Nono título de Ralis para Ogier
- José Luís Abreu
- há 5 dias
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Atualizado: há 3 dias
Thierry Neuville vence o Rali da Arábia Saudita, Sébastien Ogier conquista o seu nono título Mundial de Ralis e Martins Sesks é o herói sem coroa da prova…

Sébastien Ogier (Toyota) sagrou-se nono campeão mundial de ralis no Rali da Arábia Saudita, igualando Sébastien Loeb, graças a uma subida fulgurante de sexto para terceiro na decisiva PEC Asfan. Aos 41 anos e em regime parcial – sem participar em três provas –, o francês somou mais vitórias de especiais que qualquer rival, superando Elfyn Evans (Toyota) por quatro pontos num duelo épico até ao último metro. “Que temporada, que luta com Elfyn. Só há grande campeão com grande opositor,” elogiou Ogier, celebrando o primeiro título do navegador Vincent Landais.
Thierry Neuville (Hyundai) surpreendeu com a vitória – única da época –, gerindo amortecedores danificados para 54,7s de avanço sobre Adrien Fourmaux, penalizado em 60s. Sami Pajari foi quarto, Takamoto Katsuta quinto apesar de capotamento. Martins Sesks (Ford), herói moral com cinco especiais ganhas e liderança até sábado, caiu para nono com furos duplos, retirando-se antes da Power Stage.
Thierry Neuville faz pazes com 2025
O Rali da Arábia Saudita, última prova da temporada de 2025 do Mundial de Ralis, culminou com uma vitória inesperada de Thierry Neuville (Hyundai i20 N Rally1), que soube gerir o ritmo e evitar as armadilhas do deserto para conquistar o seu único triunfo no ano de defesa do título. O belga, que só regressou à liderança na PEC15, manteve-se firme até ao fim, terminando com uma vantagem de 54,7 segundos sobre Adrien Fourmaux. “Incrível, incrível. Dizia ao Martijn ‘estou demasiado cuidadoso’ e ele respondia ‘não, não, fica assim’. Sentia que estava a perder tempo, mas a abordagem não foi má,” confessou Neuville, surpreendido com o sucesso de uma estratégia conservadora que lhe valeu a primeira – e única – vitória da temporada.

Fourmaux penalizado, ‘perde’ possível estreia vitoriosa
Adrien Fourmaux (Hyundai i20 N Rally1) viu o sonho da estreia em vitórias desvanecer-se por causa de uma penalização de 60 segundos por entrada antecipada na zona técnica de sexta-feira. O francês, que liderou nas PEC9 e 15, terminou a 57,6 segundos de Neuville depois de uma luta renhida. A equipa Hyundai está a investigar o incidente com os organizadores, mas Fourmaux deixou clara a frustração: “Estive no pó com carros de pneus furados à frente, tive de abrandar completamente durante 10 km. Temos de ver quanto perdemos porque não é justo, não é justo.” Os organizadores acabaram por ajustar o seu tempo na PEC16 de 16m23,3s para 15m48,0s, recolocando-o a menos de um minuto do líder, mas o dano estava feito.

Ogier mestre do mano a mano
Sébastien Ogier (Toyota GR Yaris Rally1) selou o nono título mundial, igualando Sébastien Loeb no topo da história, ao subir de sexto para terceiro no sábado, beneficiando da desgraça alheia. O francês, que chegou à Arábia Saudita a três pontos de Evans, apostou numa gestão de risco que lhe valeu fazer o suficiente para ter vantagem no final sobre o rival. Faz história do WRC, com o nono título e iguala outro ‘monstro’ dos ralis, Sébastien Loeb, o que talvez deixe em Ogier a vontade de tentar o décimo.
Sami Pajari (Toyota GR Yaris Rally1), que liderou nas PEC4 e 6, terminou em quarto, frustrado por não ter aproveitado ao máximo os troços longos da manhã de sexta-feira. Takamoto Katsuta (Toyota GR Yaris Rally1) chegou a passar pelo pódio três vezes, mas um capotamento na penúltima especial relegou-o para o quinto lugar final.

Evans entrega título e Rovanperä despede-se
Elfyn Evans (Toyota GR Yaris Rally1) chegou à derradeira prova como líder do campeonato, mas a abertura de estrada no primeiro dia, com pior piso, condenou-o a perder mais de um minuto e meio. Ogier, a seguir, cedeu apenas 44,2s, diferença que se revelou decisiva. O galês nunca se adaptou à areia macia e acabou em sexto, entregando o título, venceu a PowerStage, mas já não chegou porque lhe faltaram pontos que Ogier foi buscar quando era sexto na PEC15 e terceiro na PEC16. aos subir três posições duma assentada, ainda por cima para um lugar de pódio, Ógier meteu pé e meio no título…
Kalle Rovanperä (Toyota GR Yaris Rally1), no seu último rali antes de rumar à velocidade, viu as hipóteses matemáticas desvanecerem-se com um furo que o fez perder tempo e posições logo na fase inicial do rali. A frustração foi evidente: “What a fuking shit show,” disse o finlandês no último dia, a mostrar o seu desagrado para um rali com tanta incidência. Despede-se sem saudades do WRC, mas essas vai deixá-las aos adeptos porque o que fez nestes últimos anos foi bom demais. Sempre deixou claro que não pretendia andar anos e anos atrás de títulos e agora vai tentar a sua sorte nas pistas.

Munster e McErlean: evolução insuficiente
Grégoire Munster (Ford Puma Rally1) e Josh McErlean (Ford Puma Rally1) podem ter feito as suas últimas provas com um Rally1. O irlenadês talvez fique, mas o luxemburguês, no seu segundo ano, mostrou alguma melhoria mas não evoluiu o suficiente para justificar a permanência. McErlean, em ano de estreia, fez jogo igual com Munster, provando ter potencial, mas ambos ficam aquém do nível exibido por Martins Sesks, tal como ficou claro nesta prova.
Martins Sesks: o herói moral do deserto
Martins Sesks (Ford Puma Rally1) foi, sem dúvida, o herói moral da prova. O letão, ausente desde a Finlândia, mostrou rapidez e consistência que ofuscaram os colegas de equipa. Liderou nas PEC2, 3, 8 e 13, lutando sempre pela vitória, mas dois furos no sábado condenaram-no a décimo, com mais de sete minutos e meio de perda. “Mostrámos bem, mais uma vez, que merecemos um lugar entre os melhores dos Rally1,” resume a atuação de quem fez mais pela M-Sport e pela Ford do que Munster e McErlean em toda a temporada.

Ott Tänak: despedida sem brilho
Ott Tänak (Hyundai i20 N Rally1), na sua última aparição em tempo integral no WRC, passou pelo pódio mas ficou-se pelo quarto posto durante grande parte do rali. Depois do furo, caiu abruptamente na classificação, terminando no 11.º lugar, numa despedida que contrasta com o brilho do seu ano de campeão e muitos outros em que não o conseguiu mas brilhou. A prova serviu para encerrar um capítulo da história do WRC, com Ogier no topo e Sesks a reclamar o seu lugar na elite.
















