Ferrari F40 LM em leilão!
- Pedro Junceiro
- há 2 dias
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Atualizado: há 13 horas
A canadiana RM Sotheby’s vai leiloar, nos EUA, uma unidade do Ferrari F40 LM, um dos superdesportivos mais exclusivos na história da Ferrari, já que foram fabricados apenas 19 exemplares do modelo com motor V8 e 760 cv. Estima-se que o carro possa atingir valores próximos dos 10 milhões de dólares durante o evento marcada para 16 de agosto, na edição deste ano da Semana do Automóvel de Monterey, cidade localizada na península com o mesmo nome a sul de São Franscisco, na Califórnia.

O Ferrari F40 LM tornou-se num dos “unicórnios” da marca italiana, sendo bastante procurado entre os colecionadores de automóveis desportivos e de luxo. Lançado em 1987, o F40 tornou-se rapidamente num automóvel de culto por trazer inspiração da Fórmula 1 para os carros de estrada, munindo-se, intensivamente, de materiais como fibra de carbono e kevlar em muitos componentes e nos painéis da carroçaria, enquanto o motor V8 biturbo debitava uma potência em torno dos 480 cv (diversos ensaios em bancos produziram resultados superiores…).
O F40 depressa começou a ganhar aura de modelo apto para a competição, com Daniel Marin, diretor da importadora francesa da Ferrari, Charles Pozzi SA, a ter um papel preponderante na concretização dos planos de competição do F40. Entusiasmado com o potencial do modelo, o francês instigou o desenvolvimento de uma versão de competição a Giuliano Michelotto e à sua empresa de consultoria com o mesmo nome, a Michelotto, fundamental para o sucesso de numerosos carros de corrida, incluindo o Lancia Stratos com especificações do Grupo 4 e várias versões do Ferrari 308. A Ferrari acabou por dar a benção oficial a este programa de construção e 19 carros foram finalmente preparados por Michelotto com a designação F40 LM, cuja sigla apontava à intenção óbvia de competir nas 24 Horas de Le Mans.

O F40 mais potente de todos
Como os regulamentos da IMSA e da FIA limitavam a redução de peso, as modificações mais significativas foram feitas no motor, que apresentava intercoolers Behr maiores, árvores de cames revistas, sistema de gestão de combustível modificado e aumento do turbo, resultando num aumento significativo de potência para 720 cv (um ganho líquido de 242 cv face à versão de série).
Este impressionante aumento de potência foi complementado por várias alterações no chassis, incluindo travões de disco Brembo maiores, jantes mais largas com pneus mais macios e altura ao solo reduzida. Por fim, a carroçaria foi sujeita a revisão aerodinâmica com “spoiler” dianteiro de grandes dimensões, capot dianteiro revisto com aberturas de refrigeração maiores, fundo plano com efeito “venturi” sob a carroçaria e enorme asa traseira ajustável. Já o interior recebeu banco de competição e painel de instrumentos de competição, além de aligeiramento geral de um habitáculo já bastante espartano.

Estas especificações foram adotadas para eventos IMSA nos EUA, mas uma segunda versão foi simultaneamente construída de acordo com as especificações GTC para as provas do FIA-GT na Europa. Esta versão apresentava-se ainda mais potente, com restritores de ar maiores que aumentavam a potência para impressionantes 760 cv, quase 300 cv mais do que a versão de série. É precisamente uma destas unidades, a 14.ª de 19 do F40 LM, que será proposta a leilão em Monterey, a 16 de agosto, sendo este o F40 mais potente, mesmo comparado com iterações posteriores, como o F40 GT ou F40 GTE.
Esta unidade foi concluída em dezembro de 1992 e entregue alguns meses depois ao colecionador suíço Walter Hagmann, que também possuía modelos como o 275 GTB/4 ou o F50, entre outros. Depois, passou por eventos motorizados, até ser vendido em 2002 a outro entusiasta suíço, mas o seu tempo com o F40 LM ainda não tinha terminado, já que o readquiriu e voltou a vendê-lo em 2007, desta feita a um colecionador que trabalhava nos serviços financeiros da Ferrari, em Munique, na Alemanha. Na sua posse participou em vários eventos europeus, tendo sido também pela sua mão que o F40 LM foi certificado pela divisão Ferrari Classiche, autenticando a veracidade de todos os componentes fundamentais, como o motor ou a caixa de velocidades.

A única alteração registada no automóvel na certificação de 2009 foi o facto de as jantes originais do automóvel terem sido substituídas por jantes de magnésio OZ maiores, mas ligeiramente mais estreitas, que permanecem no automóvel até hoje. Por volta desta altura, após a certificação, o LM terá sido devolvido à Michelotto para atualizações do motor.
Em 2014, o Ferrari foi novamente devolvido à Michelotto para uma renovação completa, e a operação original de construção e afinação do carro reviu o motor e a caixa de velocidades, efetuou pequenas reparações na carroçaria e retocou o exterior na cor original correta. Um ano mais tarde, o F40 LM foi comprado por um investidor em Las Vegas, que ficou com o carro durante cinco anos antes de o vender a um concessionário alemão, de quem passou mais tarde para um colecionador austríaco.
A título de curiosidade, o Ferrari foi submetido a uma grande revisão pela Rosso Corsa Inc., da Florida, em junho de 2025, consistindo na substituição do depósito e filtros de combustível, correias de distribuição, velas de ignição, bateria e pneus Michelin Pilot Sport GT Slick S7M, com um custo total de mais de 67.000 dólares.
Um valor elevado, mas nada que se equipare à soma esperada pela RM Sotheby’s para esta unidade, entre os 8,5 e os 9,5 milhões de dólares (entre os 7 e os 8 milhões de euros, à taxa de câmbio atual). Anteriormente, uma unidade do F40 LM havia sido vendida, em 2019, por 4,84 milhões de euros.