Audi Q5 SUV TDI quattro S tronic
- Pedro Junceiro
- há 21 horas
- 4 min de leitura
É um dos Sport Utility Vehicles (SUV) mais bem-sucedidos comercialmente (é-o a nível global) e apresenta-se renovado por completo e beneficiando de motorização eletrificada até na versão com motor 2.0 TDI (204 cv). Devido às imposições regulamentares, as mecânicas a gasóleo são cada vez menos atrativas, mas ainda não devem descartar-se de forma definitiva, sobretudo no mercado “premium”, por contarem com qualidades que têm adeptos.

A importância do Q5 é inquestionável. Trata-se do automóvel mais vendido pela Audi em todo o mundo, com quase três milhões de unidades entregues desde 20208, o ano do lançamento da primeira geração, a razão por detrás da prudência da marca alemã na abordagem ao plano de desenvolvimento desta terceira geração do modelo… O SUV novo tem por base a Premium Platform Combustion (PPC), arquitetura para carros equipados com motores de combustão –encontramo-lo, também, no A5.
Esteticamente, este Q5 com imagem robusta é Audi da “cabeça dos pés”, talvez por partilhar diversos elementos de estilo com o Q6 e-tron, SUV disponível só com motorizações elétricas. Na versão ensaiada, com o Pacote S line (1550 €), o carro tem imagem ainda mais desportiva, por contar com grelha “Singleframe” e entradas de ar laterais específicas. E, somando-se-lhe o Pacote Tech Pro (8730 €), ganha sistema de iluminação muito moderno que assegura maior grau de diferenciação, por contar com faróis LED Matrix e farolins OLED (têm oito assinaturas luminosas). O desenho desportivo também é sublinhado pelas jantes de 20’’ com cinco raios duplos Audi Sport (2965 €), que têm impacto direto nas emissões de CO2 e no preço a pagar. De série, rodas de 18’’.

Qualidade, sofisticação e tecnologia
Habituada a produzir automóveis com habitáculos que seduzem pela sensação de qualidade, a Audi empenhou-se na construção do Q5 novo, devendo elogiar-se o cuidado excecional nos acabamentos e a qualidade da generalidade dos materiais que encontramos em quase todas as superfícies. O Pacote Interior S line (3645 €) beneficia a apresentação, por torná-la (muito) mais atrativa/desportiva, com bancos dianteiros e diversos apontamentos com pele artificial preta, pedaleira em aço inoxidável, painel de bordo negro com pespontos na zona superior ou o volante em couro perfurado.
Soma-se toda a tecnologia que encontramos na geração nova de carros da Audi, sobretudo o “Palco Digital” que combina os ecrãs OLED com 11,9’’ para a instrumentação (virtual cockpit) e 14,5’’ para o sistema multimédia MMI arrumados sob painel curvo panorâmico. O programa torna-se intuitivo após período de adaptação e tem ícones que funcionam como atalhos para diversas funções posicionados à esquerda. Lamenta-se só que também a climatização tenha de comandar-se no monitor tátil central (durante a condução, esta operação é pouco prática). O sistema é compatível com Android Auto e Apple CarPlay (sem fios) e conta com assistente virtual apoiado por IA (ChatGPT), o que permite ativar algumas funções através de instruções por voz ou até conseguir respostas para algumas perguntas.

Outros equipamentos importantes são o Head-Up Display com informações personalizáveis e o ecrã de 10,9’’ para o passageiro dianteiro (integra o Pacote Tech Pro), que dispõe de modo de privacidade (previne distrações do condutor). A componente luminosa do interior também tem impacto positivo na perceção de qualidade e tem até a capacidade de alertar o condutor para situações de perigo (mudanças de faixa de rodagem, por exemplo). Em contrapartida, os comandos na porta do condutor são em número excessivo e não estão bem posicionados.
A habitabilidade, na comparação com a geração precedente do SUV da Audi, não melhorou… O Q5 transporta dois adultos nos bancos traseiros com conforto mais do que suficiente, mas existem concorrentes mais e melhores argumentos neste capítulo. O banco traseiro pode ser deslocado longitudinalmente (até 10 cm). O túnel central “intrusivo” desaconselha o recurso ao lugar central traseiro. E a mala, na configuração normal do comportamento, tem 520 litros, capacidade que não impressiona (no BMW X3, compartimento de carga com 570 litros).
Dinâmica competente, sistema híbrido eficiente
O 2.0 TDI com 204 cv e 400 Nm é apoiado por sistema híbrido MHEV plus, com motor elétrico alimentado por rede complementar de 48 V. Esta máquina “liberta” mais 24 cv e 230 Nm tem a particularidade de assistir a mecânica Diesel nas acelerações mais fortes e permitir operar o Q5 com o turbodiesel desligado e sem gases de escape (por exemplo, durante as manobras de marcha-atrás). A bateria LFP tem apenas 1,7 kWh de capacidade, o que limita a condução em modo 100% elétrico.
Ainda assim, como este sistema também pára o TDI sempre que o Q5 circula em velocidades constantes e sem carga a mais no acelerador, a tecnologia MHEV plus contribui, diretamente, para a moderação no consumo, como demonstra a média de 6,9 l/100 km registada durante o nosso teste.

A entrega da potência muda de acordo com o programa de condução. no efficiency, faz-se de forma muito suave; no dynamic, TDI muito mais vivo, contribuindo para condução desportiva, mesmo se a caixa S tronic de 7 velocidades privilegia a eficiência à rapidez na condução… E o modo individual permite-nos configurar parâmetros como a assistência da direção, a firmeza do amortecimento e a atuação de diversos assistentes de segurança.
O turbodiesel só não exibe resposta determinada no programa efficiency e permite aproveitar os 400 Nm numa faixa muito ampla de rotações (sentimo-lo em ação a partir das 1500 rpm!), o que representa mais-valia importante nas retomas de velocidade (existe sempre reserva de energia sob o pé do acelerador). Dinamicamente, Q5 preciso e seguro, qualidades que deve à suspensão pneumática, que permite variar a altura ao solo em até 60 mm (no modo dynamic, menos 15 mm do que no comfort ou no efficiency; no off-road, mais 30 mm: e há, ainda, mais 15 mm na função “lift”).
É este equipamento que permite ao Q5 propor um conforto irrepreensível (mesmo em versão com jantes de 20”) e um comportamento supereficaz, com rolamento reduzido da carroçaria em curva. A tração integral quattro ultra também contribui para a agilidade acima da média. A crítica que apontamos ao SUV da Audi é a atuação intrusiva do assistente de manutenção na faixa de rodagem, sobretudo nas curvas mais fechadas, por aplicar força contrária no volante sempre que deteta a linha divisória da estrada. Não é agradável.
O Q5 2.0 TDI quattro merece-nos muitos elogios pela polivalência, por propor experiência de condução tão confortável como dinâmica. A motorização eletrificada é muito eficiente, o que soma qualidade a automóvel com qualidades. O preço reflete o posicionamento “premium”: na unidade ensaiada, 26.735 € em opcionais, “barreira” dos 100.000 € derrubada!




























