Carros testados até aos limites
- Pedro Junceiro
- 20 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 23 de jun.
Criado com o intuito de reforçar o papel da Chéquia na indústria automóvel, o centro de desenvolvimento e inovação Aurel Polygon, a cerca de 60 minutos de Praga, capital do país, é “pesadelo” para os carros que aí são submetifos a testes de elevada dureza que avaliam tanto a robustez como a fiabilidade de muitos modelos. A Skoda, naturalmente, encontra-se entre as parceiras mais importantes.

Quando se pensa em indústria automóvel na Chéquia, a Skoda é o nome que mais rapidamente vem à memória, dada a notoriedade da marca no panorama atual. Mas, a cerca de uma hora de Praga, em Doksy, está outra infraestrutura que tem vindo a ganhar relevo para o florescimento do setor motorizado naquele país, o Aurel Polygon, centro de desenvolvimento e de inovação.
Dada a proximidade com a cidade natal da Skoda, Mladá Boleslav, distando cerca de 30 minutos, a marca checa é uma das principais “clientes” deste centro técnico composto por várias pistas de testes e locais de esforço específico que visam ajudar a desenvolver os automóveis nos seus mais variados aspetos – robustez de construção, fiabilidade eletrónica e segurança, além também do desempenho em condições mais exigentes.

Zdenek Svoboda, engenheiro que “comanda” o Aurel Polygon, explicou em visita guiada que a ideia por detrás deste centro técnico com área total de 120.000 m2 foi a de fortalecer a indústria automóvel checa, “para ajudar a cimentar o país como um dos destaques europeus no setor, porque além da Skoda, existem muitos criadores de componentes e de peças no país que também precisam de efetuar testes”.
Nesse sentido, se é frequente verem-se automóveis da Skoda a circular naquele centro algo escondido entre arvoredo denso, Svoboda confirma-nos que há muitos mais fabricantes automóveis que usam os mais de 52.000 m2 de superfícies de testes para desenvolver os seus modelos, algo que é feito com grande precisão para que os testes sejam feitos, se possível, numa única passagem.
Escaladas, chocalhos e brutalidade
Com várias certificações técnicas, o Aurel Polygon divide-se por várias áreas, cada uma com finalidades específicas, incluindo rampas com inclinações entre os 5% e os 65% para avaliar o desempenho das transmissões, travagem ou assistentes de condução, e áreas de empedrado extremamente agressivo para avaliar a robustez da suspensão e a montagem dos diversos componentes, num exercício que é feito a diferentes velocidades.
O centro oferece ainda um canal de água que pode ser preenchido a diferentes profundidades (até 55 cm) para avaliar a estanquidade do veículo e dos componentes elétricos. A água é ainda protagonista da zona de derrapagem, com aspersores a regarem continuamente o asfalto para simular efeitos de hidroplanagem e a atuação de assistentes de condução em casos de perda de aderência.
Porém, o verdadeiro “pesadelo” para qualquer automóvel está na zona de uso extremo, na qual os automóveis são conduzidos bem para lá de uma utilização razoável. Ou seja, qualquer tipo de utilização para a qual o veículo não foi concebido mas que pode ocorrer por qualquer motivo extraordinário.
Nesta área, falamos de saltos sobre montes de terra com aterragens mais violentas, embates frontais em lancis de passeios, buracos ou linhas de comboio. Esta secção de ensaios, apesar de submeter os automóveis a grandes dificuldades, têm como finalidade verificar aspetos como a atuação dos airbags (ou seja, garantir que não abrem por motivos errados), a robustez das suspensões ou de outros componentes técnicos diretamente impactados.

“É preciso que estes testes sejam feitos de forma muito precisa, por exemplo, ao nível da velocidade, para que os dados desejados sejam obtidos à primeira e para que não se tenha de repetir o teste – caso o carro se estrague e não se tenha feito o que era preciso, há que reparar o carro e isso leva tempo e custa dinheiro”, indica-nos Zdenek Svoboda.
Naturalmente, não falta um anel de velocidade, uma oval de 1,1 km com curvas inclinadas de 8% para testar a durabilidade dos motores, transmissões e refrigeração em velocidades mais altas continuamente.
Assim, quando pensar “naquele” buraco em que bateu com a roda do seu carro pela manhã, pense que alguns exemplares de testes já passaram por tormentos bem piores e que resistiram.
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