Ford Racing: regresso do GT?

O dia 15 de janeiro de 2026 antecipa-se histórico para a Ford e, sobretudo, para a divisão desportiva e de competição, rebatizada, recentemente, como Ford Racing. É a data escolhida para o lançamento da temporada desportiva de 2026 da marca da oval azul, uma ação já habitual, mas que, no próximo ano, terá, pela primeira vez, lugar na cidade-natal, Detroit (EUA), mais concretamente na majestosa, e reabilitada, estação ferroviária Michigan Central Station.

Como de costume, nesta ação, marcarão presença os muitos carros de corrida com que o construtor norte-americano participa em competições tão diversas como o campeonato NASCAR, o Rali Dakar, as bajas ou as corridas de resistência (IMSA, WEC, etc.). Também não faltarão os pilotos, funcionários da empresa, representantes dos concessionários, proprietários de equipas que correm com as máquinas de competição do fabricante baseado em Dearborn, subúrbio de Detroit, jornalistas, e, claro, inúmeros fãs da marca.

Mas, para além do local será realizado, o que torna, então, tão especial, em 2026, o evento que é já uma tradição no calendário de atividades da Ford? Desde logo, o assinalar do seu regresso à Fórmula 1, após 22 anos de ausência. E com pompa e circunstância: facto inédito na história, a Red Bull apresentará, em simultâneo, as duas equipas com que é representada na categoria máxima do automobilismo, que passam a contar com unidades de potência novas, da Red Bull Ford Powertrains.

Mas há mais! Como prova adicional de que a apresentação da época desportiva de 2026 será, mais do que um lançamento, uma declaração de intenções, a Ford Racing aproveitará a oportunidade para proporcionar, em estreia mundial, um primeiro vislumbre do seu novo automóvel de produção em série. Para já, nada mais se sabe sobre esta criação, mas Mark Rushbrook, responsável da Ford Racing, não é parco em palavras no domínio das ambições: “Será uma prova de como estamos a integrar, de forma profunda, a inovação das corridas nos carrros que se conduzem todos os dias. A pista é o nosso derradeiro terreno de testes, acelerando desenvolvimentos que, em breve, estarão sob o 'capot' e no chassis do próximo Ford. A nossa visão para a Ford Racing não é só um conceito; é uma realidade tangível, e estamos genuinamente ansiosos por partilhar a verdadeira dimensão da nossa ambição”.

Proclamações à parte, o que é bem possível é que este novo modelo marque o regresso do Ford GT ao catálogo da marca norte-americana, depois de uma primeira geração, fabricada em 2005 e 2006, e do fim da produção da segunda, em 2022. Isto não contando com todas as edições especiais, como as Mk II e Mk IV, nenhuma delas homologada para a via pública – a primeira limitada a 45 exemplares, a segunda criada para os 67 anos da primeira vitória da Ford nas 24 Horas de Le Mans, o que explica a sua produção limitada a 67 unidades.

Seja como for, o que as palavras de Mark Rushbrook sugerem é que o novo modelo desenvolvido pela Ford Racing será um automóvel de estrada inspirado na competição, e com uma potência a condizer. Se será o Ford GT da terceira geração, ou não, é algo que, quase certamente, será possível saber só a 15 de janeiro de 2026, até por existirem rumores de que a Ford está a testar uma versão ainda mais radical do Mustang GTD (a derivação de topo do seu "coupé", com motor 5.2-V8 sobrealimentado e 815 cv), para poder bater-se com o Chevrolet Corvette ZR1X (motorização híbrido com 1270 cv) na luta pelo recorde da volta mais rápida ao Nordschleife-Nürburgring – havendo até quem não esqueça que Jim Farley, administrador-delegada da Ford, insinuou, recentemente, o interesse na produção de um TT com uma motorização eletrificada e apta a disponibilizar mais de 1000 cv.

Em 2027, e depois do regresso ao Mundial de Fórmula 1 em 2026, a marca também passará a competir na categoria de topo (Hypercar) do Mundial de Resistência (WEC), campeonato que integra as 24 Horas de Le Mans, um programa na origem de quase tanta especulação como entusiasmo e que continua coberto por um manto de segredo.