a capacidade de refrigeração dos travões, o que aumenta a eficácia do sistema com tecnologia “by-wire” (atrás do pedal, em vez da bomba convencional, encontra-se sensor para medição da pressão que exercemos, para envio de sinal correspondente ao do sistema hidráulico que ativa o mecanismo; com esta solução, anuncia-o a Ferrari, a operação torna-se, sobretudo, mais rápida). E, assim, combina-se potência, resistência à fadiga e desempenho fora de série até em situações extremas. As jantes são de 21’’, e os pneus têm as medidas 275/35 no eixo dianteiro e 315/35 no traseiro. À escolha do cliente, dois equipamentos: Michelin Pilot Sport S5 e Goodyear Eagle F1 Supersport.



No “cockpit”, o 12Cilindri Spider não é muito diferente do Purosangue (mas sem bancos traseiros!). Neste descapotável bilugar, encontramos o volante habitual nos Ferrari, com muitos comandos e controlos hápticos e mecânicos, mais as patilhas com dimensões XXL que ativam o programa manual-sequencial da caixa automática. No painel de bordo, três monitores. O maior tem 15,6’’, e apresenta a instrumentação; o do sistema multimédia mede 10,25’’; e o dedicado ao passageiro dianteiro não excede as 8,8’’. Na qualidade dos materiais e da montagem, Ferrari irrepreensível, e a marca italiana, temos de recordá-lo, dispõe de programa de personalização para a “confeção de fato à medida” de cada proprietário – e anunciam-se muitos, pois garantem-nos que existem encomendas em número suficiente para mais de quatro anos de produção.



Experiência de condução vibrante

O fabricante de Maranello escolheu Portugal para a estreia dinâmica da variante Spider deste 12 Cillindri, que sucede a máquinas de sonho como o 365 GTB/4 Daytona de 1968, o 550 Maranello de 1996, o 575 M Maranello de 2022, o 599 GTB Fiorano de 2006, o F12berlinetta de 2012, ou o 812 Superfast de 2017. E a condução do superdescapotável constitui uma experiência sensorial inigualável e transcendental. Mecânica V12 vibrante e visceral na energia e na sonoridade, direção hiperdireta, caixa velocíssima, travões prodigiosos… A tração traseira, com o apoio das quatro rodas direcionais, proporciona agilidade e estabilidade fora de série, o que aumenta a facilidade de controlo até nos limites da aderência. Os números confirmam as capacidades desportivas formidáveis de “cavallino rampante” que é obra-prima da engenharia automóvel pela forma como combina paixão, potência e tecnologia. Este Spider não honra apenas os Gran Turismo icónicos produzidos pela marca italiana durante as décadas de 1950 e 1960: é, porventura, a expressão nova do prazer ao volante. Sublime.



Capota rígida retrátil 

No 12Cilindri Spider, Ferrari que é mais Gran Turismo do que superdesportivo, por também propor conforto de rolamento, luxo e sofisticação que quase todos os fãs dos segundos “desprezam” (e, por isso, dispensam), dispõe de capota rígida retrátil com comando elétrico. O mecanismo abre ou fecha em 14 segundos, e a operação pode realizar-se com o automóvel em movimento, mas só até 45 km/h. O tejadilho tem dimensões muito compactas e apenas dois painéis, mas limita a capacidade da mala, que diminui dos 270 litros que encontramos no Coupé para somente 180 a 200 litros, dependendo da posição do equipamento.


O mecanismo cinemático caracteriza-se pela harmonia dos movimentos, e, graças à simplicidade da estrutura e à utilização de alumínio, o peso é bastante reduzido, sobretudo se comparado com aplicações semelhantes. O vidro traseiro integrado na capota é elétrico e admite regulação em altura. Logo, participa, ativamente, na otimização do conforto a bordo (acústico e térmico).




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