UE recua no fim do motor de combustão
- José Caetano
- há 1 dia
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Esta terça-feira, dia 16, e sob pressão intensa da indústria automóvel, a Comissão Europeia (CE) deverá recuar na decisão que assumiu, formalmente, a 28 de março de 2023, com o apoio do Parlamento Europeu (PE) e do Conselho da EU, de proibir o comércio de carros novos com motores de combustão interna a partir de 2035. A notícia publicada pelo Financial Times cita fonte muito próxima do órgão executivo liderado pela alemã Ursula von der Leyen.

Bruxelas, depois de divulgada a informação, não comentou a notícia, mas o Reino Unido reagiu à predisposição da CE para recuar nesta decisão integrada no pacote climático “Fit for 55” e manifestou-se firme na manutenção da proibição, também a partir de 2035. O plano da CE é permitir que os fabricantes continuam a produzir e vender carros com motor a gasolina e gasóleo, ainda que em números reduzidos e apenas se cumprirem uma mão cheia de critérios.
Segundo a fonte citada pelo diário britânico especializado nas áreas da economia e dos negócios, após 2035, carros com motores de combustão interna permitidos se os construtores emitirem só até 10% dos gases de escape registados em 2021, o que pode conseguir-se com recurso, por exemplo, a tecnologias híbridas Plug-In (PHEV). No entanto, seja qual for a decisão da CE, a proposta de alteração tornar-se-á lei apenas depois de aprovada pelos governos dos estados-membros da UE e o PE.

Independentemente do que for anunciada, a decisão representa marcha atrás nos planos da CE, que são muito contestados pela maioria dos construtores europeus de automóveis, sob o argumento da impossibilidade de cumprimento daquilo que foi determinado por Bruxelas no início da primavera de 2023, devido ao ritmo lento tanto da adoção dos carros elétricos, como da construção da infraestrutura para o recarregamento das baterias.
Ainda assim, nos primeiros 10 meses do ano, e de acordo com os números oficiais da Associação dos Fabricantes Europeus de Automóveis (ACEA), as matrículas de carros elétricos, comparativamente o mesmo período de 2024, aumentaram 26%, e corresponderam a uma quota de mercado de 16%. O aumento na procura deve-se ao lançamento de viaturas com preços mais acessíveis – chineses e europeias, maioritariamente.

Entre os 27 membros da UE, consenso difícil (impossível?!). Alemanha e Itália, por exemplo, são a favor da decisão. Friedrich Merz, o chanceler alemão, argumenta a favor da flexibilização: “Em 2035, 2040 ou 2050, existirão muitos milhões de carros com motores de combustão”. Em contrapartida, Espanha e França pretendem que a CE não recue na decisão – “o futuro da indústria automóvel é elétrico”, afirmam –, mas ambas exigem a introdução de regras que protejam a indústria europeia, que está pressionado pela concorrência chinesa e, também, pelos custos elevados da energia no continente.
Mas, e qual é a posição dos construtores? BMW, Renault, Stellantis e Volkswagen, entre outros, são adeptos de mudança mais lenta do paradigma, do motor térmico para o elétrico, mas são-no também pelo facto de que os automóveis alimentados apenas por baterias geram menos lucros do que os com mecânicas que queimam combustíveis fósseis.



